Categoria Policia  Noticia Atualizada em 14-08-2013

Motoboy confessa em carta que matou cunhada, diz nova defesa
"Declaro que realmente matei Bianca Consoli", escreve Sandro Dota. Advogados dizem que r�u confessar� crime em novo j�ri, em SP.
Motoboy confessa em carta que matou cunhada, diz nova defesa
Foto: g1.globo.com

O motoboy Sandro Dota, acusado de estuprar e matar a cunhada Bianca Consoli em 2011, escreveu uma carta de confiss�o na qual assume o assassinato da estudante, mas nega que a tenha violentado sexualmente. A afirma��o � da nova defesa do r�u, que mostrou ao G1 tr�s folhas assinadas por ele de dentro da pris�o. No documento, o preso tamb�m se compromete a confessar que matou a estudante no seu julgamento, remarcado para 16 de setembro em S�o Paulo.
Para o advogado Cristiano Medina da Rocha, que representa a fam�lia de Bianca, a carta � apenas parte da estrat�gia da nova defesa e n�o mostra o que ocorreu no dia do crime.

Os pap�is, datados de 2 de agosto, informam que o texto foi escrito de pr�prio punho por Dota de dentro da Penitenci�ria 2 de Trememb�, interior do estado de S�o Paulo. Nesse mesmo dia, o acusado tamb�m constituiu o advogado Aryldo de Oliveira e sua equipe para defend�-lo. Em julho, o j�ri do r�u que est� detido preventivamente, foi anulado depois de tr�s dias ap�s Dota destituir seu ent�o defensor Ricardo Martins. No julgamento, o motoboy chegou a alegar inoc�ncia quando foi interrogado.

"Declaro que realmente matei Bianca Consoli, na �poca minha conhada [SIC], em uma briga em sua resid�ncia, e assim confesso que matei referida Bianca Ribeiro Consoli e maiores detalhes irei contar no dia 18 de setembro [a data foi antecipada pela Justi�a para o dia 16]. Por�m em rela��o ao estuplo [SIC] da referida Bianca, eu n�o confesso, porque sou inocente e de forma alguma eu estuplei [SIC] a Bianca, jamais faria isso", informa a carta que, segundo os novos advogados, foi escrita de livre e espont�nea vontade pelo motoboy.
Para defender seu cliente, Aryldo de Paula ir� atuar no pr�ximo julgamento ao lado dos advogados Mauro Ot�vio Nacif, M�rcio Gomes Modesto, Felipe Eduardo Miguel Silva, Eleonora Rangel Nacif e Ana Paula Cortez.

"Ele disse que a consci�ncia dele pesou e est� arrependido por tudo o que fez e resolveu confessar", comentou Paula, que pretende anexar a carta original no processo que Dota responde por homic�dio triplamente qualificado (por motivo f�til, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da v�tima) e estupro contra Bianca. "A import�ncia dela � a garantia de que ele ir� confessar no j�ri, porque o receio da defesa � que ele seja influenciado a n�o confessar o crime. J� que ele nos confessou, a orienta��o � que ele confesse tamb�m em ju�zo."

Na carta de confiss�o do assassinato da cunhada, atribu�da ao motoboy, est� escrito: "Quero dizer que eu n�o fui � casa para mata-l�, por�m devido as sircunst�ncias [SIC], brigas e discuss�o eu tirei a vida dela mesmo sem eu querer".

Questionado sobre o que Dota quis dizer com �eu tirei a vida dela mesmo sem eu querer�, Paula explicou que, segundo o cliente, a estudante tinha agredido o enteado do motoboy em 2011 e ele foi tirar satisfa��es com Bianca. Ap�s discutirem, a matou sem que tivesse planejado isso. O garoto citado � filho de Daiana Ribeiro Consoli, com quem o r�u estava casado em setembro de 2011. A mulher era irm� da v�tima, encontrada morta dentro da casa dos pais no dia 13 daquele mesmo m�s.

"Ele disse que cobrou uma provid�ncia de sua mulher e perguntou se ela n�o iria tomar postura. A esposa teria dito que qualquer dia veria isso. Os dias se passaram e ele contou que foi conversar com Bianca, que o chamou de vagabundo e usu�rio de drogas por dois dias seguidos. Ele, ent�o, falou que foi tirar satisfa��o na casa dela. Ela abriu o port�o, ele entrou e discutiram. Teve bate-boca e ela deu um tapa no rosto, ele a agrediu e deu uma gravata nela, que desfaleceu. Ele, com medo do que ocorreu, inseriu uma sacola pl�stica na garganta dela. Ele disse que isso foi sem querer e que n�o foi para l� para mat�-la", narrou Aryldo de Paula sobre o que afirmou ter ouvido de Dota na pris�o.

R�u nega estupro
A estrat�gia da defesa � que com a confiss�o do homic�dio, Dota possa se defender com mais tranquilidade da acusa��o de estupro. Na carta, h� um trecho no qual o motoboy nega o abuso. "Quero dizer tamb�m que esta acusa��o de estuplo [SIC] � absurda, eu n�o tinha nenhum interesse de estuplo [SIC] e tamb�m n�o havia naqueles momentos nenhum clima ou situa��o para o estuplo", informa o documento.

Sobre o fato de ter demorado quase dois anos para confessar, o motoboy alegou que "demorei a confessar a quest�o da morte, quero explicar que demorei por motivos particulares e por motivos da minha mente e de minha alma. Sou crist�o e estou arrependido daquilo que fiz, pois n�o confesso a quest�o de sexo".

De acordo com sua defesa, Dota n�o tinha qualquer tipo de atra��o por Bianca porque ela sempre o ofendia. "Ele ficava at� com certa raiva dela. Mas a inten��o dele n�o era matar e estuprar", comentou Paula, que refuta ainda a acusa��o do Minist�rio P�blico de que a v�tima tenha sido estuprada. "Segundo o meu cliente ouviu de um policial civil, ele nunca viu uma v�tima de estupro estar vestida. O laudo [do Instituto M�dico Legal] disse que h� uma les�o no �nus que pode ter ocorrido at� 12 horas antes do crime. Segundo esse documento, o namorado de Bianca manteve rela��o com ela antes. Ou seja, o laudo deu negativo para estupro."

Numa eventual condena��o do r�u, a confiss�o serve como atenuante da pena a ser aplicada. "Confiss�o espont�nea � caso de atenua��o em at� um ter�o", disse o advogado.

Defesa da fam�lia critica carta
O advogado Cristiano Medina da Rocha, que representa a fam�lia de Bianca, disse estar "evidente que n�o houve confiss�o alguma". Segundo Rocha, a admiss�o de culpa dentro do processo s� estaria formalizada se Dota confirmasse ter cometido os crimes pelos quais � acusado: homic�dio triplamente qualificado e estupro. "(Somente) se tivesse admitido espontaneamente a acusa��o poderia se beneficiar da atenuante", diz Rocha.
O advogado da fam�lia de Bianca afirma que a carta foi redigida porque a defesa de Dota n�o conseguiria tir�-lo da cena do crime. Rocha diz que Dota tenta mostrar que n�o houve premedita��o do crime, mas isso est� configurado no processo. Al�m disso, o advogado diz que os novos defensores de Sandro buscam configurar a figura do "homic�dio privilegiado", motivado por uma suposta discuss�o e agress�o anterior, sem premedita��o, pelo qual ele poderia ser condenado a quatro anos em regime semi aberto. "Com certeza instru�ram o Sandro neste sentido", disse Rocha.
"� uma aberra��o jur�dica", disse, sobre a tentativa de afirmar que Bianca foi morta "sem querer" ap�s Sandro enfiar uma sacola pl�stica em sua garganta. "Ela foi estuprada e na sequ�ncia ela foi morta", disse. "Ficou mais do que provado que ele tentou ludibriar a Justi�a", afirmou Rocha. "Se fosse inocente, teria falado e sustentado sua vers�o desde o come�o", avalia.
J�ri remarcado
A Justi�a marcou para 16 de setembro o novo j�ri do motoboy ap�s cancelar o julgamento anterior no dia 25 de julho, quando o r�u pediu a destitui��o da sua defesa. O pedido foi aceito pela ju�za Fernanda Afonso de Almeida, que presidia o j�ri iniciado no dia 23 do m�s passado, no F�rum da Barra Funda, na Zona Oeste de S�o Paulo.

Segundo o Tribunal de Justi�a de S�o Paulo, os depoimentos j� colhidos ao longo dos dois primeiros dias de julgamento n�o precisar�o ser refeitos. Apesar disso, novos sete jurados ter�o de ser escolhido. O conselho de senten�a poder� ouvir o �udio do que j� foi gravado e, assim, evitar que todas as testemunhas sejam convocadas novamente.

O pedido de Dota de destitui��o de seus advogados oi feito logo no in�cio de seu interrogat�rio. Ricardo Martins se levantou e se mostrou surpreso com a atitude do cliente. "O que voc� est� fazendo?", perguntou. Segundo o ent�o defensor, Dota "perdeu um advogado combativo que conhecia o processo a fundo".

Questionado pela magistrada, Dota n�o explicou o motivo de s� tomar essa decis�o no terceiro dia do julgamento. Afirmou que n�o se tratava de uma estrat�gia e que o pr�ximo j�ri n�o iria demorar.

Caso Dota destitua desta vez seus novos advogados, um defensor p�blico garantir� sua defesa por decis�o da ju�za. Isso impossibilita o cancelamento de mais um j�ri pela dispensa da defesa.

O crime
Bianca Consoli tinha 19 anos quando sua m�e, Marta Maria Ribeiro Consoli, a encontrou morta dentro de casa, na Zona Leste da capital paulista. A estudante estava com um saco na boca e tinha sinais de agress�o pelo corpo. De acordo com a per�cia, ela tentou se defender com as m�os, mas foi imobilizada, abusada sexualmente e asfixiada no dia 13 de setembro de 2011.

Dota, atualmente com 42 anos, est� preso preventivamente desde 12 de dezembro de 2011 � espera do julgamento. Para o Minist�rio P�blico, o motoboy decidiu assassinar Bianca porque ela n�o quis fazer sexo com ele.

A Promotoria considera como motivo f�til o fato de o assassino ter matado a v�tima porque ela se recusou a consentir e manter rela��es sexuais. Laudo t�cnico mostra que ela sofreu penetra��o anal. O meio cruel � caracterizado pela asfixia e o recurso que impossibilitou a defesa se fez presente no momento em que a v�tima foi surpreendida pelo agressor quando estava sozinha na resid�ncia.
O Minist�rio P�blico espera que o motoboy seja condenado a uma pena que gire em torno de 30 a 40 anos de reclus�o em regime fechado. "Dota � um assassino frio e calculista", disse o promotor Pereira J�nior aos jornalistas em coletiva antes do primeiro j�ri, em julho.

Provas
As principais provas da Promotoria nas 1.600 p�ginas do processo contra Dota s�o: um exame de DNA e um conjunto de depoimentos de testemunhas. O resultado do teste comprovou que a pele achada sob as unhas de Bianca tem o mesmo perfil gen�tico da mancha de sangue que estava na cal�a jeans que seria dele.
Na �poca, a roupa foi entregue � pol�cia pela ent�o mulher do motoboy, Daiana Ribeiro Consoli, irm� da v�tima. Ap�s a sua pris�o, o casal se separou. Daiana, que defendia o marido, mudou de lado e agora faz coro para acus�-lo. Quando os dois estavam juntos, eles tinham c�pia da chave da casa onde a v�tima morava.

Segundo Pereira J�nior, v�rias testemunhas relataram ainda que o acusado estaria assediando a v�tima. "� o que disseram uma amiga de Bianca, que est� protegida, e o namorado da estudante � �poca", disse. "O r�u passou a m�o nos cabelos da v�tima dizendo que ela era bonita".

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir