Categoria Policia  Noticia Atualizada em 05-11-2013

Análise de vídeo mostra que preso não agrediu coronel, diz perito
Paulo Henrique Santos, de 22, anos, está detido desde o dia 25 de outubro. Jovem não aparece agredindo o coronel nas imagens, diz Ricardo Molina.
Análise de vídeo mostra que preso não agrediu coronel, diz perito
Foto: g1.globo.com

Pareceres técnicos sobre a avaliação de um vídeo feita pelo perito Ricardo Molina informam que o estudante Paulo Henrique dos Santos, de 22 anos, não participou da agressão ao comandante da Polícia Militar Reynaldo Simões Rossi durante manifestação em São Paulo no mês passado. O universitário está preso por suspeita de tentar matar o oficial.

O G1 teve acesso à análise realizada pelo especialista. No documento, o perito avaliou quadro a quadro as cenas do vídeo sobre o caso divulgado na internet. As imagens foiram usadas por policiais civis e militares para tentar identificar os suspeitos. "Em nenhum dos trechos da gravação Paulo aparece agredindo o policial", afirma o perito em sua conclusão.

A perícia particular foi contratada pela defesa de Paulo Henrique. O parecer técnico está sendo usado na estratégia de defesa do rapaz, como no pedido de habeas corpus feito na segunda-feira (4) para algum desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) julgar. Ainda na segunda, um juiz de primeira instância negou o segundo pedido de liberdade provisória para o detido e determinou que ele permanecesse no Centro de Detenção Provisória (CDP) Pinheiros III.

"O escritório pediu esse parecer ao doutor [Ricardo] Molina para comprovar que nosso cliente é inocente quando alega que estava no local, mas não agrediu o coronel", afirmou Alexandre Martins, um dos advogados do estudante, que também estuda a possibilidade de entrar com um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.

Paulo Henrique está preso desde o dia 25 de outubro, suspeito de tentativa de homicídio do coronel. O oficial da PM teve a clavícula quebrada na agressão cometida por um grupo de mascarados durante a manifestação do Movimento Passe Livre (MPL), no Terminal de ônibus Parque Dom Pedro II, no Centro de São Paulo. Durante a agressão, a pistola calibre .40 e o radiocomunicador do comandante também foram roubados. Cinegrafistas e fotógrafos profissionais, além de amadores, registraram o tumulto.

A pedido da reportagem, Ricardo Molina também analisou 15 fotos sobre a confusão no terminal de ônibus. "Tanto no vídeo quanto nas fotos não há nada que caracterize que ele agride alguém ou o coronel. Ele também não segura nenhum objeto que mostre que está com intenção de agredir alguém. A cara dele e as mãos estão limpas. Quem está com a prancha de madeira é uma pessoa mascarada", disse o perito.

Molina tem um laboratório especializado para fazer perícias em materiais de áudio, vídeo e documentos em geral. Ele trabalhou em casos que tiveram repercussão nacional como a Chacina de Vigário Geral (RJ), o acidente com o grupo musical Mamonas Assassinas (SP), o Caso PC Farias (AL) e a prisão do traficante Fernandinho Beira-Mar (RJ).

Registros

Além do vídeo "Coronel Da Policia Militar é Agredido em São Paulo 25/10/13", publicado inicialmente no YouTube, fotos da confusão que mostram o estudante sem máscara, próximo ao grupo que agride o PM, foram usadas por policiais civis na identificação de Paulo Henrique. Nesta segunda (4), porém, já não era mais possível acessar o vídeo.
Na gravação, o coronel aparece sendo cercado por um grupo. Mascaradas, algumas pessoas o agridem com pedaços de madeiras e chutes. O comandante tenta se desvencilhar dos agressores e corre.

Segundo boletim de ocorrência registrado no 1º Distrito Policial, na Sé, o policial militar Marco Yukio Yoshin, de 36 anos, que aparece nas imagens sacando uma arma para salvar o coronel de um linchamento, reconheceu o estudante por foto como um dos três agressores de Reynaldo Rossi. Além do universitário, outras seis pessoas foram detidas por suspeita de participarem da depredação do patrimônio público. Todas são investigadas por suposta ligação com o movimento Black Bloc, que usa o vandalismo como tática de protesto.

O G1 não conseguiu localizar o responsável pelo comando da área central da PM e Marco Yoshin para comentarem o caso. No dia 30 de outubro, Reynaldo Rossi afirmou que não falaria do assunto naquele momento.

Prisão

Quando negou pela primeira vez o pedido de liberdade feito pela defesa de Paulo Henrique, o juiz Alberto Anderson Filho, da Primeira Vara do Tribunal do Júri, do Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital, alegou que "o fato de o indiciado ser primário, estar cursando universidade, e ter respaldo familiar, não o afastou da participação em baderna na via pública". No texto, o magistrado justificou a decisão alegando se tratar de "manutenção da ordem pública".

"A defesa afirma que o indicado estava em meio ao tumulto e isso ela demonstra com fotografias. Não se pode, neste momento, questionar-se acerca da efetiva conduta do indiciado, mesmo porque ele sequer foi denunciado, nem mesmo se sabe se o será. Mas, como garantia da ordem pública, fica mantida a decisão que converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva", completou.

Em contrapartida, o promotor Neudival Mascarenhas Filho deixou claro que concordava com o pedido da defesa. "O pleito defensivo merece ser acolhido. Não estão presentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva. Não há nos autos indícios de que o indiciado seja uma ameaça à ordem publica ou de que se estiver solto frustrará a aplicação da lei penal. Ante o exposto, requeiro que sejam acolhidas as razões da defesa para que o indiciado seja posto em liberdade".

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir