Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-11-2013

Namorada diz que fiscal preso por fraude nunca falou em corrupção
Nágila Coelho contraria versão de ex e diz que auditor é íntegro. Operação contra fraude no ISS prendeu 4 auditores suspeitos de fraude.
Namorada diz que fiscal preso por fraude nunca falou em corrupção
Foto: g1.globo.com

A personal trainer Nágila Regina Coelho, de 38 anos, atual companheira do agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso Magalhães, disse ao G1 nesta terça-feira (5) que o ex-servidor nunca falou em corrupção e que ele está aliviado por ter começado a colaborar com as investigações. Namorada de Magalhães há quatro meses, ela rebateu acusações feitas pela ex-namorada Vanessa Alcântara, delatora do esquema.
O ex-servidor é o único dos quatro detidos por suspeita de fraude no Imposto sobre Serviços (ISS) que atualmente responde ao processo em liberdade. Ele foi solto no domingo (3) após acordo de delação premiada com o Ministério Público. "Eu acho que ele está uma pessoa mais aliviada e uma pessoa mais tranquila", afirmou Nágila.
Magalhães e outros três servidores da Secretaria Municipal de Finanças foram presos na quarta-feira (30) em uma operação do Ministério Público Estadual e da Corregedoria Geral do Município (CGM) que constatou um esquema milionário de desvios de recursos do Imposto sobre Serviços (ISS).
Nágila diz que não são verdadeiras as acusações feitas pela ex-namorada de Magalhães, Vanessa Alcântara, mãe de um filho dele, com nove meses de idade, de quem ele detém a guarda judicial.
"É minha hora de falar também, porque a mulher dele sou eu", afirmou. No domingo, Vanessa, a ex, disse que Magalhães assumia ser corrupto e que anunciou a ele a disposição de denunciar o esquema caso a pensão do filho não fosse aumentada.
Vanessa Alcântara denunciou, em entrevista, esquema de corrupção e depois afirmou que Magalhães se vangloriava de ser "corrupto". Náglia afirma, no entanto, que nunca viu Magalhães fazer afirmações sobre práticas de corrupção. "Ele nunca disse isso. Informação totalmente desprovida de verdade", afirmou.
Carceragem e paternidade
A personal trainer e dona de confecção conta que chegou a visitá-lo na carceragem do 77º Distrito Policial e disse que encontrou um homem irreconhecível. "Ele estava totalmente abatido, não imaginando que isso pudesse acontecer, estava bem triste, bem assustado, emagreceu demais. Nunca vi assim o estado dele", disse.
Segundo Nágila, ao deixar a prisão, na madrugada de domingo, Alexandre viajou diretamente para Valinhos, a 89 km da capital paulista, para participar de uma audiência relacionada à guarda do filho.
"Na segunda-feira de manhã ele estava em Valinhos e ela não compareceu ao fórum. Nem ver o filho ela foi na segunda-feira. Ele saiu, nem dormiu, foi direto. Ela foi até o Fórum de Valinhos para falar tudo isso que está acontecendo, achando que dessa maneira ela conseguiria a guarda da criança. Só que o fórum de Valinhos é ciente, tem todos os papéis lá, do que ela fez com a criança. Ele foi até lá como combinado, como pai. Ela não apareceu", afirmou.
A atual namorada de Magalhães afirma que o agente é um ótimo pai. "A criança estuda na melhor escola, tem babá, era super bem tratada. O que ela [Vanessa] está dizendo não é verdade", afirmou.
"É logico que ela [Vanessa] mentiu. Ela só tem um objetivo: aparecer. Vocês vão saber logo mais o que ela fazia antes. Levo na escola, busco todos os dias. A criança está comigo, com ele e com a babá, está muito bem cuidada", disse.

O G1 tenta contato com Vanessa, mas não obteve retorno.

Entenda como funcionava a fraude
Segundo a investigação da Controladoria Geral do Município (CGM) e do Ministério Público (MP), um grupo de auditores e fiscais fraudava o recolhimento do Imposto sobre Serviços (ISS). Ele é calculado sobre o custo total da obra e é condição para que o empreendedor imobiliário obtenha o "Habite-se".

O foco do desvio na arrecadação de tributos eram prédios residenciais e comerciais de alto padrão, com custo de construção superior a R$ 50 milhões. Toda a operação, segundo o MP, era comandada por servidores ligados à subsecretaria da Receita, da Secretaria de Finanças. O grupo pode ter desviado cerca de R$ 500 milhões da Prefeitura.

Foram detidos na quarta-feira (30) o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronlison Bezerra Rodrigues (exonerado do cargo em 19 de dezembro de 2012), Eduardo Horle Barcellos, ex-diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança (exonerado em 21 de janeiro de 2013), Carlos Di Lallo Leite do Amaral, ex-diretor da Divisão de Cadastro de Imóveis (exonerado em 05 de fevereiro de 2013) e o agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso Magalhães. O fiscal Magalhães fez acordo de delação premiada e foi libertado na segunda-feira (4).
Além dos quatro, são investigados Fábio Camargo Remesso e o auditor fiscal Amilcar José Cançado Lemos. Apesar da suspeita de envolvimento, nenhum dos dois foi detido. Remesso foi exonerado no sábado (2) . Ele era assessor da Coordenação de Articulação Política e Social, da Secretaria Municipal de Relações Governamentais. Já Lemos foi afastado e deve ser exonerado na terça-feira (5).

Além do processo criminal, todos investigados serão alvos de processo administrativo disciplinar. Uma comissão processante avalia se devem ser demitidos.

A Justiça determinou o bloqueio dos bens dos quatro suspeitos detidos inicialmente. Já foram localizados uma pousada de luxo em Visconde de Mauá, apartamento de alto padrão em Juiz de Fora (MG), barcos, automóveis de luxo. Há ainda indícios de contas ilegais em Nova York e Miami, além de imóveis em Londres.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir