Categoria Geral  Noticia Atualizada em 21-03-2014

Quase 90 prisões são afetadas por greve de agentes, diz governo
Delegacias da capital paulista estão superlotadas. Na quinta, Tropa de Choque agiu para permitir entrada de presos em CDP.
Quase 90 prisões são afetadas por greve de agentes, diz governo
Foto: g1.globo.com

Quase 90 das 158 unidades prisionais do estado de São Paulo são afetadas pela greve dos agentes penitenciários, segundo estimativa do governo do estado. As delegacias da capital paulista estão lotadas e os presos são mantidos em situação precária, como mostrou o Bom Dia São Paulo.

O Centro de Detenção Provisória de Guarulhos, na Grande São Paulo, está com pelo menos o triplo de sua capacidade. Um agente informou ao Bom Dia São Paulo, nesta sexta-feira (21), que em um espaço destinado a 96 detentos, 320 detidos dividem o mesmo espaço.

As oito delegacias que abrigam presos até que eles sejam levados para os CDPs, com capacidade entre 10 e 20 presos, enfrentam superlotação na capital paulista. Na quinta-feira, 791 presos aguardavam transferência.

A carceragem do 26º Distrito Policial, no Sacomã, que abriga atualmente mais de 100 presos, está com uma condição de higiene crítica. Dos quatro banheiros, dois estão interditados e apenas um tem chuveiro. Por volta de 21h de quinta-feira, apenas os policiais do plantão estão na delegacia para atender a população e vigiar os presos.

As outras sete delegacias, que também abrigam presos provisórios, enfrentam problemas semelhantes. O 91º DP, na Ceagesp, Zona Oeste de São Paulo, está com 80 presos. Já o 72º DP, na Vila Penteado, está com 87 detentos.

Um vídeo divulgado pelo Bom Dia São Paulo mostra os detidos do 49º Distrito Policial, em São Mateus, na Zona Leste, em banho de sol. Nesse distrito, são cerca 20 detidos por cela.
Em algumas delegacias, a situação de segurança é precária. Na quarta feira, presos de grupos rivais brigaram e destruíram boa parte da carceragem do 2 DP, no Bom Retiro, no Centro. Por causa disso, 80 foram transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP) do Belém, na Zona Leste da capital paulista. Sessenta presos permaneciam no 2ºDP.

Por determinação da Delegacia Geral, investigadores do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil fazem a segurança para impedir fugas e rebeliões de presos.

A Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo foi acionada nesta quinta-feira (20) para garantir a entrada presos no CDP de Belém I. No fim da manhã, caminhões com cerca de 100 presos foram impedidos pelos agentes de entrar. Os funcionários alegam que estão em greve há dez dias por melhores condições de trabalho e salário. Por esse motivo, não estão recebendo presos ou permitindo a saída deles.

O presidente do Sindicato dos Agentes Pentinenciários (Sindasp), Daniel Grandolfo, repudiu a ação policial. "Isso fere um direito grevista dos agentes penitenciários, que é o de impedir a entrada e saída de presos para reivindicar melhorias para a categoria, como carreira e salários", disse o presidente. "Mas estamos mantendo às vísitas de familiares e saídas e entradas com presos para emergências, como questões de saúde."

Procurada pelo G1 para comentar o assunto, a assessoria de imprensa da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou por meio de nota que está tomando medidas para cumprir a decisão da Justiça para o cumprimento da entrada e saída dos presos.

Procurada pelo G1 para comentar o assunto, a assessoria de imprensa da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou por meio de nota que está tomando medidas para cumprir a decisão da Justiça para o cumprimento da entrada e saída dos presos.

Questionado pelo G1, o presidente do Sindasp, Daniel Grandolfo, estima que cerca de 5 mil presos deixaram de entrar e sair nas unidades prisionais do estado de São Paulo nos dez dias que dura a greve. "Queremos 10% de aumento e não 5% como o governo nos ofereceu. O governo disse que só voltará a negociar se encerrarmos a greve, mas ela será mantida".

Ainda sobre a ação policial nesta manhã no CDP Belém, Grandolfo informou que àquela unidade prisional não era a única a ter a presença de PMs na frente. "Quase todas as prisões do estado estão com viaturas querendo levar e retirar presos nesta manhã".

Segundo nota publicada nesta quinta-feira no site do Sindasp, Grandolfo informou que teve conhecimento de que a SSP e a SAP montaram uma operação conjunta nesta manhã para garantir a entrada e saída dos presos dos sistema prisional em São Paulo mesmo diante do impedimento dos agentes penitenciários, que estão em greve.

Ainda de acordo com a informação do site do sindicato, o presidente soube que os agentes penitenciários que impedirem a entrada e saída de presos serão presos pela pelos policiais. "Os diretores das unidades prisionais vão até as delegacias e registram um boletim de ocorrência contra os agentes que estão se negando a realizarem as funções nas unidades", disse Grandolfo na página do Sindasp. "Automaticamente os delegados abrem inquérito os juízes expedem as ordens de prisão."

Ainda no site, o presidente orienta a categoria a ficar tranquila caso policiais civis ou militares prendam agentes. "É para os servidores entregarem as chaves das unidades para o diretor geral, e depois se juntarem, se abraçarem e pedir que então levem todos presos. Isso deve acontecer em todas as unidades prisionais do Estado", escreveu Grandolfo.

Segundo o site do Sindasp, o chefe do departamento jurídico do sindicato, o advogado Jelimar Salvador, afirmou que a ordem de prisão é ilegal. "Não pode haver ordem de prisão pelo fato de os agentes penitenciários se negarem executar o serviço. Isso não existe, se fosse assim, então teria que prender também os funcionários do judiciários quando fizeram greve e se negaram a realizar as atividades", disse o advogado. "Os agentes penitenciários cometem uma infração administrativa e não criminal".

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir