Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-08-2013

A 2 meses do Enem, medalhistas de olimpíadas dão dicas para o exame
Estudantes que representam o Brasil em torneios também farão a prova. Veja como eles se preparam para o exame que o MEC aplica em outubro.
A 2 meses do Enem, medalhistas de olimpíadas dão dicas para o exame
Foto: g1.globo.com

Eles são conhecidos pelas altas notas nas disciplinas tradicionalmente mais difíceis do ensino médio. Craques em física, matemática e química, Fábio Arai, Tainá Sá, Luis Fernando Valle e Liara Guinsberg são alguns dos adolescentes que representam o Brasil em olimpíadas internacionais do conhecimento e colecionam medalhas no currículo. Acostumados a maratonas intensas de estudos fora do horário regular de aula, e a provas internacionais específicas e de alto nível, os jovens agora estudam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Faltam dois meses para a prova que vai reunir 7,1 milhões de estudantes.

O Enem será nos dias 26 e 27 de outubro. Em entrevista ao G1, os adolescentes compartilharam seus truques de estudo e deram dicas para quem também vai fazer o exame.

Veja abaixo as sugestões dos medalhistas para o Enem 2013:

Três a quatro horas de estudos

Apesar de o tempo ser relativamente escasso, esse é o momento de não perder o foco e aproveitar ao máximo o tempo restante antes da prova. Segundo os estudantes olímpicos, isso não quer dizer dedicar todas as horas do dia aos estudos.

"Lógico que é preciso ter disciplina, mas cada um deve saber quantas horas consegue estudar por dia. Não adianta forçar quando não está aguentando mais e chegar naqueles momentos em que você pode ficar lendo a mesma página por uma hora e não absorver conteúdo algum", afirmou Fábio Kenji Arai, estudante de 17 anos que trouxe para o Brasil uma medalha de bronze na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica e uma prata na Olimpíada Internacional de Física de 2012.

Aluno do terceiro ano do Colégio Etapa, em São Paulo, Fábio fará o Enem pela terceira vez, mas seu objetivo na graduação é estudar física ou engenharia nos Estados Unidos.

Ele afirmou que, além do tempo em que fica na escola, ele dedica três horas do seu dia aos estudos para o vestibular, metado do tempo que gasta, por exemplo, para se preparar para as provas internacionais. "Antes das olimpíadas, costumo estudar por seis horas por dia."

Liara Guinsberg, de 17 anos, acredita que, além do período parcial gasto na sala de aula, uma média de estudos razoável antes do Enem é de cerca de quatro horas por dia.

A aluna do Colégio Objetivo, em São Paulo, diz que já ganhou 45 medalhas em cerca de 15 olimpíadas de física, química, biologia e matemática das quais já participou.

Para a estudante, que pretende fazer faculdade de direito, é preciso garantir momentos de descanso dos estudos, "senão esgota o cérebro".

Faça simulados das provas

Durante a semana, Liara recomenda que os candidatos estudem os conteúdos "um pouquinho de cada vez", dedicando uma hora a uma disciplina, uma hora a outra, mas privilegiando as matérias nas quais o candidato tenha mais dificuldade. Nos fins de semana, porém, a sugestão dela é não estudar, mas sim fazer simulados. No caso dela, ela alterna os simulados do Enem e da Fuvest, sua primeira opção.

Apesar de ajudar os estudantes a conhecer melhor os formatos de prova e as exigiências mentais e físicas, o simulado, segundo ela, não deve ser feito na última semana antes do Enem. "Tem que fazer simulados no mínimo uma semana antes, para você não se desgastar para a prova."

"Faltando tão pouco tempo para a prova, o ideal é pesquisar provas dos anos anteriores para entender o estilo e treinar para resolver as questões do melhor jeito", recomenda Luis Fernando Machado Poletti Valle. O estudante do Colégio Mater Amabilis, de Guarulhos (SP), tem 16 anos e atualmente cursa o terceiro ano do ensino médio.

Medalha de prata na Olimpíada Latino-Americana de Astronomia de 2012 e bronze na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica de 2013, ele ainda não decidiu que carreira seguir, ou se vai estudar nos Estados Unidos ou ficar no Brasil. Por isso, uma das opções dele são os cursos do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usam a nota do Enem para selecionar os candidatos.

Tayná Milfont Sá, de 17 anos, já sabe bem o que quer: medicina na Universidade Federal do
Ceará (UFC). O curso escolhido pela aluna do terceiro ano do Colégio Farias de Brito, de Fortaleza, foi um dos mais concorridos na edição do primeiro semestre de 2013 do Sisu.

Como treineira, Tainá acertou 160 das 180 questões das provas objetivas no ano passado, e tirou nota 740 da redação. Agora fazendo o Enem para valer, ela diz que vai passar os últimos dois meses vendo "as provas passadas e exercícios de simulados".

Aproveite o tempo livre

Há várias formas de ocupar o tempo livre, que os quatro estudantes consideram essencial para que o candidato não deixe que o estresse e o desgaste atrapalhe seu rendimento. Os alunos olímpicos preferem espairecer em passeios fora de casa, como uma ida ao cinema, por exemplo, e a prática de esportes. "Gosto de ir ao cinema, mas não é muito frequente. Ano passado participei de aulas de dança", explicou Tainá.

Fábio afirma que assiste a filmes com os amigos e frequenta o clube, onde pratica futebol, tênis ou natação. Já Luis Fernando joga bola no condomínio onde mora e também vai com os amigos ao cinema, ou ao boliche. Liara, por sua vez, prefere, na maioria das vezes, passar as horas livres do dia em passeios ao ar livre.

Outro hábito da estudante, que foi eleita a melhor oponente no Torneio Internacional de Jovens Físicos, em Taiwan, neste mês, é ler "literatura boa" que não necessariamente é exigida no vestibular. O motivo, segundo ela, é para se acostumar com a linguagem culta.

Faça várias redações

Tainá também afirma gostar de ler notícias no tempo livre, um fator importante, segundo ela, para se preparar para a prova de redação. Além de conhecer os temas principais que estão mobilizando a opinião pública atualmente, a estudante conta que pratica muito a técnica exigida na prova. Por isso, dia sim dia não ela escreve uma redação nos moldes do Enem durante uma aula que tem no colégio.

Luis Fernando recomenda o hábito de "ler muito", que, além de ajudar na parte de conhecimentos gerais, também faz com que o estudante se acostume aos textos longos das questões no estilo do Enem. Isso, segundo ele, ajuda a "evitar que o cansaço bata no final da prova e prejudique a compreensão e a resolução das questões".

Sem tentar adivinhar qual será o tema da prova de redação do Enem 2013, Liara sugere que, na hora de escolher sobre quais assuntos estudar para a dissertação, o candidato pense se o tema em questão tem a ver com as desigualdades sociais brasileiras. "Geralmente são temas sociais sobre como melhorar as diferenças do Brasil", explicou ela.

Um dos assuntos sobre os quais ela gostaria de escrever na prova de redação está a política de combate às drogas no país. Tainá acredita que um dos temas que pode ser escolhido pela banca do Enem tenha relação com a violência. Já o "chute" de Fábio é a questão da mobilidade urbana no país. Luis Fernando, por sua vez, acredita que as manifestações realizadas em todas as partes do Brasil neste ano possam ser abordadas na prova de outubro.

Controle o tempo na hora da prova

Passados os dois últimos meses de preparação, o bom aproveitamendo das quatro horas e meia da prova de sábado e das cinco horas e meia da prova de domingo é essencial para garantir uma nota alta no Enem. Como são muitas as questões, os candidatos dispõem de poucos minutos para responder cada uma delas e, por isso, a gestão do tempo é fundamental.

Antes de começar a prova, Tainá dá uma dica importante para driblar o nervosismo. "O importante é realmente saber que [você] estudou aquilo, assim vai mais confiante para a prova. É preciso ter tranquilidade. Nervosismo é só da porta para fora", explica a estudante.

Segundo ela, cada candidato pode descobrir, na hora de praticar com os simulados, qual é a sua maneira de resolver melhor a prova. "Costumo fazer a prova na ordem das questões", exemplificou Tainá.

Luis Fernando, porém, adota outra estratégia: "Apesar do nervosismo no início das provas, eu costumo começar pelas questões mais difíceis e focar minha concentração nelas. Assim, não corro o risco de perder essas questões, já que as fáceis dá para fazer mesmo mais cansado, no fim da prova, e também acho que assim perco menos tempo."

Fábio é mais flexível nesse quesito. "Eu sigo a ordem normal das questões na prova. Mas, por ser uma prova muito longa e com tempo razoável para fazer, também dá para procurar as mais fáceis e começar por elas para já eliminar algumas", afirmou o jovem.

A medalhista Liara recomenda calma aos estudantes e diz que é importante não ter pressa na hora de fazer os cálculos em matemática. Além disso, permanecer concentrado na hora de ler os enunciados, em vez de fazê-lo na correria, ajuda a não ter que ler duas vezes o mesmo texto. A calma ainda é essencial, segundo ela, para não cometer erros bobos. "Errar besteira é basicamente jogar pontos no lixo, tem que prestar atenção para não errar esse tipo de coisa."

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir