Categoria Geral  Noticia Atualizada em 23-07-2013

Paes faz proposta para assumir núcleo do AfroReggae no Alemão
Coordenador do grupo disse que parceria com Prefeitura não dá segurança. Governador se mostrou indignado com a saída do AfroReggae da favela.
Paes faz proposta para assumir núcleo do AfroReggae no Alemão
Foto: g1.globo.com

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, se reuniu com o coordenador do Afroreggae, José Júnior, na sede da prefeitura, na Cidade Nova, na tarde desta terça-feira (23), e apresentou a proposta na qual o município assumiria o núcleo do grupo no Conjunto de Favelas do Alemão, dando um caráter mais oficial e estatal às atividades sociais desenvolvidas na comunidade.

"Não é admissível que haja uma comunidade onde se escolhe o que pode e o que não pode funcionar. A prefeitura passaria a assumir o equipamento do AfroReggae firmando uma parceria ainda maior. Seria uma mudança mais simbólica. O AfroReggae é o nosso principal parceiro em trabalhos sociais em favelas", disse Paes.

O prefeito disse ainda que as parcerias com o grupo funcionariam como ocorrem com as Clínicas da Família e com as Vilas Olímpicas, que são geridas por organizações sociais.

O coordenador do AfroReggae, José Júnior, disse que acredita que este caminho seja interessante. Mas destacou que a proposta não traz segurança para as pessoas que trabalham no núcleo do Alemão. "Muitos funcionários moram no Alemão. A proposta é interessante, mas não traz segurança para quem tem que ir e vir ao Alemão. Tenho receio que ex-traficantes sejam atingidos por estas ameaças que também andamos recebendo. Vou levar a proposta ao pessoal do núcleo, mas não acho que ela seja a solução", afirmou Júnior.

José Júnior ressaltou ainda que espera que as ameaças não atrapalhem os trabalhos desenvolvidos há 20 anos em outras comunidade, como Vigário Geral, Parada de Lucas e Cantagalo. "O Afroreggae completa 20 anos esse ano e seria muito ruim para um grupo que tem como sua marca a mediação de conflitos ter de trabalhar sobre proteção da polícia. As ameaças não são do tráfico, isso é uma coisa orquestrada".

Antes de se encontrar com Paes, José Júnior teve uma reunião com o governador Sérgio Cabral. Segundo ele, Cabral se mostrou indignado e inconformado com a saída do AfroReggae do Alemão. Júnior disse que o governador ofereceu segurança e ficou de apresentar uma proposta mais efetiva para que o grupo não saia da comunidade.

Os núcleos do grupo estão em recesso durante uma semana. Eles vão retornar os trabalhos na segunda-feira (29).

Entenda o caso

José Jr. anunciou o fim das atividades da ONG na comunidade no sábado (20), mas no domingo (21) Eduardo Paes visitou a comunidade e disse que a prefeitura vai assumir o centro comunitário. O prefeito também doou um terreno para que seja reconstruída a redação do jornal Voz da Comunidade, destuída num incêndio que atingiu também uma pousada do AfroReggae.

A ONG, que existe há mais de 20 anos, atuava para intermediar soluções entre o poder paralelo e a comunidade. A situação mudou, segundo seu porta-voz, quando o grupo denunciou o pastor Marcos Pereira, preso pela acusação de ter estuprado fiéis. A ONG passou a ser ameaçada.

Após as acusações do dia 16, o advogado do pastor Marcos Pereira, Marcelo Patrício, negou a acusação de envolvimento no ataque à pousada no Alemão. Ele afirmou que a declaração era uma forma de tentar sensibilizar o Judiciário, já que o pastor está em vias de ser libertado, após o processo de coação a que Marcos respondia ter sido anulado. Depois daquela data, o advogado foi procurado mas não mais se pronunciou.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir