Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 09-08-2013

O pai, a lei e a transmissão
"O que o pai calou aparece na boca do filho, e muitas vezes descobri que o filho era o segredo revelado do pai", Friedrich Nietzsche.
O pai, a lei e a transmissão

Símbolo de força e lei, o pai é aquele que representa a referência e, por mais que possa parecer estranha, a independência. A figura paterna entra no ambiente que antes era só da mãe e do bebê. Ao pai cabe permitir que o filho tenha sua vida própria, independente da mãe.

Próximo ao Dia dos Pais, comemorado no segundo domingo de agosto, cabe uma reflexão sobre a figura tão importante para o desenvolvimento emocional e tão presente, mesmo no campo simbólico, que faça o corte do laço afetivo e interventor, mediando o desejo da relação mãe e filho.

No grupo Reflexões da Psicanálise, encontramos a questão abordada quando "Freud (1923 e 1917) e Lacan (1958) vão discutir a função do pai na estruturação psíquica, sendo que o segundo autor salienta que o pai é uma metáfora, é um significante que vem no lugar de outro significante. É esse o seu papel de interventor no Complexo de Édipo".

Mas o que é um pai em psicanálise? De acordo com pesquisa realizada pelo Centro Psicanalítico do Rio de Janeiro, a formulação da questão acerca do que a figura do pai pode designar envolve, desde o início de seu percurso clínico e teórico, uma referência puramente genética. Em outras palavras se afasta da ideia de que a reprodução basta para permitir a paternidade.

Por isso a necessidade de pensar algo, além do biológico, que venha da origem do funcionamento psíquico. Sendo assim, Freud ultrapassou o biológico e fundou uma lógica do sujeito, dando um salto em direção à exploração da cultura, rompendo assim a lacuna entre natureza e cultura até então dominante no início do século XX.

Ao transpor o aspecto da procriação, Freud acrescentou algo ao enigma do que constitui um pai e uma mãe concretamente, colocando em pauta o valor irredutível de uma transmissão simbólica, diferente das necessidades fisiológicas que organizam a família biológica.

Ao fim de seus estudos, o Pai se torna presente explicitamente, como escrita e como sintoma. Trata-se do ponto culminante de suas reflexões (bem como o ponto de partida da teoria de Lacan sobre o Pai) quando deixa claro que o vínculo transferencial com o Pai e a Lei é a dívida simbólica capaz de tornar possível a transmissão e perpetuar o ciclo da vida.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir