Categoria Geral  Noticia Atualizada em 22-04-2014

ESSES PINGUINHOS...
A Escola onde trabalho, em Itaoca, no turno vespertino, tem bastantes crian�as. S�o alunos do Ensino Fundamental do primeiro ano para baixo... Gracinhas!
ESSES PINGUINHOS...
Foto: www.maratimba.com

Embora n�o seja eu um dos tios - minha fun��o ali � Refor�o de L�ngua Portuguesa para o turno matutino-, elas j� se acostumaram a me ver ali todos os dias. E at� me jogam no contexto. J� fui surpreendido com um pequerrucho, no ombro da m�e, gritando dentro de uma loja: "- Olha l�, m�e, o tio l� da minha escola!" E eu, sentindo-me uma celebridade, acenei e joguei beijinhos...

Dia desses, uma aluninha ainda n�o acostumada com a rotina mam�e-leva-mam�e-busca, aprontava o maior au�: chorava tanto que a impress�o que causava a quem passasse � que estavam levando-a para tomar inje��o. E esperta! Achei o maior barato quando ela, em prantos, inconsol�vel, segurando-se no portal, dizia para a m�e: "- Quero ficar com o tio! Quero ficar com o tio!" A m�e, sem entender, suponho: " � Que tio, filhinha?" E ela, apontando o dedo pra mim, que n�o entro em sala: "-Aquele ali! Aquele ali, �!" E eu, rindo, disse para a m�e: "- Qualquer coisa pra ela. Menos ir para a sala agora..." E rimos. Menos ela.

Noutro dia, unzinho, de �culos, pinta de nerd, olhou-me demoradamente e disparou: "- Quando � que voc� vai dar aula pra mim?" Pego meio de surpresa, me sa� com esta: "- Ah... S� quando voc� precisar de refor�o... Mas eu acho que nunca vou ser seu professor!" Ele olhou-me por tr�s dos significativos �culos, como quem tivesse entendido minha tirada. E achei que entendeu quando ele disse, resignado: "-T� b��o!!"...

Outro, no hor�rio do recreio, enquanto eu dava �ltima forma num planejamento, sentou-se ao meu lado e amea�ou: "-Vou soltar um pum aqui...". E eu, tentando fazer cara de s�rio: "- Mas logo aqui, meu garoto... Vai ali, �, naquele canto. Ali voc� pode at� fazer o n�mero dois, sem problema." Ele e a coleguinha do seu lado riram tanto que me fizeram sentir como se fosse o Porchat da Porta dos Fundos. Depois dessa, a tal coleguinha de olhos bastante vivos, quando me v�, j� faz cara de riso... E eu, de humorista.

Dif�cil, em meio a tudo isso, � n�o me transportar ao passado. Nos meus tempos que j� v�o longe, fui um dos primeiros ou quase o �nico do meu bairro prolet�rio a entrar numa Escola desse n�vel. Era o "Jardim da Inf�ncia", projeto, como se diz hoje, da Igreja Batista de Colatina, frequentada por meus pais e todos da fam�lia. Algo, ent�o, pioneiro na minha cidade. Na situa��o de bolsista, evidentemente, era, sem d�vida, o aluno, digamos, mais desprovido da sorte entre os de classe m�dia. Descal�o entre sapatos e meias: isto resume bem. O que me fazia despontar entre os coleguinhas bem nutridos era uma incr�vel capacidade de aprender com rapidez os conte�dos da "Cartilha Ensino R�pido" (Asa-Ema-�m�-Olho-Uva) que eram ensinados pela "Dona Alzira", a quem ainda n�o cham�vamos de "Tia". E n�o s� a Cartilha. As quatro opera��es tamb�m desceram redondo.

Hoje, entendo alguns lances de menino temperamental que acontecia comigo... S� n�o apanhava ali porque, afinal, era uma Escola Batista. Mas merecia. Se merecia! Havia alguns repentes de revolta que me ocorriam, assim, do nada. Lembro bem de uma agress�o perpetrada contra "Dona Alzira", coitada, que insistia em que eu lesse um texto no quadro-negro; texto que antes eu "soprava" para os coleguinhas, fora da minha vez, ignorando suas advert�ncias. Ela segurou-me e eu ataquei-a de unhas, imagino que sujas, deixando marcas em seu bra�o roli�o... Nesse dia fiquei sem recreio, chorando na sala, enquanto as turminhas brincavam no p�tio... Sobrevivi!

Pinguinhos de gente! Queremos proteg�-los sempre! S�o voc�s que inundam o nosso mundo de alegria e o nosso cora��o de esperan�a!


Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir