Categoria Economia  Noticia Atualizada em 03-01-2014

Após um ano difícil, especialistas dão dicas de investimento para 2014
Com juros e inflação alta, aplicações conservadoras são indicadas. Recomendação é atenção aos investimentos e contratação de gestores.
Após um ano difícil, especialistas dão dicas de investimento para 2014

Se 2013 foi um ano difícil para ter ganhos acima da inflação nos investimentos, 2014 não deve ser muito melhor, segundo os especialistas em investimento ouvidos pelo G1. Para eles, ter bom rendimento nas aplicações no próximo ano 2014 vai dar trabalho: será preciso a ajuda de profissionais especializados, avaliação constante dos resultados e diversificação das aplicações.

Como a poupança vem empatando ou rendendo menos que a inflação, a orientação é usar a caderneta como um meio de juntar dinheiro para investir em outras aplicações. "Se você consegue guardar R$ 200, R$ 300 por mês, em um ano pode fazer sentido. (A poupança) é um veículo inicial para depois ver opções para tickets (valores) um pouquinho maiores", diz o sócio da Soma Invest, Márcio Neubauer, que não sugere a compra de títulos de capitalização.
A Soma Invest e a XP dizem que a partir de R$ 10 mil é possível montar uma carteira de aplicações e recorrer ao serviço de um gestor ou de uma corretora.
Na hora de escolher onde colocar o dinheiro, a sugestão do economista-chefe da XP Investimentos, Daniel Cunha, é uma postura conservadora, seletiva, que ele chama de "pré-ocupação" com o investimento. "É difícil apostar em só uma coisa. Quanto mais tempo se dedicar a leituras ou delegar para especialistas os investimentos, melhor", diz, avisando das dificuldades de se ter bons retornos nesse novo ambiente econômico de menos calmaria e juros mais altos.
A superintendente de investimentos do Santander, Sinara Policarpo, orienta a diversificação dos investimentos inclusive geográfica, já que as ações dos países desenvolvidos vêm tendo bons resultados e estão acessíveis por meio de fundos multimercado brasileiros.
Seja qual for a aplicação escolhida, é importante ver se há taxas de administração e qual o desconto de Imposto de Renda, já que só assim se vai saber quanto se ganha e poder comparar os desempenhos, recomenda Neubauer.
O IR é pago sobre os ganhos em fundos e nos títulos do Tesouro, mas vai de 27,5% (para investimentos de menos de seis meses) a 15% (para os de mais de dois anos). As ações pagam 15% de imposto sobre o lucro depois de serem vendidas. Alguns fundos imobiliários, que investem em imóveis ou títulos deles como as Lestras de Câmbio Imobliárias (LCI), podem ser isentos de IR. Já as taxas de administração ou de corretagem são definidas pelas corretoras e bancos, por isso é preciso perguntar o que e quanto será pago.
Veja os investimentos sugeridos pelos especialistas:
Renda Fixa
A renda fixa, que ficou entre os melhores retornos de 2013 (8% em 12 meses, segundo a Soma Invest), é sugerida também para 2014 porque os riscos e turbulências financeiras continuam: será um ano de Copa do Mundo, eleições, continudade da redução dos estímulos econômicos dos EUA, a inflação e os juros estão altos no Brasil.
Os especialistas se surpreenderam com o ganho deste tipo de investimento em 2013, já que a renda fixa tende a dar menos retorno por ser mais seguro. Com a alta da inflação, de 5,77% em 12 meses, os fundos atrelados a esse índice tiveram bom rendimento, caso dos títulos do governo NTN-B, que pagam uma taxa fixa mais o IPCA, considerado a inflação oficial do governo.
A sugestão de Sinara Policarpo, superintendente de investimentos do Santander, é que 50% da carteira de investimento seja colocado em fundos como o DI, que tem rendimento próximo ao CDB, ou Letras de Câmbio Imobiliário (LCI). O ideal é manter as aplicações por mais de dois anos para pagar o mínimo possível de Imposto de Renda: 15%.
Dólar
A moeda americana e os fundos ligados a ela foram os investimentos com melhor desempenho em 2013: subiram 10,12% e 10,82%, respectivamente, nos 12 meses encerrados em novembro. Ainda assim, investir em dólar não é muito recomendado por se tratar de investimentos muito arriscados, com muitos altos e baixos e dificuldade de prever o tamanho dos ganhos – ou das perdas.
Bolsa
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve um ano ruim, com queda de mais de 17%. Ainda assim, a compra de ações bem escolhidas é vista como uma boa opção de investimento, tanto que os fundos de ações livres, que não estão ligadas ao Ibovespa, renderam 10,83%, em média, em 12 meses.
Sinara Policarpo, do Santander, indica a compra de ações do setor de consumo e serviços como banco e educação. "Talvez a gente veja comportamento semelhante ao de consumo na área de serviços com o boom da classe C", indica.
Neubauer, da Soma Invest, recomenda apostar em determinadas empresas do setor imobiliário, que devem ter o desempenho ajudado pelo aumento do valor do FGTS para a compra de imóveis; do setor de minério, já que o crescimento da China deve se manter; e do setor de alimentação.
Na expectativa de que 2014 seja um ano difícil para as empresas, Neubauer recomenda delegar o investimento em bolsa a gestores financeiros. "Gente que faz isso o dia todo, analisa as empresas e pode calcular o preço justo (de negociação)", diz.
Ações americanas
Como os países desenvolvidos estão em rota de recuperação, a superintendente de investimentos do Santander, Sinara Polycarpo, recomenda a diversificação geográfica dos investimentos. Ela indica a compra de ações americanas, já que o S&P 500 subiu 28,76% até novembro e há expectativa de manutenção do crescimento dos EUA, o que deve fazer com que o rendimento continue bem acima dos papéis brasileiros.
"Muita gente nem sabe que é possível investir nos EUA estando no Brasil e só tem boa notícia vindo de fora. O problema é Brasil mesmo, que está bem complicado", diz. Em vez de comprar ações diretamente no exterior, ela diz que é possível aplicar em fundos multimercado brasileiros que tenham esse tipo de papel entre os investimentos: eles podem ter até 20% de ativos do exterior.
Inflação
Aplicações corrigidas pela inflação, como os títulos do governo, são sugeridas, mas em baixa quantidade, pela superintendente de investimentos do Santander, Sinara Policarpo. Ela recomenda colocar cerca de 5% do total disponível neste tipo de aplicação. "Só precisa pensar bem porque os títulos são de longo prazo", diz. Por conta disso, o dinheiro deve ficar investido por pelo menos dois anos.
Fundos de infraestrutura
Apesar da rentabilidade baixa que tiveram na média, esse tipo de aplicação é indicado, principalmente porque há opções isentas de impostos, diz Márcio Neubauer, da Soma Invest. Os fundos de infraestrutura caíram, em média, 5,21% nos 12 meses fechados em novembro, segundo a consultoria.
Para acertar na escolha do investimento, no entanto, é necessário pesquisar. "É preciso ser seletivo, há quase uma centena (de fundos) e só uma mão cheia com bons fundos", diz Neubauer. Ele recomenda que o pequeno investidor mantenha a aplicação por pelo menos seis meses e destaca as Letras de Câmbio Imobiliárias (LCI) e as Agrícolas (LCA), que rendem perto de 90% do CDI e não têm imposto. Neubauer diz que é preciso atenção às taxas de rentabilidade e aponta que em bancos menores pode ser possível encontrar as mais atrativas.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir