Categoria Politica  Noticia Atualizada em 01-03-2014

Venezuela. Maduro anuncia balanço de vítimas com 50 mortos
Principal força da oposição recusa participar em conferência de Maduro, que diz ser uma "farsa" para o presidente "posar para a fotografia"
Venezuela. Maduro anuncia balanço de vítimas com 50 mortos
Foto: Tomas Bravo- Reuters

Diogo Vaz Pinto

Nicolás Maduro chutou o balanço quanto a fatalidades provocadas em mais de duas semanas de tumultos na Venezuela para 50, e dos 13 a 15 mortos, na variação que ia da estatística oficial para a da oposição, o presidente alargou a margem contabilística, abrangendo agora pessoas que supostamente terão perdido a vida "em consequência de bloqueios de estradas e barricadas", ou seja, acções promovidas pelos activistas da oposição.

"Ontem, uma senhora de 84 anos morreu no Leste de Caracas porque ficou retida por três horas numa estrada bloqueada. Morreu no carro da família de uma ataque cardíaco", explicou Maduro num tom compungido, durante mais um comício pró- -governo dos que se têm sucedido diariamente às portas do palácio presidencial de Miraflores.

O discurso do presidente, desta vez perante agricultores, foi proferido horas antes de uma conferência para pôr fim à instabilidade no país. Mas a principal coligação na fragmentada oposição venezuelana, o MUD, fez saber que não ia participar numa "farsa". Henrique Capriles, o líder da oposição, disse que o encontro não passava de uma oportunidade para Maduro distribuir apertos de mão e "posar para a foto". A onda de protestos que o governo de Maduro enfrenta é o mais significativo movimento de sublevação numa década e chega num momento em que o país assiste a uma degradação vertiginosa das suas condições sociais e económicas, com a mais alta taxa de inflação das nações sul-americanas e uma das piores taxas de homicídio do mundo - a cada 20 minutos morre outro venezuelano vítima de crime violento, e na capital, Caracas, há mais sequestros que na cidade mais violenta da região (Cidade do México). Há ainda os problemas relacionados com o mercado negro, para onde é escoada grande parte dos bens importados e onde a moeda de referência é o dólar - que vale muito mais que os 6,2 bolívares (taxa de câmbio oficial, ainda que meramente virtual). O governo de Nicolás Maduro mantém esta taxa fixa o que incentiva o tráfico de bens básicos. Os problemas de escassez nas lojas comuns e cadeias de supermercado leva, por sua vez, a que os venezuelanos sejam forçados a perder horas de um lado para o outro e em longas filas para conseguirem comprar bens essenciais, como leite, açúcar, carne, etc. O governo tem outra versão: os problemas de escassez são provocados por empresários "gananciosos de lucro" e "sabotadores" que acumulam bens para vender no mercado negro.

A "conferência nacional de paz" foi convocada por Maduro há poucos dias, depois de um fim-de- -semana que voltou a ficar marcado por incidentes de violência, e entre os presentes estiveram a Igreja e um dos principais grupos empresariais a operar na Venezuela. A reunião fez-se, mas dela não saíram novidades. Entretanto, e numa altura em que os protestos prosseguem em várias cidades, apesar de o número de manifestantes parecer em declínio, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o Papa Francisco juntaram ontem as suas vozes às dos muitos líderes que têm apelado ao fim da violência no país, mostrando-se ambos muito preocupados com o desenrolar da situação.

Venezuela. Maduro anuncia balanço de vítimas com 50 mortos
Principal força da oposição recusa participar em conferência de Maduro, que diz ser uma "farsa" para o presidente "posar para a fotografia"


Fonte: http://www.ionline.pt/
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir