Categoria Politica  Noticia Atualizada em 27-11-2013

É preciso provas, diz Alckmin sobre suposto elo de políticos com cartel
Governador de São Paulo criticou suposta falsificação de documento. Cúpula do PSDB acusa deputado petista de forjar parte da denúncia.
É preciso provas, diz Alckmin sobre suposto elo de políticos com cartel
Foto: g1.globo.com

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), seguiu a linha da cúpula do PSDB e também criticou nesta quarta-feira (27) uma suposta falsificação de documentos que serviram de base para apontar a ligação de governos tucanos e das empresas com o esquema de propina e cartel investigado no Metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
"Só quero reiterar aqui a nossa disposição total de investigação, transparência e responsabilização de quem quer que seja. Agora é preciso ter provas", afirmou Alckmin.
Na terça-feira (26), tucanos acusaram o deputado estadual licenciado do PT Simão Pedro de forjar um documento para incriminar políticos tucanos do governo paulista. O parlamentar nega as acusações, segundo o Jornal Nacional. O G1 tenta contato com o deputado desde a tarde de terça, mas não obteve retorno.
O PSDB afirma que não aceita o rumo das investigações sobre as denúncias de cartel envolvendo a Siemens, empresa que denunciou o esquema.
Alckmin citou as divergências sobre a origem de parte dos documentos que constam na investigação e que ligam o PSDB ao esquema de propina para contratos superfaturados. "Nos deixou estarrecido a mentira: primeiro falaram que quem encaminhou o relatório para a PF foi o Cade, daí vem o Cade e fala não encaminhei nada", disse. O governador apontou ainda que, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o ex-executivo da Siemens Ewerton Reinhemer, apontado como responsável pela denuncia, negou ser a origem das informações.
Além disso, Alckmin citou o que seria o terceiro item criticado pelos tucanos. "O documento de 2008, quando é traduzido do inglês para o português, é acrescentado, falsificado, listando nomes, acrescentando pessoas de partido político. (...) Na investigação nós somos os maiores interessados, na verdade absoluta, agora não é possível conduzir o processo dessa forma", criticou Alckmin.
Segundo o governador, é nítido que existe um objetivo político na divulgação das informações e que o PT quis desviar o foco das condenações do mensalão. "O estado, ele é vítima, é o maior interessado neste trabalho. Nós podemos ter aqui uma questão exemplar que é o ressarcimento. Agora entendo que esse trabalho tem que ser feito de forma colaborativa e de forma séria, não querendo em um momento de mensalão você querer misturar as coisas com um objetivo nitidamente político".
Controladoria
Mais de cem servidores públicos estaduais foram presos durante os últimos dois anos após investigações da Controladoria Geral do Estado, segundo o governador Geraldo Alckmin.
"Só Ciretran e Detran foram 56 prisões, fora demissões, fora todo o trabalho investigativo desde que a Controladoria está funcionando. Na área ambiental, 32 prisões, na área da saúde 14 prisões. São mais de cem pessoas presas. Grande parte não é presa, mas isso culmina com processo, com demissão a bem do serviço público, com ação de ressarcimento", declarou, após ser questionado sobre a ação do órgão nas investigações.
Cardozo é criticado
Na terça, em Brasília, integrantes do partido criticaram o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por ter recebido e repassado à Policia Federal - e não à Procuradoria Geral da República- um dossiê sobre a suposta prática de cartel em licitações dos trens e do Metrô de São Paulo e do Distrito Federal.
Entre os documentos apresentados pela direção do PSDB, e que constam do inquérito da Polícia Federal sobre o suposto cartel, está a cópia de uma carta anônima em inglês datada de junho de 2008 e sua tradução para o português. Os documentos têm carimbos do departamento da Polícia Federal de São Paulo. A carta é endereçada à direção da Siemens na Alemanha e denuncia práticas ilegais da própria Siemens no Brasil.
Em vários trechos, a tradução para o português não bate com o texto original em inglês. Logo na abertura, lê-se em inglês que "autoridades brasileiras estão investigando o envolvimento de pagamento de propina a funcionários de governo". Na versão para o português esse trecho vira "durante muitos anos a Siemens vem subornando políticos na sua maioria do PSDB e diretores da CPTM, metrô de São Paulo e metrô de Brasília".
Em um outro trecho, em inglês, ao se referir novamente às fraudes, a carta diz: "Cada parte tinha a sua própria maneira de pagar comissões a funcionários do governo". Em português a tradução ficou assim: "cada empresa tinha sua própria forma de pagar a propina ao pessoal do PSDB e a diretoria da CPTM".
Para o PSDB, a tradução foi feita pelo deputado licenciado Simão Pedro (PT-SP), hoje secretário de Serviços de prefeitura paulistana. "Isso é um crime. Isso está adendo, não está no original. O original está aqui, dentro do dossiê. Esse aqui é a cópia da tradução ‘padrão Simão Pedro’", acusa Jose Anibal, secretário de Energia de São Paulo. Simão Pedro diz que repassou o material ao Ministério da Justiça, e negou que tenha feito a tradução.
Outra carta cita nome de políticos
Na semana passada, o jornal "O Estado de São Paulo" revelou que outra carta, esta escrita em abril deste ano pelo ex-executivo da Siemens Ewerton Reinhemer, foi anexada ao inquérito da Polícia Federal, em que diz que existiu um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo, durante os governos Covas, Alckmin e Serra.
Em nota, Everton diz que a carta é anônima e que a investigação corre em sigilo. A advogada de Reinhemer diz que não pode negar ou confirmar que ele é o autor dessa carta, mas cinco fontes de órgãos públicos diferentes, ouvidas pelo Jornal Nacional, garantem que a carta-denúncia é dele.
Nesta carta de 2013, Reinheimer afirma que, em 2008, enviou uma carta à direção da Siemens na Alemanha denunciando as práticas ilegais da filial brasileira. Na tarde desta terça, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deu entrevista para responder as acusações dos tucanos. Ele confirmou que os documentos, em inglês e em português, fazem parte do material que recebeu e repassou à Policia Federal.
Cardozo contou que, no começo de maio, o deputado licenciado Simão Pedro foi à casa dele, em São Paulo, e entregou as cartas que recebeu, sem dizer quem tinha lhe repassado os documentos. Segundo o ministro, quando ele viu os nomes citados nas cartas decidiu entregar à Polícia Federal para que a PF analisasse se valeria a pena ou não incluir no inquérito.
"Não importa quem seja, o ministro da Justiça tem o dever de solicitar a investigação, a análise da procedência para que a polícia delibere o que fazer com o material. O ministro da Justiça que não o fizer, a meu ver, prevarica", afirmou o ministro. Ele acrescentou que não analisou os acréscimos de referência a políticos tucanos na tradução da primeira carta do funcionário da Siemens à empresa em 2008.
O diretor-geral da Polícia Federal disse que a PF não fez a tradução dos documentos que recebeu e que ainda investiga a veracidade deles. O diretor afirmou ainda que a investigação corre sob sigilo e que não há pessoas com foro privilegiado, entre os suspeitos.
"Nós vamos praticar diligências para ver se existe dentro de um inquérito já existente, e nesse inquérito se algum personagem de foro privilegiado surgir indícios de envolvimento, esse inquérito aí sim será remetido para o tribunal respectivo. Ponto. No momento, nós não temos, nessa investigação, nenhum personagem de foro privilegiado sendo investigado ou sequer indícios de seus envolvimentos. Ponto", garante Leandro Daiello, diretor-geral da Polícia Federal.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir