Categoria Geral  Noticia Atualizada em 29-07-2013

Massacre do Carandiru: PMs que vão a júri popular dispararam mais de 300 tiros
Promotoria vê provas “robustas” e “maiores” contra os 26 agentes neste 2º júri popular.
Massacre do Carandiru: PMs que vão a júri popular dispararam mais de 300 tiros
Foto: noticias.portalbraganca.com.br

Os promotores Fernando Pereira da Silva e Eduardo Olavo Canto destacaram em entrevista coletiva na última sexta-feira (26) que as provas para o segundo julgamento dos policiais acusados pelo massacre do Carandiru, na Casa de Detenção em outubro de 1992, são ainda mais robustas do que as apresentadas no primeiro júri popular, realizado em abril deste ano e que condenou 23 policiais militares.

Segundo Eduardo Olavo Canto, as alegações da acusação não mudaram de um tribunal para o outro, mas a quantidade de provas neste julgamento, o segundo dos quatro listados para tratar dos 102 detentos mortos pela Polícia Militar (outros nove foram mortos por outros presos, em um total de 111 mortos), é muito maior.

— Foram mais de 300 disparos, já contando os disparos que atingiram as vítimas, e os que atingiram as paredes. O que pretendemos e vamos provar aos jurados é que houve um excesso criminoso, considerando os números. Vocês podem ver: 70% das mortes do massacre aconteceram nesse terceiro pavimento [2º andar]. As provas são contundentes.

O promotor Fernando Pereira da Silva completa:

—Os maus policiais não podem se achar Deus ou acima de qualquer autoridade, e definir que aquela pena de prisão seja transformada em uma pena de morte. Nem definir que aquele cidadão, lá no bairro pobre, que é viciado em drogas, que está às vezes praticando um furto para sustentar o seu vício, não merece viver e tirar a vida daquele cidadão. É contra isso que a gente tem que brigar.

Os 26 policiais militares que serão julgados a partir desta segunda-feira respondem por homicídio doloso (com intenção de matar) qualificado (motivo torpe, meio cruel, dificultação de defesa e acobertamento de outro crime). A promotoria vai pedir a pena máxima para cada um dos réus: 30 anos de prisão.

Defesa

Já a defesa não fala em novidades, mas espera outro resultado. A advogada Ieda Ribeiro de Souza não deve apresentar novidades em relação à estratégia utilizada no primeiro julgamento dos agentes envolvidos no massacre do Carandiru. Em entrevista ao R7, a defensora admite manter a mesma tese para obter a absolvição de todos os réus.

— A expectativa é de que se faça justiça, absolvendo todos os policiais. Não vejo nada a ser mudado na defesa, basicamente faremos a mesma que fizemos no primeiro julgamento. Não vi nenhum erro da defesa, depende muito mais dos jurados.

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Ieda voltou a afirmar, como fizera anteriormente, que "não há nenhuma prova" contra os PMs. Ela também diz não acreditar que o resultado do primeiro júri terá influência sobre os jurados nesta semana.

— Serão jurados novos. Eles terão contato com esse processo pela primeira vez, não vejo qualquer influência do resultado anterior neste próximo júri.

A mudança de juiz – saiu José Augusto Nardy Marzagão, entrou Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo – é outra questão que, segundo a advogada, não deve influenciar na conduta da defesa.

— Pra mim, isso é irrelevante. A expectativa é a melhor possível.

Relembre o caso

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no Pavilhão 9. Com a confusão, a Tropa de Choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses 84 foram acusados de homicídio.

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Em abril de 2013, 26 policiais militares foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no segundo pavimento do pavilhão nove no massacre do Carandiru. Após sete dias de julgamento, a grande maioria dos policiais militares foi condenada por homicídio qualificado — com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Naquela ocasião, seis homens e uma mulher formaram o conselho de sentença.

Dos 26 policiais, 23 foram condenados a 156 anos de prisão, inicialmente, no regime fechado. Os réus receberam a pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes dos 13 detentos. Os condenados poderão recorrer em liberdade. Outros três PMs foram absolvidos pelo júri, que acatou o pedido feito pela acusação.

Antes deles, Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir