Categoria Policia  Noticia Atualizada em 22-07-2013

Escutas revelam envolvimento de policiais do Denarc com traficantes
Investigadores envolvidos exigiam at� R$ 300 mil por ano para n�o prender traficantes.
Escutas revelam envolvimento de policiais do Denarc com traficantes
Foto: g1.globo.com

Policiais que deveriam combater o tr�fico de drogas recebiam do crime organizado at� R$ 300 mil por ano, de propina. Essa � uma das conclus�es da investiga��o que, esta semana, provocou uma crise na Pol�cia Civil de S�o Paulo.

O Fant�stico teve acesso exclusivo �s escutas telef�nicas, que tamb�m mostraram: os acusados chegaram a sequestrar parentes dos bandidos pra conseguir mais dinheiro.

Era s� de fachada a a��o de um grupo de policiais do setor de narc�ticos de S�o Paulo. A conclus�o � dos promotores que combatem o crime organizado, em Campinas.

"S�o pessoas violentas e que deixaram de fazer aquilo que � esperado pela sociedade, que � o combate ao tr�fico de drogas", disse o promotor da Gaeco Jos� Cl�udioTadeu Baglio.

A den�ncia abalou a imagem de um dos setores mais importantes da Policia Civil, o Denarc, que tem a fun��o de reprimir o tr�fico no estado.

O Minist�rio P�blico apurou que havia um esquema de propina no Denarc. Os investigadores envolvidos exigiam at� R$ 300 mil por ano para n�o prender traficantes.

Treze policiais - entre eles, dois delegados - tiveram a pris�o decretada.

O Fant�stico teve acesso, com exclusividade, �s escutas telef�nicas da investiga��o, que mostram a rela��o dos acusados com traficantes ligados a um dos bandidos mais perigosos do pa�s: Wanderson de Lima, o Andinho.

De dentro da penitenci�ria de seguran�a m�xima de Presidente Venceslau, Andinho comanda o tr�fico na regi�o de Campinas.

Andinho: Eu falo de dia aqui, at� as seis, entendeu?

Codorna: Certo.

Andinho: At� as seis e meia, eu falo. A� depois, o irm�o vai l� fala das seis e meia at� as dez e meia, onze horas, vamos colocar. A� da onze horas e eu t� na linha de novo.

Andinho foi condenado pelo assassinato do prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, em 2001.

O bandido tamb�m participou de uma dezena de sequestros. O �ltimo foi o das irm�s Rosana e S�nia, em Americana, interior de S�o Paulo, em 2002.

O resgate foi dram�tico! As irm�s estavam amarradas no meio de um matagal. Por esse hist�rico de crimes, Andinho foi condenado a mais de 400 anos de pris�o.

O esc�ndalo, que veio � tona esta semana, come�ou quando o Grupo de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, estava investigando a quadrilha chefiada por Andinho.

"Em determinado momento descobriu-se que policiais do Denarc estavam vindo � Campinas , tomar dinheiro, extorquir esses traficantes que agiam sobre o comando de Andinho", destaca o promotor.

Nas escutas telef�nicas, um investigador do Denarc, segundo o Minist�rio P�blico, amea�a o traficante Agnaldo Aparecido Sim�o, o Codorna, apontado como gerente do bando de Andinho.

O policial quer o dinheiro logo.

Policial: Eu n�o tenho nada a ver com os outros. Voc� sabe a minha pegada, voc� sabe como � que �. Certo? S� que voc� t� desacreditando
Codorna: N�o � senhor, n�o �. � que n�o tenho um real mesmo, eu t� sem nada. Eu t� tentando vender tudo ali e n�o t� conseguindo.

Neste outro trecho, Andinho revela o quanto a quadrilha j� pagou aos policiais.

"Os caras falam que est�o fazendo neg�cio com homem e os cara t� dando bote no moleque toda hora, mano. S� do final do ano pra c� o moleque j� perdeu mais de 2 milh�o pros cara, mano", disse Andinho.

E diz que agora n�o vai mais dar dinheiro aos investigadores do Denarc.

"Eu vou falar pra voc�, cara, se quiser ficar dando dinheiro pra pol�cia, s� que meu dinheiro c� n�o vai ficar dando n�o, mano. O dinheiro que eu tinha eu dei. A� agora t� devendo ainda. Pro c� v�, perdi meu dinheiro e ainda t� devendo, cara" disse Andinho.

A Secretaria de Administra��o Penitenci�ria informou que, em maio, apreendeu um telefone na cela de Andinho. E segundo a secretaria, quem � pego nesta situa��o � punido.

Pra continuar recebendo, de acordo com a investiga��o, os policiais chegaram a sequestrar
parentes dos bandidos .

"Familiares, inclusive, menores de traficantes, dos filhos de traficantes", destaca o promotor.

O promotor conta: o valor da propina, nesta negocia��o, era de R$ 200 mil.

Foi o valor que os acusados teriam exigido para libertar a mulher, a filha do casal e duas primas do traficante Codorna .

Codorna: Estou com uns problema aqui, cara, precisava de umas moeda.
Magrelo: Voc� t� na m�o, t� com os cara, a�?

Codorna: N�o, n�o t� sozinho n�o.

Magrelo: J� era v�io, j� entendi tudo.

O traficante Aparecido da Silva, o Codorna, foi preso durante a investiga��o.

No relat�rio do Gaeco, os policiais do Denarc respondem a mais uma acusa��o tamb�m grave. Duas mulheres da quadrilha que, j� est�o presas, por tr�fico de drogas acusam tr�s investigadores de tortura.

"Colocaram uns anel de choque em mim. Colocaram at� o volume 5, mano, nossa! Precisa o que eles fizeram comigo, mano, acabaram comigo, acabaram comigo. E o baixinho me batento, mano, o chefe do bagulho. Sabe, da Denarc? O chefe da Denarc � muito ruim, amigo, me bateu demais, mano", relata a traficante Jana�na.

Os policiais denunciados pelas presas por tortura s�o: Daniel Bazzan, S�lvio Cesar Videira e Leonel Rodrigues Santos.

Segundo a secretaria de seguran�a p�blica de S�o Paulo, esses tr�s est�o foragidos. Junto com Danilo da Silva Nascimento.

Dos treze policiais que tiveram a pris�o decretada, sete ainda est�o no pres�dio da pol�cia

O delegado Clemente Castilhone, um dos homens importantes do Denarc, foi �nico que at� agora saiu da pris�o. O promotor afirma que ele teria vazado informa��es sigilosas da investiga��o. O advogado do delegado nega a acusa��o.

"A defesa entende desde o principio que essa pris�o era desnecess�ria. Da parte dele efetivamente, n�o se poderia cogitar qualquer tipo de vazamento de informa��o, ele prestou realmente todas as informa��es que lhe foram solicitadas", disse o advogado Jo�o Batista Augusto Junior.

Segundo o secret�rio de seguran�a p�blica, de janeiro at� junho 98 policiais civis j� foram demitidos por corrup��o e desvio de conduta. Por causa deste esc�ndalo no Denarc, o secret�rio promete mudan�as.

"Daqui pra frente n�s queremos que as dilig�ncias sejam previamente autorizadas, que haja uma ordem de servi;o pra se fazer um acompanhamento dos locais e das previd�ncias, que est�o sendo adotadas e agir com rigor no combate a corrup��o", disse o secret�rio de estado de seguran�a p�blica de SP, Fernando Grella Vieira.

"Exige uma reflex�o imediata de todas as autoridades, de toda sociedade. Imagino que n�o � poss�vel que isso permane�a", destaca o promotor.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir