Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-09-2013

Ex-PSOL, Janira diz que renunciou para trazer isenção em investigações
Dossiê aponta irregularidades nas contas da última eleição da deputada. Janira renunciou à presidência do PSOL e liderança do partido na Alerj.
Ex-PSOL, Janira diz que renunciou para trazer isenção em investigações
Foto: g1.globo.com

A deputada Janira Rocha, que renunciou à presidência do PSOL e à liderança do partido na Assembleia Legislativa (Alerj), na manhã desta terça-feira (3), disse que tomou a decisão para trazer isenção às investigações sobre as acusações que sofreu através de um dossiê sobre o seu mandato na Assembleia Legislativa. Ela garantiu que, apesar do afastamento, estará presente na sessão desta terça-feira, e alertou para a utilização política do episódio.

"Os outros membros do PSOL na reunião sabem disso e por isso a reunião foi tranquila.

Depois que os envolvidos na história do dossiê foram presos, preferi renunciar para separar o partido das minhas ações e da atitude dos que me acusam", esclareceu a deputada.

"Pedi o afastamento dos que estavam no meu gabinete pessoal e pedi também que eu fosse submetida à comissão de ética nacional, entreguei esse pedido ao secretário-geral do PSOL", disse Janira, que afirma que já havia encaminhado ao partido a cópia do depoimento que deu ao Ministério Público do Rio de Janeiro.

Segundo a própria Janira, ela é suspeita no documento de estabelecer uma política de quotização dentro do seu gabinete e de dar dinheiro a sindicatos. Quotização é quando um gabinete arrecada dinheiro junto a seus membros para algum objetivo político. Segundo o dossiê, no entanto, isso aconteceria mensalmente no gabinete de Janira, que nega a acusação.

"Pinçaram uma fala minha e colocaram como se isso fosse sistemático. É mentira. A outra acusação [sobre os sindicatos], apareceu a partir de um debate sobre dar dinheiro ou não a sindicatos, e também fizeram parecer que eu faço uso dessa prática. Também não é verdade", garantiu. "Já requeri à polícia os áudios que supostamente comprovem isso", pediu a deputada.

Janira acusa os autores do dossiê de ameaças e diz que fez as denúncias ao deputado Paulo Melo (PMDB), presidente da Alerj, e também ao procurador-geral do Ministério Público, Marfan Vieira. "Dei meu depoimento ao Ministério Público, para explicar em detalhes a minha versão.

"Quando você é ameaçado de ser denunciado por algo que você não fez, é muito ruim. Mas estou de consciência tranquila. Não é nada que resista a uma boa perícia", diz a deputada, que acredita que será inocentada das acusações na Comissão de Ética do PSOL.

Confira a íntegra da nota do PSOL:

"Diante das graves denúncias que chegaram ao seu conhecimento, a Executiva Estadual do PSOL RJ decide:

1. Encaminhar à Executiva Nacional pedido de expulsão dos filiados MARCOS PAULO ALVES e CRISTIANO RIBEIRO VALLADíO;

2. Encaminhar para a Direção Nacional o pedido de abertura de Comissão de Ética para investigação de todos os envolvidos no conjunto das denúncias;

3. Acatar o pedido de afastamento da Deputada Estadual JANIRA ROCHA da presidência estadual do PSOL e da liderança da bancada na ALERJ;

4. Nomear o atual Secretário Geral, ROGÉRIO NORBERTO DA CUNHA ALIMANDRO, como presidente interino do Diretório Estadual do partido.

O PSOL reafirma os princípios éticos que devem nortear a luta dos trabalhadores e não admitirá quaisquer desvios contra tais princípios."

Dossiê aponta irregularidades

O dossiê preparado por dois ex-assessores da deputada estadual e presidente do diretório do PSOL no Rio, Janira Rocha, aponta supostas irregularidades na prestação de contas na última eleição da deputada, como a cotização do salário dos funcionários, conforme mostrou o Bom Dia Rio. Os dois ex-assessores, Marcos Paulo Alves e Cristiano Valadão tentaram negociar o documento com a deputada Cidinha Campos (PDT), por R$ 1,5 milhão. Cidinha marcou um encontro em seu gabinete e chamou a polícia.

"Eles quiseram vender. O Marcos me procurou na semana passada pedindo R$ 1,5 milhão para vender o dossiê. Ele telefonou para o Valadão, que é o Cristiano, e perguntou se podia fechar por R$ 1 milhão", contou Cidinha Campos.

A negociação foi interrompida com a entrada de policiais da Delegacia Fazendária. Na delegacia, Marcos Paulo confirmou que decidiu vender o dossiê porque teria descoberto irregularidades na prestação de contas na última eleição de Janira. E também porque era obrigado a participar de uma prática chamada cotização, o repasse de parte do salário dele para a parlamentar.

Segundo ele, do salário de R$ 7.200, R$ 4 mil eram devolvidos. "Porque fazia a cotização, dizia que era para os nossos projetos, para as nossas coisas e no final não tinha nada disso", disse o ex-assessor Marcos Paulo.

"Ela fez um acordo político. A proposta de cotização foi para que a gente bancasse o nosso movimento popular. Isso nunca aconteceu. A deputada estadual é uma farsa. Ela prega o socialismo e é não socialista", disse Cristiano Valadão.

No dossiê, além de documentos, Marcos Paulo e Cristiano juntaram fitas de áudio, gravadas durante conversas com a deputada. Em uma destas conversas, Janira Rocha admite que a cotização é uma prática comum no gabinete dela.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir