Categoria Policia  Noticia Atualizada em 28-10-2013

Pai de adolescente morto por PM diz que vai pedir indenização ao estado
Após resolver questões do enterro, pai vai contratar advogado. Jovem será enterrado nesta segunda-feira, na região do Jaçanã.
Pai de adolescente morto por PM diz que vai pedir indenização ao estado
Foto: g1.globo.com

O pai do adolescente morto por um PM na Vila Medeiros, Zona Norte de São Paulo, na tarde deste domingo (27), afirmou que, após concluir os procedimentos para o enterro do filho, marcado para as 16h no Cemitério Parque dos Pinheiros, no Jaçanã, pretende processar o estado e buscar uma indenização pelo ocorrido.

O estudante Douglas Rodrigues, de 17 anos, foi morto com um tiro no peito quando passava com o irmão de 13 anos em frente a um bar da Rua Bacurizinho, esquina com a Avenida Mendes da Rocha. O disparo foi realizado por um policial, que chegou ao local para averiguar uma denúncia de pertubação de sossego pois o som de um carro tocava funk em um volume muito alto.

O soldado Luciano Pires, de 31 anos, alegou que o tiro foi acidental. O PM disse em depoimento aos investigadores que, ao tentar sair do carro, a porta do veículo bateu na mão que segurava a pistola e a disparou acidentalmente. Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e permanecia detido no presídio militar Romão Gomes, também na Zona Norte da cidade, na tarde desta segunda-feira (28).

A versão sustentada por Pires difere da contada pelo irmão da vítima, que afirma que o PM atirou antes de descer do carro: "Ele deu o tiro [de] dentro do carro. Não falou nada. O meu irmão não teve nem reação", disse o garoto.

Segundo o motorista José Rodrigues, de 44 anos, o filho havia saído de casa a pé, acompanhado do irmão, para procurar um chaveiro. O carro dele, um Gol ano 93 que ainda estava sendo pago, apresentava problemas na maçaneta da porta. "Ele tinha tirado o dia pra cuidar do carro. Lavou, encerou e tava procurando um chaveiro pra arrumar a porta", disse o pai.

O pai contou que o homicídio aconteceu cerca de 20 minutos depois dos filhos deixarem a residência. De acordo com ele, Douglas parou com o irmão por alguns minutos para falar com uns colegas em frente a um bar, onde moradores da região se reuniam para ouvir música e conversar.

O motorista também afirmou que o policial que atirou era conhecido por outros jovens da vizinhança por conta do comportamento agressivo em outras rondas da PM. "Os meninos disseram que ele era meio bravo. O jeito dele trabalhar não era como o dos outros. O pessoal disse que ele era meio esquentado", contou.

Em entrevista ao Bom Dia SP, o porta-voz da Polícia Militar, Major Mauro Lopes, reafirmou que, na abordagem correta da polícia, a arma deve estar sempre apontada para baixo.

"Por quê?"

A mãe do adolescente disse, no início da manhã desta segunda-feira, que o filho não entendeu por que foi alvo do disparo do policial militar. "Por que o senhor atirou em mim?", perguntou o adolescente ao policial, segundo a mãe.

Em protesto pelo assassinato, moradores da região de Vila Medeiros colocaram fogo em ônibus e em lixeiras e danificaram agências bancárias na noite de domingo. A Tropa de Choque precisou intervir para conter os manifestantes.

Segundo a família, o estudante trabalhava em uma lanchonete. "Ele não tinha preguiça de trabalhar. Ele estudava. Estava no 3º ano", disse a mãe.

Ao menos 40 pessoas participaram da manifestação. O grupo também montou barricadas que bloquearam a Avenida Mendes da Rocha. A assessoria de imprensa da SPTrans, confirmou que ao menos três ônibus foram incendiados no ato.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir