Categoria Geral  Noticia Atualizada em 16-04-2014

Macas do Samu viram leitos em corredores de hospitais em SP
Socorristas dizem que hospitais usam macas do Samu para suprir falta. Prefeitura diz que investe na amplia��o de leitos e na compra de macas.
Macas do Samu viram leitos em corredores de hospitais em SP
Foto: g1.globo.com

Socorristas do Servi�o de Atendimento M�dico de Urg�ncia (Samu) afirmam que a falta de macas e leitos nos hospitais p�blicos prejudica o trabalho de mais de 100 equipes de resgate que atuam nas ruas de S�o Paulo.

A lota��o nos centros m�dicos faz com que os pacientes aguardem um leito nas macas do Samu, nos corredores dos hospitais (assista ao v�deo acima) e, assim, as ambul�ncias ficam desfalcadas do equipamento necess�rio ao atendimento � popula��o de S�o Paulo.

A Prefeitura de S�o Paulo admitiu o problema, mas diz que ele ocorre em casos pontuais e afirma que investe na amplia��o do n�mero de leitos na cidade, al�m da compra de novas macas.

(O tema desta reportagem foi sugerido por um leitor pela ferramenta de jornalismo colaborativo VC no G1. Voc� tamb�m pode participar enviando sua colabora��o. Saiba como).

Com o equipamento retido, as equipes relatam que chegam a passar uma jornada inteira de 12 horas sem poder fazer novos resgates nas ruas. Assim, filas de ambul�ncias chegam a se formar nas portas dos prontos-socorros dos hospitais � espera de libera��o de macas. Atualmente, o Samu recebe 7 mil chamados por dia em S�o Paulo, gerando 1,2 mil atendimentos feitos por 117 ambul�ncias. Em m�dia, o tempo de resposta � de 10 minutos, de acordo com o �rg�o.

Problemas na Zona Norte

Para comprovar as den�ncias, socorristas enviaram fotos e v�deos que mostram os efeitos desse problema no Pronto Socorro do Hospital Municipal Jos� Storopollis, na Vila Maria, na Zona Norte de S�o Paulo. Na �ltima ter�a-feira (8), uma equipe do Samu foi ao local para buscar a maca que havia ficado no hospital na v�spera, ap�s um resgate.

Ao chegar ao hospital, os profissionais afirmaram ter encontrado outras oito equipes de socorristas com o mesmo problema. Segundo eles, a dire��o do hospital, por sua vez, lhes informou que n�o podia liberar as macas, pois n�o havia leitos suficientes para atender a todos.

Ao retornar � base do Samu, no Ja�an�, tamb�m na Zona Norte de S�o Paulo, essa mesma equipe diz ter encontrado um homem esfaqueado em frente ao local. Foram prestados os primeiros socorros � v�tima e solicitado o apoio de uma outra equipe do Samu, com uma maca dispon�vel, para que fosse feita a transfer�ncia do paciente.

Segundo o relato deles, a central de apoio do Samu informou para que fosse feito o transporte sem a maca, pois ao menos 14 ambul�ncias do servi�o n�o dispunham do equipamento naquele momento. Socorristas relataram ao G1 que em muitas situa��es s�o obrigados a fazer improvisa��es, como amarrar os pacientes nas pranchas utilizadas para carregar os pacientes ou em cadeiras.

O coordenador do Sistema Municipal de Aten��o �s Urg�ncias e Emerg�ncias, Marcelo Takano, departamento respons�vel pelo relacionamento entre Prefeitura e Samu, admitiu o problema com as macas. Entretanto, diz que ele muda no "dia a dia, de hospital para hospital, conforme a demanda".

"Se est� muito cheio, o hopital nos notifica que a maca est� em conten��o. Ningu�m prende maca deliberadamente", afirmou.

Segundo Takano, a orienta��o �s equipes do Samu e hospitais � para que agilizem a troca da maca por leitos adequados para os pacientes.

"A maca n�o � o equipamento ideal para se manter um paciente. Essa � a nossa preocupa��o.

O gradil � baixo e h� um sistema para levantar e baixar a maca, que, se destravado, o paciente pode cair. Por isso, a orienta��o � a de realizar esfor�os para substituir nos hospitais as macas. O que est�o faltando s�o macas nas emerg�ncias dos hospitais", disse.

Investimentos em mais leitos

Desde o in�cio da gest�o de Fernando Haddad, a Prefeitura afirma que tem adotado medidas para aumentar o n�mero de leitos na rede p�blica, segundo o coordenador. "A secretaria j� reativou 290 leitos que estavam bloqueados desde o in�cio da gest�o. A municipaliza��o de dois hospitais, o Sorocabano e o Santa Marina, vai aumentar o n�mero de leitos", disse.

"Al�m disso, o Vasco da Gama tamb�m est� em processo de municipaliza��o. E o processo de compras de maca tem sido cont�nuo, mas tem de ser com crit�rio, porque � um equipamente que requer manuten��o peri�dica", destacou.

Segundo os socorristas, as macas j� ficavam retidas nos hospitais na gest�o do ent�o prefeito Gilberto Kassab, mas havia reservas na base do Samu, segundo as den�ncias.

Outro problema recorrente, de acordo com socorristas do Samu, � que os hospitais se recusam a receber pacientes. E, para evitar que estes sejam encaminhados pelas ambul�ncias aos seus respectivos prontos-socorros, as administra��es destes hospitais enviam documentos (veja abaixo) alertando para a falta de m�dico de uma determinada especialidade, como ortopedia ou neurologia, por exemplo.

"A gente sabe que tem m�dico, sim, porque eles fazem um revezamento e a gente acaba levando o paciente. Mas, muitas vezes, somos hostilizados porque encaminhamos um paciente para determinado hospital. Todos os hospitais da regi�o est�o com este problema", afirmou uma socorrista.

J� houve casos em que foi necess�rio chamar a Pol�cia Militar para que um hospital aceitasse a interna��o de um resgatado, segundo ela. Em outros casos, a equipe acaba
optando por levar o paciente para um hospital mais longe, como a Santa Casa de Miseric�rdia ou o Hospital das Cl�nicas.

"Em caso de trauma, por exemplo, na maioria das vezes, tem de passar por um cirurgi�o.

Ent�o, tem de ir onde tem as duas especialidades, o cirurgi�o e o ortopedista. Ent�o, acaba indo para um lugar muito longe", disse.

De acordo com os socorristas do Samu, as equipes de resgate dos bombeiros passam pela mesma situa��o, que, a cada dia, se torna mais insustent�vel. "Todo mundo est� saturado com esta situa��o. Somos hostilizados por m�dicos e funcion�rios dos hospitais. Fico revoltada", desabafa a socorrista, que j� ficou afastada de do trabalho licen�a m�dica por depress�o.

Marcelo Takano afirmou que n�o h� qualquer veto ao servi�o do Samu nos hospitais e que nunca recebeu qualquer notifica��o em rela��o ao acionamento da Pol�cia Militar por equipes de socorristas para que os pacientes fossem recebidos nas emerg�ncias.

"A demanda pelo servi�o p�blico � enorme, mas n�o h� bloqueio em rela��o ao Samu. Os hospitais, por exemplo, n�o podem impedir pacientes de entrarem a p� nas emerg�ncias. O que se tenta fazer � distribuir as ocorr�ncias de uma maneira homog�nea entre os hospitais de uma determinada regi�o conforme a demanda e a satura��o de cada um", explicou.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir