Categoria Geral  Noticia Atualizada em 27-07-2013

RS: roupas das vítimas da Kiss agora vão aquecer outras pessoas
Familiares doaram agasalhos na manhã de sábado, dia em que se completam seis meses da tragédia em Santa Maria.
RS: roupas das vítimas da Kiss agora vão aquecer outras pessoas
Foto: noticias.uol.com.br

Jaqueline Malezan, mãe de Augusto, 18 anos, pediu licença ao filho para doar um dos melhores blusões do rapaz. Marta Beuren, mãe de Silvio Junior, 31 anos, levou à Praça Saldanha Marinho, no Centro de Santa Maria (RS), uma das blusas que ele mais gostava de usar. "Às vezes, ele até reservava um tempo para usar, para durar mais", revela Marta, que chegou a ficar um tempo parada, em frente ao armário, pensando se era isso mesmo que deveria fazer.

As duas mães de vítimas da tragédia da boate Kiss participaram, no final da manhã deste sábado, do ato de doação de roupas dos entes queridos que se foram em função do incêndio na casa noturna, em 27 de janeiro, que causou a morte de 242 pessoas. A iniciativa, da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, abriu os eventos que lembram os seis meses da tragédia em Santa Maria. "É muito difícil. Faz seis meses que eu não abraço, não vejo, não falo com meu filho", refletiu Marta Beuren.

"Enquanto estamos trabalhando por justiça e combatendo a impunidade, temos esta ação social de amor ao próximo. Hoje foi o início. Nossos filhos não podem mais usar essas roupas, elas ajudarão muitas famílias necessitadas", diz o presidente da AVTSM, Adherbal Ferreira. Elaine Marques Gonçalves se emocionou ao doar roupas dos dois filhos que ela perdeu na tragédia, Deivis, 33 anos, e Gustavo, 25. "Eu sei que é o que eles fariam", declarou.

Enquanto familiares doavam roupas, anônimos iam deixando alimentos não perecíveis, que também estão sendo arrecadados para ajudar familiares de vítimas que estejam passando necessidade. As roupas e a comida serão organizadas para serem entregues nos próximos dias. Um levantamento feito pela AVTSM, ainda não concluído, diz que são, pelo menos, 10 famílias de vítimas que estão precisando de donativos. A partir deste sábado, a tenda da vigília dos familiares, instalada na Praça Saldanha Marinho, é um ponto permanente de recolhimento de doações.

Depois do ritual de arrecadação, cerca de 60 pessoas, entre familiares e amigos de vítimas e voluntários, vestiram túnicas pretas. Elas estavam numeradas de 1 a 242, para representar as pessoas que morreram na tragédia. O preto é um simbolismo para protestar contra os últimos acontecimentos, que livraram qualquer integrante da prefeitura a responder pelo incêndio na Kiss, a partir do inquérito civil concluído pelo Ministério Público. O grupo fez uma caminhada pelo Calçadão de Santa Maria, recebendo o apoio e o aplauso das pessoas que estavam nas lojas.

A doméstica Claudete Freitas, 44 anos, foi até a Praça Saldanha Marinho com a filha mais nova, Maria Eduarda, 11. Depois de ser voluntária e participar da caminhada usando a túnica preta, ela ganhou um casaco, que irá para outra filha, Andriele, 13 anos. "Vim até a praça para dar uma força para os familiares das vítimas. E o casaco vem em boa hora, estávamos precisando", afirma Claudete.

No final da tarde, a partir das 18h, familiares e amigos de vítimas voltarão à Praça Saldanha Marinho, no Centro. De lá, às 18h45, amigos e familiares farão uma caminhada de aproximadamente 100 metros até a frente da Catedral Metropolitana, na Avenida Rio Branco. Os sinos da igreja vão badalar neste momento, o que será uma senha para que os manifestantes batam palmas, no já tradicional "minuto de barulho". Todos são convidados a participar, seja no local ou de forma individual. Na caminhada, os participantes usarão as túnicas pretas novamente.

Depois da caminhada e do "minuto de barulho", haverá uma celebração ecumênica na Catedral, em memória às vítimas.

Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir