Categoria Geral  Noticia Atualizada em 30-07-2013

Julgamento do Carandiru prossegue hoje com testemunhas de defesa
A segunda etapa do julgamento do Massacre do Carandiru prossegue hoje (30), �s 10h, com os depoimentos das testemunhas de defesa.
Julgamento do Carandiru prossegue hoje com testemunhas de defesa
Foto: www.jcnet.com.br

Os nomes das testemunhas n�o foram ainda confirmados, mas a expectativa � que sejam ouvidas quatro testemunhas presencialmente e duas ter�o seus depoimentos, que foram prestados na primeira etapa do julgamento, exibidos por meio de v�deos.

Ontem (29), no primeiro dia desta segunda etapa do julgamento, os trabalhos do j�ri duraram cerca de 13 horas. Foram ouvidas as testemunhas de acusa��o. A primeira a ser ouvida foi o perito criminal Osvaldo Negrini Neto. Em seu depoimento, o perito descartou a hip�tese de que haja ocorrido confronto entre policiais e detentos no massacre.

"Se houvesse confronto, haveria vest�gios nas paredes opostas [�s paredes das celas]. No terceiro pavimento, [havia] s� [marcas de] dois disparos no corredor, pr�ximos � porta da cela, [indicando] que foram dados de frente para a cela", disse o perito aos promotores Fernando Pereira Filho e Eduardo Olavo Canto. Segundo ele, os disparos foram feitos da soleira da porta para dentro da cela, indicando que os disparos foram feitos pelos policiais e n�o pelos detentos.

Negrini Neto j� foi ouvido em abril, na primeira etapa do julgamento sobre o Massacre do Carandiru, quando 23 policiais militares foram condenados pela morte de 13 detentos, ocorrida no segundo pavimento (ou o primeiro andar do pavilh�o). Nesta segunda etapa do julgamento do massacre, 26 policiais militares s�o acusados pela morte de 73 detentos no terceiro pavimento (que corresponde ao segundo andar) do Pavilh�o 9 do antigo pres�dio.

Ap�s o depoimento de Negrini Neto, os promotores do caso apresentaram tr�s v�deos com depoimentos de testemunhas ouvidas no primeiro bloco do julgamento, em abril . O primeiro v�deo exibido foi o do ex-detento Ant�nio Carlos Dias. Em seu depoimento, Ant�nio relatou as circunst�ncias em que os policiais militares invadiram o pres�dio e como abordaram os presos. "Se olhasse na cara do policial, eles atiravam. Eu presenciei isso. N�o lembro do rosto de nenhum porque sai da cela olhando para o ch�o", declarou.

Dias disse ainda que alguns presos foram mortos mesmo ap�s o retorno �s celas. "Quando retornamos [depois de recolhidos no p�tio] havia muitos policiais nos andares. Os presos foram recrutados para carregar os corpos. Vi uma dessas pessoas ser morta".

O segundo v�deo exibido foi o do tamb�m ex-detento Marco Antonio de Moura. O �ltimo v�deo a ser exibido foi de Moacir dos Santos, que era diretor da Divis�o de Seguran�a e Disciplina da Casa de Deten��o do Carandiru e substituto imediato do ent�o diretor do pres�dio, Jos� Ismael Pedrosa.

Moacir dos Santos disse que os policiais entraram no pres�dio, naquela ocasi�o, j� atirando. "A Tropa de Choque entrou invadindo, n�o respeitando nem o Ubiratan [coronel Ubiratan Guimar�es, comandante da Pol�cia Militar na �poca em que ocorreu o Massacre do Carandiru]", lembrou Santos. "Ele [Ubiratan] n�o deu ordem para isso, mas depois viu que n�o tinha mais jeito". Segundo Santos, o coronel Ubiratan n�o chegou nem a ficar dois minutos no Carandiru, pois foi atingido por um aparelho de TV que foi arremessado do pavilh�o e teve que ser socorrido.

Santos disse que estava trabalhando nesse dia quando recebeu a not�cia de que dois detentos do Pavilh�o 9 tinham se ferido ap�s uma briga. "Soube que houve tumulto por causa dessa briga e me dirigi para o Pavilh�o 9", contou. Quando chegou l�, viu que, no terceiro andar, alguns presos estavam encapuzados. "N�o fizeram nada contra os funcion�rios, queriam que a gente sa�sse dali para que eles pudessem fazer o acerto de conta deles".

Ele contou que os funcion�rios foram retirados do pavilh�o e que a grade de acesso dos presos foi trancada, impedindo que os detentos que estavam no t�rreo subissem. Uma comiss�o de autoridades foi montada para discutir a rebeli�o, tendo a presen�a de dois ju�zes, disse Santos. A inten��o era tentar negociar o fim da rebeli�o. No entanto, segundo ele, n�o houve tempo para a negocia��o. "A Rota entrou primeiro e j� chegou metralhando e n�o nos deixou socorrer os presos metralhados".

Depois que a a��o policial no local terminou, o diretor disse ter entrado no pavilh�o e visto "uma escada onde escorria sangue e �gua, parecendo uma cascata". Ele tamb�m contou ter visto amontoados de corpos no segundo andar.

O diretor disse n�o acreditar que os presos estivessem armados nesse dia, apesar de, no final da opera��o, os policiais terem lhe mostrado algumas armas de fogo que disseram, naquele dia, estar no poder dos presos. "Acho improv�vel que aquilo fosse dos presos. Se eles tivessem [armas de fogo], eles as teriam usados". Al�m disso, disse o diretor, as "armas eram bem velhas, muito antigas" e dificilmente poderiam ser usadas. O diretor tamb�m lembrou que n�o presenciou, na ocasi�o, qualquer policial que tenha ficado ferido durante a a��o.

Por envolver um grande n�mero de r�us e de v�timas, o julgamento do Massacre do Carandiru foi desmembrado em quatro etapas, de acordo com o que aconteceu em cada um dos quatro andares do Pavilh�o 9 da Casa de Deten��o.

Fonte: www.jb.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir