Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 02-12-2013

Naqueles tempos...
Avizinha-se o Natal, uma excelente �poca para reflex�o sobre o mundo de hoje e aquele que nos descreve a B�blia
Naqueles tempos...

Avizinha-se o Natal, uma excelente �poca para reflex�o sobre o mundo de hoje e aquele que nos descreve a B�blia. Naqueles tempos condenava-se algu�m � morte em fun��o dos crimes mais banais, e a crueldade das execu��es era algo absolutamente normal.
Eis que, decorridos mais de dois mil anos, adentramos no s�culo XXI. J� fomos � Lua. Preparamo-nos para ir a Marte. Computadores os mais modernos simplificam nossas vidas de forma fascinante, ampliando como nunca antes nossos limites.
Surpreendentemente, por�m, em um chocante contraste, nosso sistema penal permanece quase o mesmo! Pouco, ou quase nada, mudou! Ouso dizer que, em alguns casos, ele at� piorou. Estaria eu exagerando? Lamentavelmente, penso que n�o.
Comecemos pela crucifica��o, s�mbolo maior das atrocidades de uma �poca. Ela ainda � utilizada - com frequ�ncia, sob as vistas de multid�es, e agora flagelando at� os mortos! Que o diga um ladr�o da Ar�bia Saudita, h� poucos meses condenado a ser decapitado e em seguida crucificado em pra�a p�blica, sob as vistas de sua pr�pria cabe�a. Nos tempos b�blicos, as fam�lias podiam ao menos sepultar seus entes queridos ap�s a morte. Hoje em dia, n�o mais: a condena��o daquele infeliz ladr�o obrigava a perman�ncia deste espet�culo macabro, encenado em pra�a p�blica, por tr�s dias inteiros.
Havia tamb�m, naqueles tempos, o apedrejamento � que continua, firme e forte! Vide a pobre mulher somaliana condenada a morrer desta forma, ap�s ter sido julgada por adult�rio. Houve, por�m, uma diferen�a: nos dias atuais tomou-se o cuidado da sele��o das pedras � nem t�o grandes que matassem logo, nem t�o pequenas que n�o causassem dor aguda. No mais, a execu��o foi a mesma festa popular dos tempos b�blicos.
Algu�m poderia dizer que estes s�o exemplos isolados vindos de pa�ses reputados atrasados. N�o, estes n�o s�o exemplos isolados � s�o rotina. E a crueldade destes exemplos � a mesma do resto do mundo � onde ela mostra-se talvez mais refinada, por�m n�o menos b�rbara.
Vejamos, por exemplo, os Estados Unidos, pa�s no qual as tenebrosas cadeiras el�tricas, nos �ltimos anos, deixaram em chamas a cabe�a de um condenado, e causaram a outro queimaduras intensas durante cinco minutos, durante os quais o infeliz gritava e se debatia sob as vistas impass�veis dos legion�rios romanos, digo, dos agentes da lei e da justi�a. O horror chegou a um grau tal que um juiz da Suprema Corte, ao proibir este tipo de execu��o, declarou que "n�o se podia castigar a crueldade com mais crueldade".
Passou-se, ent�o, �s inje��es letais. Mas a barb�rie continuou. Que o diga Romell Broom, massacrado com a aplica��o de dezoito delas � todas infrut�feras. O que era para ser uma execu��o virou uma sess�o de tortura capaz de ruborizar o mais impiedoso crucificador romano.
Ali�s, nem aqueles romanos b�rbaros ousavam executar crian�as e loucos � coisas que nos nossos tempos foram encaradas como normais. Inclusive, nesta rubrica, � emblem�tico o caso de Charles Singleton, um doente mental l� do Arkansas (EUA), que foi tratado at� que ficasse s�o o suficiente para ser executado.
E � assim, ao avizinhar-se mais um Natal, que bem podemos recordar a crueldade dos legion�rios romanos e a frase de Oscar Wilde: "uma sociedade embrutece mais com o uso habitual de castigos do que com a repeti��o dos delitos".

Fonte: O Autor
 
Por:  Pedro Valls Feu Rosa    |      Imprimir