Categoria Geral  Noticia Atualizada em 28-10-2013

Candidatas transexuais do Enem dizem ter sofrido constrangimento
Aluna disse que teve que assinar formul�rio para candidatos sem RG. Mercadante afirmou que MEC vai estudar se � poss�vel mudar formul�rio.
Candidatas transexuais do Enem dizem ter sofrido constrangimento
Foto: g1.globo.com

Candidatas transexuais que fizeram a edi��o de 2013 do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) relataram que sofreram constrangimento na hora de apresentarem o documento de identidade aos fiscais das salas de prova no s�bado (26). Como usam um nome social diferente do nome indicado no documento de identifica��o, duas estudantes transexuais disseram que s� receberam o caderno de provas no primeiro dia depois de um longo processo de confer�ncia de dados. Uma delas foi tratada como se houvesse perdido o documento de identidade.
VEJA A CORRE��O DO 2� DIA
Procurado pelo G1, o Minist�rio da Educa��o afirmou na tarde deste domingo (27) que os casos est�o sendo verificados.
Em entrevista coletiva na noite deste domingo, o ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, afirmou que ouvir� entidades representantes de transexuais para "ver se � necess�rio ter um procedimento especifico" e se os procedimentos de seguran�a permitem a altera��o do formul�rio de inscri��o do Enem.

"Nunca tivemos nenhum problema sobre essa quest�o. Transexuais, bissexuais, que fa�am exame. O grande objetivo do Enem � a inclus�o, com total respeito � identidade e diversidade. Se esta quest�o, de fato, tiver uma demanda, sentaremos com a entidade que os representa e dialogaremos com eles para ver se � necess�rio ter um procedimento especifico. Se for possivel, respeitando a seguran�a, poderemos fazer [mudan�as no formul�rio]", afirmou ele.
Retirada da sala
A estudante Ana Luiza Cunha de Silva, de 17 anos, afirmou que j� estava sentada na carteira, com seu cart�o de respostas do Enem, quando foi retirada da sala em que estava, em Fortaleza, e teve que passar por duas salas at� ser liberada para fazer as provas de ci�ncias humanas e ci�ncias da natureza no s�bado. Segundo ela, todo o processo durou entre 15 e 30 minutos, mas ela n�o chegou a perder tempo de prova porque chegou ao local do exame antes mesmo da abertura dos port�es.
Ana Luiza, que adotou seu nome social aos 14 anos, conta que primeiramente foi levada � sala de uma subcoordenadora do Enem no seu local de provas. "Ela foi verificar a identidade, e perguntou por que n�o mudei meus documentos", explicou. A adolescente explicou que j� procurou seu advogado para fazer o tr�mite, mas que, segundo ele, no Brasil s� � poss�vel iniciar o processo de troca do nome civil ap�s os 18 anos, que ela s� vai completar em mar�o de 2014.
Ela foi ent�o encaminhada a outra fiscal do Enem, que, depois de conversar com ela, a fez preencher o formul�rio usado para identificar os candidatos que n�o est�o com os documentos oficiais. "Ele me perguntou informa��es, o telefone fixo, o nome dos meus pais, e tive que assinar tr�s vezes."
A situa��o, segundo Ana Luiza, n�o se repetiu no segundo dia de provas. "Hoje [domingo] eles inclusive me pediram desculpa por terem feito perder um pouco de tempo. As mo�as hoje todas foram super educadas comigo. O jeito que me trataram foi bem melhor. Acho que foi surpresa [para as fiscais] porque a foto estava muito diferente. Me trataram como se a identidade n�o fosse minha. N�o vi nenhum tipo de defeito, mas acho que estavam de certa forma desprepados."

Meia hora na porta da sala
Beatriz Marques Trindade Campos, de 19 anos, mora em Sete Lagoas (MG) e explicou ao G1 que fez o Enem pelo segundo ano consecutivo e que o comportamento dos fiscais foi o mesmo: no primeiro dia, surpresos com o fato de seu RG ter um nome masculino e uma foto com a qual ela n�o se parece mais, os fiscais a trataram com desconfian�a e demoraram para liberar sua entrada � sala de provas. "Perguntaram se era eu mesma, coisas assim, mas no final deixaram entrar", contou ela. No segundo dia, como os fiscais s�o os mesmos, a entrada � autom�tica.
Como o processo de confer�ncia da identidade acontece em frente aos demais candidatos, Beatriz, que fazia a prova em uma sala cheia de homens, j� que a aloca��o dos estudantes � feita em ordem alfab�tica, disse que ficou constrangidas com a situa��o � qual foi submetida durante todo o tempo que os tr�s fiscais levaram para autorizar seu acesso ao Enem.

Beatriz tamb�m reclamou do fato de o formul�rio de inscri��o do Enem n�o prever que candidatos e candidatas transexuais anotem o nome social pelo qual querem ser tratadas no processo de aplica��o e corre��o do Enem. Na faculdade particular em que estuda direito, a jovem afirmou que usa seu nome social nas listas de presen�a e tamb�m nos demais tr�mites.
Ela reconhece que o problema de inclus�o e aceita��o dos transexuais n�o � uma quest�o s� do exame, mas de toda a sociedade brasileira, e que at� a quest�o de se ter um nome civil e um social � apenas um "tapa-buraco" para a situa��o. "O que solucionaria de vez todos esses problemas � uma legisla��o espec�fica para a troca de nome civil. Mas enquanto n�o acontece isso o MEC poderia ajudar, estar mais atento para isso."
Ana Luiza tamb�m disse que sentiu falta de uma op��o para transexuais no formul�rio de inscri��o do Enem. "Pensei em colocar [a op��o] de deficiente, mas meu pai falou para n�o colocar nada", explicou ela. A m�e da adolescente, Cl�udia Cunha da Silva, de 39 anos, disse que a fam�lia j� vem estudando as medidas necess�rias para que a filha n�o passe mais por esse tipo de situa��o, e que nesta segunda-feira (28) vai ao cart�rio para pegar informa��es sobre o processo de mudan�a de nome.
"A gente tem que passar por um processo grande de evolu��o", afirmou Cl�udia. "Nesse caso n�o existe s� ela, existem v�rios candidatos."

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir