Categoria Religi�o  Noticia Atualizada em 02-03-2014

Campanha da Fraternidade 2014
Este ano a Igreja Cat�lica no Brasil, no tempo da Quaresma, quando convida � convers�o, ora��o e reflex�o
Campanha da Fraternidade 2014
Foto: http://www.arquidiocesebh.org.br/

Geraldo Trindade

Este ano a Igreja Cat�lica no Brasil, no tempo da Quaresma, quando convida � convers�o, ora��o e reflex�o, desenvolver� a Campanha da Fraternidade, que trar� como tema: Fraternidade e tr�fico humano. E seu lema ser�: � para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5,1).

Mais de 200 anos ap�s o 13 de Maio, que extinguiu a escravid�o no Brasil, milh�es de pessoas continuam sendo tratadas como mercadorias, pass�veis de serem vendidas, compradas e exploradas.

A ONU por meio do protocolo de Palermo (2003) define o tr�fico de pessoas como "o recrutamento, o transporte, a transfer�ncia, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo-se � amea�a ou ao uso da for�a ou a outras formas de coa��o, ao rapto, � fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou � situa��o de vulnerabilidade ou � entrega ou aceita��o de pagamentos ou benef�cios para obter consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de explora��o".

As v�timas do tr�fico humano s�o retiradas de seu ambiente, de seu pa�s ou cidade, e passam a ter sua mobilidade reduzida, pois s�o usadas para a explora��o sexual ou de trabalho. Outros meios para o aliciamento das pessoas s�o as propostas de trabalho na agricultura, pecu�ria, com�rcio, constru��o civil ou oficinas de costura.

A pessoa humana criada por Deus (Gn 1, 26-27), vista como fruto querido e amado da cria��o divina, deixa de ser sujeito capaz de liberdade e passa a ser tratada como objeto, um produto, uma mercadoria, que se vende, troca, transporta e explora. O tr�fico humano e a explora��o privam a pessoa da sua dignidade, da sua liberdade e capacidade de orientar sua vida. Por outro lado, o reconhecimento da filia��o divina possibilita que, por Jesus Cristo, faz com que todos sejam dignos de ter sua vida respeitada. Dessa forma, tudo o que vai contra a vida tamb�m vai contra o projeto do Reino de Deus, realidade onde "justi�a e paz se abra�ar�o" (Sl 85,11), pois o Senhor � o Deus que liberta e salva os oprimidos, liberta das algemas da opress�o; pois leva ao cumprimento pleno o plano salv�fico de Deus (Lc 4, 14-21).

No Brasil, mais de 25 mil pessoas prestam servi�os, presas em fazendas, garimpos e carvoarias. De 1995 a 2008 cerca de 33.750 foram libertadas do trabalho escravo. Em 21 estados da Federa��o j� foram encontrados trabalhos escravos. No ano de 2000 foi desmantelada uma rede de tr�fico humano para a venda de �rg�os que ligava Pernambuco e a �frica do Sul. Em 2004, o Minist�rio P�blico denunciou 28 pessoas por este crime. A comercializa��o de 30 �rg�os movimentou 4, 5 milh�es de d�lares neste esquema criminoso. H� ainda o tr�fico interno de pessoas no Brasil para o trabalho em situa��es ilegais e subumanas. O nosso pa�s, infelizmente, � tamb�m importador de m�o de obra dos pa�ses vizinhos, principalmente da Bol�via, do Peru, do Paraguai, do Haiti e da Col�mbia.

No �mbito internacional, dos 2,5 milh�es de pessoas traficadas, 43% s�o para explora��o sexual, 32% para explora��o econ�mica e 25% para as duas finalidades ao mesmo tempo.

O tr�fico humano est� diretamente associado ao modelo de desenvolvimento presente na economia, pois a competitividade e o desejo de lucro pressionam para que se reduzam os gastos do trabalho, a "flexibilizar" as leis trabalhistas para que o produto final chegue a um pre�o mais baixo e gere um consumo maior. Por�m, tais mercadorias, que alimentam a sede de lucro, vem da explora��o escrava de homens, mulheres e crian�as � que t�m sua liberdade cerceada, seus planos e projetos desfeitos, seus la�os afetivos relegados ao esquecimento.

Esta Campanha da Fraternidade favorece-nos em gestos concretos claros e pertinentes:

- estar atento para perceber pessoas que aliciam outras para o trabalho e atividades que n�o respeitam as leis trabalhistas e denunci�-las;

- buscar em nossas rela��es trabalhistas o ato de pautar pela justi�a e honestidade para com as leis trabalhistas e os direitos dos trabalhadores;

- dar prioridade � compra de mercadorias de lugares e regi�es que n�o utilizem m�o de obra explorada desrespeitando os direitos dos trabalhadores;

- educar para a vida de liberdade, reconhecendo-se como filhos e filhas de Deus, criados em dignidade e amor.

A f� crist� favorece que cada crist�o se reconhe�a construtor de um mundo novo, onde o Evangelho encontre acolhida nas estruturas sociais e nos cora��es humanos; onde a vida em plenitude seja a meta concreta de uma vida imersa em Cristo. Em Jesus somos plenamente livres, a lei do Amor deve ser vivida plenamente, sem diferencia��es, a ponto de que possamos dizer, como S�o Paulo: "J� n�o sou eu que vivo, mas � Cristo que vive em mim"(Gl 2,20). Pois sabemos que o Amor nos criou e se entregou de forma plena e radical na cruz. Assim, ningu�m tem a capacidade e o poder de inibir a liberdade do outro, pois "todos s�o filhos de Deus pela f� em Jesus Cristo" (Gl 3, 26).

* Geraldo Trindade, di�cono na arquidiocese de Mariana, � bacharel em filosofia e formado em teologia pelo Instituto S�o Jos� de Mariana. - http://pensarparalelo.blogspot.com

Campanha da Fraternidade 2014


Fonte: http://www.jb.com.br/
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir