Categoria Policia  Noticia Atualizada em 22-03-2014

Filhos de mulher arrastada por PMs passam 1º aniversário sem a mãe
Irmão de Claudia disse que ela queria fazer festa para casal de gêmeos. "Nem que a gente pegue dinheiro emprestado", falou Júlio César Ferreira.
Filhos de mulher arrastada por PMs passam 1º aniversário sem a mãe
Foto: g1.globo.com

Dois filhos de Claudia Silva Ferreira, Pablo e Pâmela, vão festejar o primeiro aniversário sem a presença da mãe neste domingo (23). Eles completam 10 anos, segundo o tio deles, Julio Cesar Ferreira. "Vai ter festa nem que a gente pegue dinheiro emprestado", disse ao G1.

Claudia teve o corpo arrastado por 350 metros por um carro da Polícia Militar no domingo (16) no Morro da Congonha, em Madureira, no Subúrbio do Rio. Ela foi morta após ser atingida por uma bala perdida durante uma ação da PM.

Mãe de oito filhos — quatro biológicos e quatro adotivos —, Claudia é lembrada como uma pessoa alegre pelos familiares. "Ela era a primeira a querer fazer festa. Agora aconteceu isso tudo aí, a gente ficou um pouco sem tempo para cuidar da festa. Mas vai ter, porque festa de criança tem de ter pelo menos um bolo, não pode passar batido", disse o irmão dela.

Júlio Cesar afirmou ainda que a irmã já estava pensando em organizar duas festas antes de morrer. "O que ela mais queria era fazer essa festa de aniversário e o casamento da filha mais velha, Thaís Lima, que adiou o noivado por conta da morte."

Festa para os filhos

"Ela sempre foi de festa e era conhecida assim por todos. Não podemos deixar o aniversário de dois filhos dela passar em branco. A gente vai fazer uma vaquinha, comprar ervilha, fazer um caldo verde, fazer um angu, o que for, mas vai ter festa. Nunca um filho dela ficou sem festa de aniversário", disse Júlio Cesar.

Pablo e Pâmela têm conseguido se distrair, segundo o tio. "Durante o dia é mais fácil para eles, porque conseguem se distrair com os amiguinhos, mas quando chega a noite eles ficam mais tristes, pois era a hora que costumavam ficar mais tempo com a mãe", afirmou Júlio Cesar.

"Acharam que era bandida", diz filha

Thaís disse que os policais que estavam no local acharam que Claudia tivesse envolvimento com o tráfico de drogas. "Foi só virar a esquina e ela deu de frente com eles. Eles [os policiais] deram dois tiros nela, um no peito, que atravessou, e o outro, não sei se foi na cabeça ou no pescoço, que falaram. E caiu no chão. Aí falaram [os policiais] que se assustaram com o copo de café que estava na mão dela. Eles estavam achando que ela era bandida, que ela estava dando café para os bandidos", contou.

Segundo Thaís, os moradores tentaram impedir que a polícia levasse Claudia do local. No tumulto, policiais teriam atirado para o alto para afastar as pessoas. Ainda segundo ela, o porta-malas do carro da PM que levou Claudia abriu uma primeira vez na Rua Buriti, logo após o socorro feito pelos PMs.

"Um pegou ela pela calça e outro pela perna e jogou dentro da Blazer, lá dentro, de qualquer jeito. Ficou toda torta lá dentro. Depois desceram com ela e a mala estava aberta. Ela ainda caiu na Buriti [rua, em Madureira], no meio do caminho, e eles pegaram e botaram ela para dentro de novo. Se eles viram que estava ruim porque eles não endireitaram (sic) e não bateram a porta de novo direito?", questionou.

PMs soltos

Após ouvir os parente e testemunhas da morte da servente, o delegado Carlos Henrique Machado, da 29ª DP (Madureira), disse nesta sexta, que vai aguardar os laudos técnicos para marcar uma reconstituição do caso e concluir o inquérito. Segundo o delegado as informações das testemunhas não conferem com a versão dada pelos PMs que estiveram no Morro da Congonha.

Os três policiais militares que estavam no carro da PM que arrastou por 350 metros a auxiliar de serviços gerais foram soltos nesta sexta, após decisão da Justiça. Eles agora vão trabalhar internamente em funções administrativas, informou a Polícia Militar.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir