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Promotor acusa motoboy de planejar morte da cunhada e omitir estupro

Promotoria quer condena��o do r�u por homic�dio qualificado e estupro. Motoboy nega viol�ncia sexual e diz que crime n�o foi premeditado.
Promotor acusa motoboy de planejar morte da cunhada e omitir estupro

Foto: g1.globo.com

O promotor Nelson Pereira J�nior acusou o motoboy Sandro Dota, acusado de matar a cunhada Bianca Consoli em setembro de 2011, de ter planejado o crime e de ter estuprado a v�tima antes do assassinato. O motoboy nega a viol�ncia sexual e a premedita��o do crime.

O segundo dia do julgamento foi retomado por volta das 10h40 desta ter�a-feira (17) com os debates entre a acusa��o e defesa.

A acusa��o quer a condena��o do r�u por estupro e homic�dio qualificado, com as agravantes motivo f�til, meio cruel (v�tima asfixiada) e emprego de recurso que dificultou a defesa da v�tima (que foi surpreendida em casa sozinha). A defesa alega que o homic�dio foi privilegiado, quando o r�u age sob forte emo��o, e cuja pena � menor.

O promotor ainda acusou Dota de ter alterado a cena do crime. "Se esses ferimentos fossem feitos com a v�tima vestida, a roupa teria furos. Ou seja, o r�u mexeu no corpo da v�tima" , justificou ao mostrar ferimentos encontrados na regi�o lombar e abdominal da v�tima. "Isso � um indicativo de premedita��o. Ele [Sandro] s� n�o pensou que a per�cia ia encontrar c�lulas dele debaixo das unhas dela", afirmou.

Na segunda-feira (16), diante do j�ri, Sandro Dota assumiu ter assassinado a cunhada, mas voltou a negar o estrupro. Nesta ter�a, o motoboy se manteve cabisbaixo durante a explana��o do promotor e chorou enquanto a acusa��o exibia as fotos do corpo de Bianca e falava sobre seus ferimentos aos jurados.

"Ele [r�u] mesmo admitiu que mentiu. Ele encenou para a fam�lia no vel�rio, no enterro, para encenar aqui � muito f�cil", disse o promotor aos jurados.

Antes do j�ri

Antes de entrar no plen�rio do j�ri nesta ter�a, a m�e da v�tima, Marta Maria Ribeiro Consoli, disse acreditar na Justi�a e afirmou que espera que o r�u receba pena m�xima.

"Agora � s� esperar, que seja feita Justi�a, que a pena dele seja uma pena justa e pague por todas as maldades que ele fez com a Bianca."

Marta disse n�o acreditar que o r�u tenha matado a filha ap�s uma discuss�o, mas que o crime foi planejado. "Desde quando ele come�ou assedi�-la, ele foi planejando, fez c�pia da chave e foi planejando at� o dia que ele conseguiu entrar, assassinar e estupr�-la."

Depoimento

Segundo o Tribunal de Justi�a, a sess�o de segunda come�ou com a exibi��o de um v�deo, a pedido do Minist�rio P�blico, em que o r�u confessa o crime. Em seguida, ao ser interrogado pela ju�za Fernanda Afonso de Almeida, Dota negou a autoria de estupro. "Eu n�o violentei a Bianca. Isso est� fora de cogita��o", disse o r�u. "N�s acabamos brigando e ela morreu. Nada justifica o que fiz", afirmou.

De acordo com o TJ, ao ser interrogado por um de seus defensores, Dota afirmou que foi at� a casa de Bianca para "tirar satisfa��o" com ela, por ela ter batido no enteado dele. "A Bianca sempre me humilhou e isso me fazia ter raiva dela", disse, em seguida. Ao ser perguntado pelo seu defensor sobre se ele gostaria de dizer algo aos jurados, Dota declarou: "Minha vida est� nas m�os de voc�s. Decidam com justi�a".

Ao final do interrogat�rio, o motoboy declarou-se arrependido por ter matado a cunhada.

"S� quero pagar pelo que fiz", disse. O primeiro dia de julgamento foi encerrado �s 22h desta segunda-feira e dever� ser� retomado �s 9h desta ter�a-feira (19), quando est� previsto o in�cio a fase de debates entre a defesa e acusa��o de Sandro Dota.

Carta

Em 14 de agosto deste ano, o G1 revelou com exclusividade uma carta escrita e assinada pelo preso, de dentro da pris�o, na qual ele assume o assassinato da estudante, mas nega o abuso sexual.

A defesa anexou o documento ao processo. Nas tr�s folhas da carta, o r�u se compromete tamb�m a assumir o assassinato da jovem de 19 anos e negar o estupro dela diante do juiz e dos sete jurados que ir�o julg�-lo. Ele responde por homic�dio triplamente qualificado (por motivo f�til, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da v�tima) e estupro contra Bianca.

Para o advogado Cristiano Medina da Rocha, assistente da acusa��o, o fato de o acusado assumir o crime n�o deve diminuir sua pena. "Sandro Dota estuprou Bianca e a matou para esconder esse crime anterior. A defesa vai dizer que ele � semi-imput�vel, que n�o pode responder totalmente por seus atos", disse. Ele espera que o r�u seja condenado a mais de 40 anos de pris�o, sendo 30 pelo homic�dio e 12 pelo estupro.

Mauro Nacif, um dos advogados de Dota, espera que o r�u receba uma pena de, no m�ximo, 13 anos de pris�o. "Ele [o acusado] cometeu dois crimes: homic�dio privilegiado e homic�dio qualificado. No primeiro, agiu sob violenta emo��o ap�s ter sido provocado por Bianca. No segundo, asfixiou a mo�a com um saco em sua boca." Dota nega ter abusado sexualmente da v�tima e sua defesa contesta o laudo sobre o estupro.

Julgamento

Essa n�o � a primeira vez que Dota ser� julgado pelos crimes. No julgamento anterior, entre 23 de julho e 25 de julho, quando o acusado chegou a alegar inoc�ncia quando foi interrogado, ele tamb�m pediu a destitui��o da sua defesa na �poca. Naquela ocasi�o, o motoboy alegou que n�o confiava mais no advogado Ricardo Martins, que sustentava a tese de que seu cliente n�o havia cometido o estupro e nem o assassinato.

Por causa da desist�ncia do ent�o defensor, a ju�za teve de cancelar aquele j�ri e marcar a nova data.

Quando destituiu seu advogado, Dota chegou a dizer a ju�za que n�o se tratava de uma estrat�gia e que o pr�ximo j�ri n�o iria demorar. Ap�s isso, o motoboy constituiu os advogados Aryldo de Oliveira de Paula, Mauro Ot�vio Nacif e Eleonora Rangel Nacif. "Dota vai voltar a confessar no j�ri que matou Bianca, mas n�o a estuprou", disse Aryldo de Paula, na sexta-feira (13) ao G1.

Em agosto, a equipe de reportagem publicou a carta de Dota, na qual ele escreveu de dentro da Penitenci�ria de Trememb�, no interior do estado de SP, que "declaro que realmente matei Bianca Consoli, na �poca minha conhada [SIC], em uma briga em sua resid�ncia, e assim confesso que matei referida Bianca Ribeiro Consoli e maiores detalhes irei contar no dia 18 de setembro [a data foi antecipada pela Justi�a para o dia 16]. Por�m em rela��o ao estuplo [SIC] da referida Bianca, eu n�o confesso, porque sou inocente e de forma alguma eu estuplei [SIC] a Bianca, jamais faria isso".

Segundo a defesa de Dota, a estudante tinha agredido o enteado do motoboy em 2011 e ele foi tirar satisfa��es com Bianca. Ap�s discutirem, a matou sem que tivesse planejado isso.

O garoto citado � filho de Daiana Ribeiro Consoli, com quem o r�u estava casado em setembro de 2011. A mulher era irm� da v�tima, encontrada morta dentro da casa dos pais no dia 13 daquele mesmo m�s. Ap�s a sua pris�o, o casal se separou. Daiana, que defendia o marido, mudou de lado e agora faz coro para acus�-lo

A estrat�gia dos advogados de Dota � que com a confiss�o do homic�dio, o motoboy possa se defender com mais tranquilidade da acusa��o de estupro. Na carta, ele refor�a que n�o abusou da cunhada. "Quero dizer tamb�m que esta acusa��o de estuplo [SIC] � absurda, eu n�o tinha nenhum interesse de estuplo [SIC] e tamb�m n�o havia naqueles momentos nenhum clima ou situa��o para o estuplo", escreveu.

De acordo com sua defesa, Dota n�o tinha qualquer tipo de atra��o por Bianca porque ela sempre o ofendia. Sobre o fato de ter demorado quase dois anos para confessar o assassinato, o motoboy alegou que "demorei a confessar a quest�o da morte, quero explicar que demorei por motivos particulares e por motivos da minha mente e de minha alma. Sou crist�o e estou arrependido daquilo que fiz, pois n�o confesso a quest�o de sexo".

Para o advogado Cristiano Medina da Rocha, que representa a fam�lia de Bianca, a carta � apenas parte da estrat�gia da nova defesa e n�o mostra o que ocorreu no dia do crime.
Agora, caso Dota queria destituir novamente seus novos advogados, um defensor p�blico dever� fazer sua defesa por decis�o da magistrada. Isso impossibilita o cancelamento de mais um j�ri pela dispensa da defesa.

O crime

Bianca Consoli tinha 19 anos quando sua m�e, Marta Maria Ribeiro Consoli, a encontrou morta dentro de casa, na Zona Leste da capital paulista. A estudante estava com um saco na boca e tinha sinais de agress�o pelo corpo. De acordo com a per�cia, ela tentou se defender com as m�os, mas foi imobilizada, abusada sexualmente e asfixiada no dia 13 de setembro de 2011.

Dota, atualmente com 42 anos, est� preso preventivamente desde 12 de dezembro de 2011 � espera do julgamento. Para o Minist�rio P�blico, o motoboy decidiu assassinar Bianca porque ela n�o quis fazer sexo com ele.

A Promotoria considera como motivo f�til o fato de o assassino ter matado a v�tima porque ela se recusou a consentir e manter rela��es sexuais. Laudo t�cnico mostra que ela sofreu penetra��o anal. O meio cruel � caracterizado pela asfixia e o recurso que impossibilitou a defesa se fez presente no momento em que a v�tima foi surpreendida pelo agressor quando estava sozinha na resid�ncia.

O Minist�rio P�blico espera que o motoboy seja condenado a uma pena que gire em torno de 30 a 40 anos de reclus�o em regime fechado. "Dota � um assassino frio e calculista", disse o promotor Pereira J�nior aos jornalistas em coletiva antes do primeiro j�ri, em julho. Ele n�o foi encontrado pela equipe de reportagem na sexta para comentar o assunto.

Provas
Outras provas t�cnicas da Promotoria nas 1.600 p�ginas do processo contra Dota s�o: um exame de DNA e um conjunto de depoimentos de testemunhas. O resultado do teste comprovou que a pele achada sob as unhas de Bianca tem o mesmo perfil gen�tico da mancha de sangue que estava na cal�a jeans que seria dele.

Na �poca, a roupa foi entregue � pol�cia pela ent�o mulher do motoboy, Daiana Ribeiro Consoli, irm� da v�tima. Quando os dois estavam juntos, eles tinham c�pia da chave da casa onde a v�tima morava. Segundo Pereira J�nior, v�rias testemunhas relataram ainda que o acusado estaria assediando a v�tima.

Fonte: g1.globo.com

Por: Maratimba.com | Imprimir