Categoria Acidente  Noticia Atualizada em 29-08-2013

Eletricista de obra agradeceu a Deus por sair de escombros, diz mulher
Rubens rastejou ao ver luz e sinal de bombeiros, afirma Noema no hospital. Ele relatou que colunas do meio eram finas e n�o resistiram, diz filho.
Eletricista de obra agradeceu a Deus por sair de escombros, diz mulher
Foto: g1.globo.com

O eletricista Rubens Antonio de Oliveira, de 44 anos, est� agradecendo a Deus por ter sobrevivido ao desabamento da obra de um pr�dio na regi�o de S�o Mateus, Zona Leste de S�o Paulo, nesta ter�a-feira (27). Segundo a fam�lia, que o visitou nesta quarta-feira no hospital Santa Marcelina, ele ficou sob os escombros e teve um p� quebrado, al�m de escoria��es.

"Ele ficou soterrado a uns dois metros de cima da laje. Um bombeiro colocou uma lanterna em uma fenda e gritou se ele estava conseguindo ver. Ele rastejou at� a luz e os bombeiros come�aram a pux�-lo para cima", diz a mulher, Noemia Matos.

"Ele pensou que ia morrer e agradeceu muito a Deus por n�o ter deixado ele morrer", diz ela. "Eu fico triste pelos outros, que n�o tiveram a mesma sorte. Mas Deus vai consolar cada um deles", acredita Noemia.

O marido ficou preso sob um andaime quando a obra desabou. Segundo ela, Rubens passar� por uma cirurgia nesta quinta-feira (29) para colocar pinos na perna.

"Eu soube pela TV", diz ela. Os filhos do eletricista, Rafael, de 20 anos, e Fl�via, de 16, lembram que o pai dormia a maior parte dos dias na obra, devido � dificuldade de retornar para a casa da fam�lia, na Brasil�ndia (zona norte de S�o Paulo).

"As colunas do meio do pr�dio eram muito finas", diz Rafael, conforme relato do pai.

"conforme cedeu a estrutura do meio, desabou tudo, por isso caiu daquela forma", afirma o filho do eletricista.

Depoimentos apontam falta de estrutura

Quatro funcion�rios da Salvatta Engenharia, empresa contratada pela rede Torra Torra para avaliar a situa��o da constru��o do pr�dio de dois andares que desabou disseram em depoimentos � Pol�cia Civil que souberam no s�bado (24) que a laje da obra precisaria ser escorada com madeiras e vigas porque n�o aguentaria o peso de equipamentos sobre ela.

Tamb�m informaram que as obras foram paralisadas at� que houvesse o refor�o da estrutura do pr�dio.

A decis�o teria sido tomada ap�s reuni�o no s�bado entre uma arquiteta da Torra Torra, um engenheiro e um representante da Salvatta, al�m de outro engenheiro contratado pelo dono do im�vel, Mostaf� Abdallah Mustaf�.

As testemunhas disseram, ainda, que o dono do im�vel estaria preocupado com o problema e teria solicitado um or�amento de outra empresa para realizar o trabalho de refor�ar a laje. Cerca de 500 tijolos de barro foram retirados do pavimento para n�o comprometer a estrutura, ainda de acordo com as informa��es � pol�cia.

As causas e eventuais responsabilidades pelo desabamento que deixou mortes e feridos est�o sendo investigadas pela equipe do delegado Luiz Carlos Uzelin, titular do 49� Distrito Policial. Segundo ele, a investiga��o quer ouvir primeiro os sobreviventes para s� depois falar com os respons�veis diretos pela obra.

"Tamb�m quero saber por que a Prefeitura n�o informou � Pol�cia Civil sobre o fato de a obra ter continuado a funcionar mesmo tendo sido embargada pela administra��o p�blica", disse o delegado. "Eu poderia ter feito um inqu�rito para apurar o crime de desobedi�ncia".

Minist�rio P�blico questiona Prefeitura

O Minist�rio P�blico de S�o Paulo investiga a Prefeitura de S�o Paulo por suspeita de omiss�o no caso do desabamento, que deixou oito mortos, 26 feridos e dois desaparecidos na Zona Leste da capital paulista.

De acordo com a Promotoria de Habita��o e Urbanismo, a administra��o municipal deveria ter impedido a continuidade das obras, j� que o local havia sido embargado pelo pr�prio �rg�o.

A Prefeitura divulgou nota para afirmar que n�o cometeu omiss�o e que vai apurar o motivo de o embargo da obra que desabou n�o ter sido comunicada �s autoridades policiais. A administra��o informou que o "emparedamento ou bloqueio f�sico de obras por pend�ncia documental n�o � habitualmente realizado pela administra��o". Ainda segundo a Prefeitura, o C�digo de Obras e Edifica��o do munic�pio n�o prev� o emparedamento da obra embargada, apenas em casos que envolvem licen�a de funcionamento.

A Prefeitura tamb�m negou ter responsabilidade no impedimento da continuidade da constru��o. "Os agentes vistores n�o atuam como fiscais de execu��o de obras ou de seguran�a", informou a administra��o.

Em entrevista nesta quarta-feira ao G1, o promotor Jos� Carlos de Freitas afirmou que "em tese, a Prefeitura cometeu omiss�o, caracterizada por neglig�ncia, por n�o ter feito atos para o cumprimento do embargo da obra". Segundo o representante do MP, a Prefeitura deveria ter fiscalizado o local para saber se o embargo estava sendo cumprido ou ter colocado blocos de concreto em volta para impedir a continuidade das obras.

Ainda de acordo com o promotor, outra possibilidade seria da administra��o ter informado � Pol�cia Civil sobre o embargo e o seu poss�vel descumprimento. Dessa forma, o delegado respons�vel poderia instaurar um boletim de ocorr�ncia contra os respons�veis da obra por descumprimento.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir