Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-02-2014

Corpo de cineasta Eduardo Coutinho será enterrado nesta segunda no Rio
Velório é realizado na Capela 3 do Cemitério São João Batista. Documentarista foi morto a facadas em casa; filho foi preso em flagrante.
Corpo de cineasta Eduardo Coutinho será enterrado nesta segunda no Rio
Foto: g1.globo.com

O velório do cineasta Eduardo Coutinho, assassinado a facadas na manhã deste domingo (2) em sua casa, na Lagoa, Zona Sul do Rio, começou pouco antes das 10h30 na Capela 3 do Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na Zona Sul. O enterro está marcado para as 16h.

Para a polícia, Daniel, um dos filhos do cineasta, matou o pai, esfaqueou a mãe e depois atingiu a própria barriga com facadas durante um surto.

Irmã do cineasta, Heloísa de Oliveira Coutinho, de 78 anos, disse que soube da morte de Eduardo pelo sobrinho, Pedro. Ela mora em São Paulo e chegou ao Rio na noite de domingo (2). "Foi um ótimo irmão. Ele levou uma vida muito discreta, eu não sabia detalhes da vida dele com os filhos. A morte dele foi uma surpresa", disse.

Heloisa disse que Daniel Coutinho, o filho de Eduardo que e o principal suspeito de ter matado o pai, chegou a ajudar o cineasta nas produções. "Lembro que ele chegou a participar, ajudar o pai no Edifício Master, mas depois não soube de mais nada", explicou.

O diretor de cinema Paulo Ascensão foi um dos primeiros a chegar ao velório no São João Batista e destacou a importância das obras de Eduardo Coutinho para a cultura e para a educação brasileira. "Nos conhecemos desde 1985. O "Edifício Master", que eu tive a chance de participar do trabalho, virou um legado. O filme é quase que obrigatório nas aulas de direito hoje em dia," disse o amigo de Coutinho, que destacou ainda a generosidade do amigo: "Um profissional competente e apaixonado pelo que fazia", finalizou.

Investigação

Suspeito do crime, o filho do cineasta, Daniel Coutinho, de 42 anos, foi preso em flagrante pela morte do pai. Ele seguia internado sob custódia na unidade intermediária do Hospital Miguel Couto nesta manhã.

Logo após o crime, Daniel bateu na porta de um vizinho, "não concatenando as ideias" nem "falando palavras corretas", em um aparente surto de esquizofrenia, contou o delegado o delegado Rivaldo Barbosa, diretor da Divisão de Homicídios.

A mãe de Daniel, Maria das Dores Coutinho, de 62 anos, também foi esfaqueada (levou dois golpes de faca nos seios e três na barriga, além de sofrer uma lesão no fígado) e seguia internada em estado grave nesta manhã. Ela também passou por cirurgia.

De acordo com o delegado, Maria das Dores se salvou porque conseguiu se trancar no banheiro após ser ferida. De lá, ligou para o outro filho do casal, Pedro Coutinho.

"A gente espera que a mãe se recupere para poder esclarecer [o que houve]", disse Barbosa.

O delegado contou que Daniel primeiro golpeou o pai, até matá-lo. Em seguida, atacou a mãe. Ele, então, aplicou dois golpes de faca na própria barriga, foi até a porta do vizinho e pediu para o homem avisar o porteiro sobre o ocorrido. Daniel voltou para o apartamento e ficou lá até a chegada dos bombeiros.

"Ele abriu para os bombeiros voluntariamente. O porteiro bateu, ele abriu", explicou Barbosa, acrescentando que uma vizinha disse ter ouvido gritos.

Carreira

O paulistano Eduardo Coutinho ganhou em 2007 a estatueta Kikito de Cristal, do Festival de Cinema de Gramado (principal premiação do cinema nacional), pelo conjunto de sua obra.

Entre seus principais filmes, estão "Edifício Master", "Jogo de cena", "Babilônia 2000" e "Cabra marcado para morrer".

Em junho do ano passado, ele e o também cineasta José Padilha (autor dos filmes "Tropa de elite" e "Tropa de elite 2: O inimigo agora é outro") foram convidados a integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (Ampas, na sigla em inglês), responsável pela premiação do Oscar.

Em toda a carreira, Coutinho dirigiu 20 filmes, entre longas e curtas-metragens, segundo informações do site IMDB. São eles:

"O ABC do amor" (1967)
"O homem que comprou o mundo" (1968)
"Faustão" (1971)
"Seis dias de Ouricuri" (1976)
"Teodorico, o imperador do sertão" (1978)
"Exu, uma tragédia sertaneja" (1979)
"Cabra marcado para morrer" (1985)
"Santa Marta" (1987)
"O fio da memória" (1991)
"Boca de lixo" (1993)
"Santo forte" (1999)
"Babilônia 2000" (1999)
"Porrada" (2000)
"Edifício Master" (2002)
"Peões" (2004)
"O fim e o princípio" (2006)
"Jogo de cena" (2007)
"Moscou" (2009)
"Um dia na vida" (2010)
"As canções" (2011)

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir