Categoria Geral  Noticia Atualizada em 05-09-2013

Dependente químico deixa clínica em SP e reencontra filha que o internou
Foram cinco meses de internação em Araçoiaba da Serra (SP). Reinaldo vai ficar na casa da filha, na capital, por cinco dias
Dependente químico deixa clínica em SP e reencontra filha que o internou
Foto: g1.globo.com

Reinaldo Rocha Mira, de 62 anos, deixou nesta quinta-feira (5) a clínica em Araçoiaba da Serra (SP) onde estava desde o mês de março para ficar com a família. Ele foi o primeiro paciente internado involuntariamente, em janeiro deste ano, no Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod), no Centro de São Paulo; na ocasião, Reinaldo foi dopado pela própria filha e internado à força na sede do Cratod, onde o governo estadual iniciava o programa de internação compulsória de dependentes químicos.

Reinaldo saiu nesta quinta do Centro Terapêutico em Araçoiaba da Serra (SP) e volta apenas na segunda-feira (9) à noite. "A expectativa é grande, confesso que não estou totalmente tranquilo. Estou com medo pela minha fraqueza, sou fraco. Estou convicto, mas não sou forte", desabafa.

Ao chegar para buscar o pai na clínica, Ana Paula Mira estava ansiosa e apreensiva. Foi ela quem pediu sua internação compulsória, em março deste ano. "Eu não tive escolha. Numa segunda-feira disse a ele que iria apenas levá-lo ao médico, mas coloquei um sedativo no café e o trouxe para a internação. Foi preciso porque eu sabia que mais um tempo na rua ele não sobreviveria", desabafa a vendedora.

Os cinco dias na casa da filha significam muito para os dois. Dos cinco filhos de Reinaldo, apenas Ana Paula, a mais velha, decidiu manter contato com o pai. "Os meus irmãos desistiram dele, eu ainda não. Ele vai ficar na minha casa e quando sair daqui de forma definitiva ele já sabe que tem um endereço certo", revela.

Com a atitude e aceitação da filha, o clima era de alegria. Reinaldo conversou bastante e se despediu dos amigos com um sorriso no rosto.

A casa da filha é em São Paulo, na região leste. "A psicóloga já nos orientou que ele não deve sair sozinho e nem mesmo querer rever antigos conhecidos. Ele já está ciente, mas isso me preocupa um pouco, sim", diz.

Depois dessa experiência em casa, Reinaldo ainda vai ter mais duas saídas, que fazem parte do tratamento de ressocialização, antes de ir embora de forma definitiva. "Daqui um mês ele sai de novo, dessa vez por por sete dias. Depois de mais um mês sai por 10 dias. Então ele vai embora preparado para voltar a conviver em família sem medo de enfrentar a sociedade", explica a psicóloga Ana Leda Bella.

Agressividade

Ana Paula conta que nos primeiros três meses de internação ele era muito agressivo. "Quase não conseguia falar com ele, mas mesmo assim sempre fazia visitas. Hoje estou feliz em ver a mudança, a recuperação dele", afirma.

Os profissionais da clínica também estão otimistas com o prognóstico de Reinaldo. Eles contam que, passados os três meses de irritação e revolta, ele começou a se interessar pelas palestras e a entender que se tratar era a melhor saída.

Enquanto esperava os últimos acertos para deixar a clínica ele recordou muitas lembranças.

"Quando me lembro da época do vício me dá uma angústia e só me vem a cabeça um "graças a Deus" por estar aqui vivo. Só quero dizer que o vício é uma doença é uma coisa que realmente não tem explicação", diz Reinaldo, que foi "colega de internação" de Rafael Nunes, conhecido como "mendigo gato de Curitiba".

Após quase dez meses de internação, Rafael, que ficou famoso após ter sua foto divulgada nas redes sociais, recebeu alta e voltou para a casa da família, em Colombo (PR).

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir