Categoria Acidente  Noticia Atualizada em 28-08-2013

Equipes retiram vestidos de festa de loja em área de desabamento
Peças para festas de casamento foram encontradas pelos bombeiros. "Já me ligaram cobrando e ameaçando", diz Neli Franco, sócia da loja.
Equipes retiram vestidos de festa de loja em área de desabamento
Foto: g1.globo.com

Defesa Civil e Corpo de Bombeiros ajudavam, no fim da manhã desta quarta-feira (28), a retirar vestidos de festa de uma loja de aluguel de roupas que funcionava ao lado da obra que desmoronou nesta terça-feira (27) em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo. "Tenho mais de 30 vestidos alugados para festa de casamento e de 15 anos. Estão todos semiacabados. Só o da noiva está pronto. Já me ligaram cobrando e ameaçando", contou a comerciante Neli Mendes Franco, de 62 anos, sócia da loja.

A Defesa Civil liberou nesta quarta três dos seis imóveis que estavam interditados após o desabamento. A loja Kamilly Noivas é o único ponto comercial ainda interditado. O acidente deixou ao menos oito mortos e 26 pessoas foram resgatadas. Nesta tarde, os bombeiros ainda procuravam por dois desaparecidos e acompanhavam vistorias em casas da região.
Neli ajudou os bombeiros a localizar os vestidos que serão alugados neste fim de semana. Impossibilitada de subir no imóvel, que foi interditado pela Defesa Civil, ela fazia gestos e falava alto em frente a uma janela.

Sem poder subir até o estabelecimento, que funciona no andar superior de um sobrado, ela orientava os bombeiros que apareciam na janela. Um lençol foi utilizado para proteger os vestidos. "Ainda faltam algumas peças e os acessórios, mas já me ajudou. Ainda dá tempo de deixar tudo pronto", disse.
Neli chegou à loja logo após o desabamento. "Quando cheguei, só vi a poeira. Fui parar no hospital ontem de tanto nervoso", disse a comerciante, que tem problemas de coração.
Buscas
Nesta manhã, 70 homens trabalhavam nas buscas pelos dois desaparecidos. Cães farejadores indicaram um ponto onde possivelmente estaria uma das vítimas. Um segundo ponto foi apontado pelo mestre de obras Rubens Moreno, de 25 anos, que deixou o hospital antes de ter alta e voltou ao local do desabamento pela segunda vez nesta manhã.

"Meu pensamento é o mesmo dos bombeiros, que é de salvar as pessoas. Tenho esperança de que vão encontrá-los vivos", afirmou. O mestre de obras, que teve um corte na cabeça, tem quatro filhos e uma mulher gestante. Segundo ele, um dos desaparecidos era pedreiro e fazia massa na hora em que a estrutura entrou em colapso. O outro era ajudante e fazia limpeza na área.
O trabalho é minucioso pois o deslocamento de entulhos pode atingir as vítimas que permanecem soterradas. Os bombeiros cavavam buracos em uma laje e tentavam retirar parte dos entulhos com as mãos.
Investigação
A Polícia Civil pretende ouvir os responsáveis pela obra. Segundo o delegado Antônio Mestre Júnior, da 8ª Seccional, os depoimentos serão colhidos no 49º Distrito Policial, em São Mateus. O delegado não informou, entretanto, quando esses responsáveis serão convocados.
"Vamos ouvir mais pessoas entre elas responsáveis diretos pela obra", disse Mestre Júnior. Operários e demais profissionais ligados à construção da loja também deverão ser ouvidos nos próximos dias.
Nesta segunda-feira, o eletricista Reginaldo Caetano contou à polícia que a empresa de engenharia onde ele trabalha alertou à rede Torra Torra e ao dono do prédio que a sondagem do solo apontou problemas na estrutura. Ele disse ainda que, desde sábado (24), a Salvatta Engenharia estava no local para dar um reforço na estrutura da obra.
A Salvatta havia sido contratada pela rede de lojas, que iria alugar o prédio, para avaliar as condições do local. Em nota, o Magazine Torra Torra confirmou que tinha um contrato de aluguel com o proprietário do terreno. Mas disse que só receberia o prédio depois que a Salvatta Engenharia avaliasse todas as condições da obra. A empreiteira nega que tenha feito intervenções na obra.
A obra que desabou era irregular e já havia levado uma multa de mais de R$ 100 mil, segundo a Prefeitura de São Paulo. Antes, o terreno abrigava um posto de gasolina. O ponto iria receber uma loja Torra Torra, famosa por comercializar roupas populares e produtos da linha de cama, mesa e banho. O advogado Edilson Carlos dos Santos disse nesta terça-feira que as mudanças feitas no imóvel não foram comunicadas ao dono, o empresário Mostafa Abdallah Mustafa.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir