Categoria Geral  Noticia Atualizada em 31-08-2013

"Não creio que futuro do Brasil seja tão triste", diz criador da sigla Bric
Jim O"Neill vê desempenho como "menos decepcionante do que dizem". Bric devem crescer mais do que quando criou a sigla, em 2001, diz.

Foto: g1.globo.com

Para o criador da sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), Jim O’Neill, as perspectivas sobre o futuro da economia brasileira não são negativas como as recorrentes avaliações do mercado brasileiro apontam.

Na sexta-feira (30), o economista britânico esteve em Campos do Jordão, durante o 6º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais da Bovespa, no mesmo dia em que o PIB do segundo trimestre, que cresceu 1,5%, foi divulgado pelo governo.

"Não creio que o seu futuro seja tão triste como ouvi hoje nas apresentações [do congresso]. Creio que o crescimento do Brasil no longo prazo tende a ser de 4% ao ano.

Quando falo de Brasil, eu, pessoalmente, acho que o desempenho do crescimento do Brasil é sempre menos decepcionante do que dizem. Verifiquei que, quando criei a sigla, o crescimento era menor. Em 2001 [quando a sigla foi criada], 2002 e 2003, o crescimento médio foi de 1,7%. Presumindo o crescimento deste ano, o avanço de 2011, 2012 e 2013 será maior, de 2%. As pessoas parecem estar esquecendo que as economias são feitas de ciclos", disse O’Neill, PhD em economia e ex-executivo do Goldman Sachs.

Os dois caminhos necessários para que suas projeções a respeito do Brasil virem realidade passam pela necessidade de abertura da economia e de mais investimento privado. "A economia brasileira precisa de mais investimento e se tornar mais aberta ao exterior. É a única maneira de conseguir o equilíbrio entre oferta e demanda. Existem bilhões de pessoas lá fora. Se quiser se sair melhor, [o país] terá de se envolver com elas", afirmou.

Real desvalorizado

Sobre a desvalorização cambial em curso no Brasil – com a qual não se mostrou tão preocupado – O’Neill alertou sobre a necessidade de os países emergentes utilizarem mais suas moedas e desenvolverem seus mercados de capital diante das ações frequentes dos bancos centrais, especialmente do Fed (banco central dos Estados Unidos), que vêm emitindo dinheiro para estimular sua economia.

"O trabalho do Fed é fazer crescer a economia norte-americana, não se preocupar com o resto do mundo. Os países dos Bric falam muito e fazem pouco. Se querem reduzir a vulnerabilidade às oscilações do dólar, precisam utilizar mais as suas moedas e desenvolver seus mercados de capital para que não haja essa falta de dólares frente às medidas do Fed. Por isso tudo está sempre subindo e descendo."

Brasil em 2º

Frequentemente questionado sobre a ordem de importância atual dos países incluídos na sigla Bric, o economista citou: China, Brasil, Rússia e Índia. "O que acontece na China tem impacto mais forte no mundo do que qualquer outro país. Se você olhar de perto, nos últimos meses, há sinais de estabilidade. Nós devemos sempre pensar numa nova China, que se concentra mais na qualidade do que no crescimento em si. A China atrasou seu crescimento por vontade. As autoridades chinesas querem melhorar a sustentabilidade e a qualidade do seu crescimento."

Novas oportunidades na Nigéria

Sobre as grandes oportunidades que estão a caminho, O’Neill disse que os países com grande densidade populacional concentrarão as maiores economias. Entre os destaques estão parte da África e, especialmente, Nigéria.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir