Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 13-03-2014

Outros carnavais
�A viol�ncia, seja qual for a maneira como ela se manifesta, � sempre uma derrota�, Jean-Paul Sartre.
Outros carnavais

Confesso que o carnaval j� foi bem mais atraente, mas nossa rela��o ficou meio conturbada com tanta carnificina. Em tempo real, todos acompanharam pelas redes sociais as mortes que s� aumentavam a cada dia de folia. Os feridos, incont�veis, quase passaram despercebidos. Este ano, dez mortes a mais em todo o Esp�rito Santo, um total de 31 assassinatos.

A psican�lise se interroga a respeito de novos sintomas e do mal-estar na atualidade. � poss�vel que ela possa ajudar a alcan�armos algumas ideias sobre a quest�o da viol�ncia em nosso tempo, propondo mecanismos para sua compreens�o por meio do inconsciente e da satisfa��o pulsional. Para isso, a contribui��o de Lacan (em seu retorno a Freud) � importante. Sendo assim, a viol�ncia � um gozo, um excesso, um impulso que ultrapassa a agressividade que ter�amos em caso de defesa.

Mas como nos defendermos deste mecanismo de defesa do ato de um gozo sem limites? Primeiro temos que nos conscientizar que n�o se trata de um "momento" euf�rico explosivo. Conforme dados levantados pelo Sindipol, o estado vem conquistando posi��es negativas de destaque em rankings nacionais.

Entre os jovens que as taxas de homic�dios do estado escandalizam pelos �ndices, que mostram uma viol�ncia epid�mica que beira o exterm�nio. Tamb�m na faixa et�ria entre 15 e 24 anos, o Esp�rito Santo � o segundo estado mais violento, atr�s tamb�m de Alagoas.

Os dados revelados nos estudos trazem informa��es importantes para uma profunda reflex�o. A responsabilidade, como j� disseram, pode at� cair no colo dos governantes, mas a culpa � de todos. De uma sociedade amedrontada com tamanha viol�ncia que a rodeia. E o medo alimenta tal comportamento.

N�o h� proibi��o suficiente para impedir tais epis�dios brutais, uma vez que, para a Psican�lise, a pr�pria lei (que pro�be a viol�ncia) tem suas origens nos interesses violentos de um grupo de indiv�duos. A respeito da lei, Freud diz: "Estaremos fazendo um c�lculo errado se desprezarmos o fato de que a lei, originalmente, era for�a bruta e que, mesmo hoje, n�o pode prescindir do apoio da viol�ncia" (Freud, 1933[1932] / 1980, p. 251).

Se � que tem um jeito para diminuir estes �ndices, a solu��o seria um planejamento adequado. N�o de cima para baixo, mas com toda a sociedade. O estado (governo) � respons�vel pela seguran�a, mas respeit�-la (que s�o outros carnavais) � papel de todos. S� por meio do conhecimento e n�o da repress�o se pode vislumbrar tal poss�vel solu��o. A maioria vai preferir bem de longe, se poss�vel, no camarote.

Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir