Categoria Policia  Noticia Atualizada em 05-08-2013

Câmeras flagram agressões de babá a criança de 1 ano e meio, no Recife
As imagens mostram cenas cotidianas de covardia. Pais só descobriram porque foram analisar necessidade de hora extra.
Câmeras flagram agressões de babá a criança de 1 ano e meio, no Recife
Foto: g1.globo.com

O NETV 1ª Edição desta segunda-feira (5) revelou uma história de covardia. A reportagem teve acesso a vídeos que mostram que uma babá, contratada para cuidar de uma menina de um ano e seis meses, maltratava e agredia a criança todos os dias, quando os pais não estavam por perto. A família denunciou o caso à polícia e a babá vai responder ao inquérito em liberdade.

A rotina de violência só foi descoberta porque a família gravou as agressões usando câmeras de segurança escondidas. No dia 9 de julho, às 7h22, o "bom dia" da menina é um beliscão. Às 10h12, ela recebe um puxão de orelha. Às 11h01, as agressões continuam, sem motivo, do nada. Às 14h53, a vítima leva um beliscão, um puxão de cabelo e é empurrada no berço. Um minuto depois, a babá volta e dá mais um cascudo.

O pai da criança é um empresário, que não será identificado para proteger a imagem da criança. Ele notou comportamentos diferentes na filha de um ano e meio. "Ela estava bem mais agressiva, mordendo as pessoas. Se chegasse uma pessoa de fora que não tivesse contato com ela, ela tentava beliscar ou morder", conta.

No dia seguinte às primeiras imagens, 10 de julho, às 7h29, a menina joga o bichinho de pelúcia no chão para avisar que acordou e se deita, com medo. Ela sabe o que está por vir.

O apartamento tem circuito interno. A babá estava com a família há oito meses, mas a descoberta só veio quando os pais precisaram conferir algumas gravações para pagar as horas extras que ela vinha pedindo.

"Eu tive que me controlar muito porque dói muito, é muito triste porque é um ato de covardia, uma criança indefesa que nunca fez nada de mau para ninguém. Nós mostramos a ela as imagens do primeiro dia, do 9 de julho. Ela disse que não estava fazendo nada de mais, apenas repreendendo a criança que tava jogando algumas coisas no chão, para deixar o quarto mais organizado. Graças a Deus, para demitir por justa causa, bastou ver essas imagens", afirma.

No dia 13 de julho, às 7h24, a rotina de violência começa, sempre no mesmo horário. A babá puxa o cabelo da menina, que fica chorando. Em seguida, no momento de trocar de roupa, a atividade passa longe de qualquer gentileza. A criança é levantada pelo braço esquerdo, bruscamente.

A psicóloga Letícia Rezende explica que a escolha da babá requer muitos cuidados, é uma escolha de confiança. "Essa confiança precisa ser construída pela família. Porque, às vezes, a gente entrega a criança à babá e não diz a ela como gosta que trate a criança, não mostra a ela, não exemplifica como a família trata a criança, então é importante que os pais passem um tempo observando e fazendo junto com a babá", ensina.

No dia 13 de julho, às 15h01, mais grosseria, na hora de comer. O pai não se conforma. "A gente se sente muito impotente. Porque a vontade que a gente tem na hora é de devolver tudo o que ela fez com nossa criança. Mas pela nossa formação, pelo nosso equilíbrio de família, a gente buscou os caminhos legais, denunciamos à GPCA [Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente]".

O crime de maus tratos é um dos mais comuns cometidos contra crianças. De acordo com os registros da polícia, foram 324 casos na Região Metropolitana do Recife, em 2012, e 199 só no primeiro semestre deste ano. Como as pessoas nem sempre denunciam, geralmente é um crime difícil de descobrir e de provar.

Para o chefe do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente, Zanelli Alencar, a dificuldade da vítima contar o que acontece, pela pouca idade, deixa tudo mais complicado.

"A pena é muito leve, de dois meses a um ano. Normalmente a pessoa responde em liberdade.

E a população tem o sentimento de impunidade, porque eu considero, pelas imagens que eu vi, um crime extremamente grave, mas é a nossa legislação, enquanto ela não mudar, é assim que vai ser feito", afirma.

Para esta família, a dor deixou lições. "Temos que ter mais cuidado, observar mais. Eu sei que a vida é corrida, mas são os tesouros de nossas vidas, e isso vai influenciar no crescimento delas, na forma de agir com as pessoas, na felicidade dessas crianças".

A terapia também pode ajudar. "O que me passa é que aquela criança começa a entender que aqueles atos são naturais, o ato de bater é natural, o ato de ser xingado é natural, então isso não pode acontecer. Ela tem que saber que estava errado daquele jeito, e que ela possa interiormente ir transformando esse sentimento, ir transformando isso, e aí o espaço da psicoterapia é crucial e ajuda muito", garante a psicóloga Letícia.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir