Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 03-09-2013

UMA HISTÓRIA... E DEPOIS OUTRA
Histórias que envolvem crianças têm o poder de capturar a nossa atenção.
UMA HISTÓRIA... E DEPOIS OUTRA

Não há leitor adulto que ainda não se encante com, por exemplo, "As Aventuras de Tom Sawyer", do americano Samuel Clemens, mais conhecido pelo seu pseudônimo Mark Twain. Já leu? Ou "O Meu Pé de Laranja Lima" do "Zé Mauro"...

Há quem pense que histórias sobre crianças deveriam sempre tratar de assuntos leves, pueris, carregando-se na tinta do romantismo, da beleza, das coisas agradáveis da vida.

Creio que tenha sido o nosso Ariano Suassuna que, corajosamente, afirmou que a criança tem um lado perverso que, muitas vezes, nos amedronta! E a gente sabe que é assim. Hoje, tenho duas histórias. Uma deu na mídia e é do conhecimento de todos nós. Vou resumi-la, fazendo uma imitação do famoso poema "O bicho" de Manuel Bandeira.Conhecem? ("Vi ontem um bicho na imundície do pátio catando comida entre os detritos.").

O bicho
Vi ontem um bicho Rondando os apartamentos Num bairro classe A.
O bicho invadiu uma residência, Matou um chefe de família e sua esposa E mais dois familiares que moravam por lá.

O bicho não era uma onça. Não era uma cobra. Não era um cão
O bicho, meu Deus, era um menino.

Vamos à outra história. Um menino de seis anos foi a casa da tia vizinha, como sempre faz, nas horas de folga. Lá ele fica à vontade, pois se sente em casa. O carinho da tia é o mesmo da mãe. A prima de quinze anos o tem como um irmãozinho, e sempre lhe dá toda a atenção. E aqui pra nós, carinho de tia é "mais caloroso". É ou não é? E o nosso heroizinho sabe aproveitar isso. E como sabe!

Mas o nosso garoto – vamos chamá-lo de Marquinhos – não era do tipo do visitante que "veio para ser servido". Gosta de ajudar, participar, se envolver. É próprio dele. Sobre ser muito bonito e inteligente, é também saudável e irrequieto, como todo menino nessa idade. Difícil ou mesmo impossível é vê-lo parado, sem estar "inventando"...

E querem saber o que me faz destacá-lo como personagem de história? Pois esse menino estando na casa da tia, num dia de dura faxina doméstica, naturalmente "envolvido no processo", saiu, sem ser notado, e foi à casa da mãe com uma "séria intimação": "Mãe, a tia e a prima estão trabalhando até agora. Elas estão muito cansadas!... Prepare um lanche pra elas, agora, que eu vou levar!" A mãe quis argumentar para, pelo menos, entender o que estava acontecendo, porém, diante da obstinação do filho, apressou-se em atender-lhe o pedido e, claro, tendo o pequerrucho como ajudante que já foi pegando o refrigerante, enquanto a mãe preparava os sanduíches de muçarela. Tudo pronto, lá se foi o nosso bom samaritano levando, todo feliz, a pesada sacola com o lanche para as duas operárias.

Fiquei com a lição de solidariedade deste pequeno. Fiquei imaginando o contentamento dos seus pais ao constatar que a criança estava pondo em prática os ensinamentos e os exemplos de amor obtidos em casa. Coloquei-me, também, no lugar da tia e da prima e, sinceramente, eu não sei se saborearia o lanche trazido ou se choraria abraçado àquele anjo gorduchinho. Tenho certeza de que esse foi o lanche mais gostoso que jamais alguém experimentou...

Enfim, duas histórias de crianças. Como seria bom se apenas a segunda história fosse real e verdadeira!

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir