Categoria Policia  Noticia Atualizada em 11-05-2014

150 detentas passam o Dia das Mães longe dos filhos
Detentas participaram de missa na sexta-feira
150 detentas passam o Dia das Mães longe dos filhos
(Foto: Pollyana Araújo/ G1)

Pollyana Araújo

Isoladas do convívio social, pelo menos 150 detentas da Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, devem passar esse Dia das Mães longe dos filhos. Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), não está prevista nenhuma programação especial para as mães, no entanto, as visitas estão liberadas no período de 9 às 16h. Desse modo, algumas poderão receber a visita dos filhos, neste domingo (11). Ao todo, a unidade abriga com aproximadamente 170 reeducandas.

Uma dessas reeducandas que encontra-se na expectativa de receber a visita dos filhos é Denilza Nunes Vital. Ela tem cinco filhos e aguarda a visita de todos eles. Em um bilhete, ela afirmou ao G1 esperar que os erros que ela cometeu sirvam de exemplo para que os filhos não sigam o mesmo caminho.

"Passar o Dia das Mães em uma penitenciária é doído e o sofrimento é em dobro, pois estou longe do que Deus me deu de mais precioso: meus filhos e minha mãe", disse. A esperança dela é que esse seja o primeiro e último Dia das Mães que ela passa longe dos filhos, que são cuidados pela mãe dela.

A confraternização em alusão à data foi realizada na sexta-feira (9), com uma missa celebrada por um padre da Pastoral Carcerária. Nenhuma dessas mães encontra-se junto do filho na unidade nesse momento, pois as duas que estavam com bebês de colo foram transferidas para Cáceres, a 220 km da capital, devido ao risco de contaminação de tuberculose. Há mais de 30 presas da unidade com a doença.

Mãe pela primeira vez, uma presa que pediu para não ter o nome divulgado disse ao G1 que, após essa experiência, pretende deixar o "mundo do crime". Grávida de oito meses, a jovem de 26 anos contou que retornou à prisão há duas semanas por roubo e que está na expectativa de deixar a prisão antes de o bebê nascer. O menino que ela espera se chamará Leandro em homenagem ao pai, que foi assassinado há cerca de um mês em uma rua do Bairro Lixeira, na capital. Fazia quatro anos que ela se relacionava com esse rapaz.

Ela disse que começou a usar droga aos 16 anos por influência de amigos e que o seu maior sonho é deixar o vício. "Antes só queria viver de forma errada, mas agora quero mudar e estou fazendo tratamento na prisão", declarou. A jovem contou que já terminou o ensino médio.

Há casos de detentas que engravidam durante o cumprimento da pena. "As visitas íntimas de homens só são permitidas com a apresentação do atestado de união estável e de casamento no civil", disse o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Luiz Pôssas de Carvalho.
Na unidade, a reeducanda recebe o acompanhamento de uma equipe médica e de assistência social, assim como as outras gestantes que cumprem pena na unidade. Além dela, há outras três presidiárias grávidas na unidade. Quando estão prestes a dar à luz, elas são levadas para o Hospital Santa Helena, onde têm o filho. Depois, elas retornam para a prisão. Em alguns casos, dependendo do crime e do grau de periculosidade da mulher, a Justiça concede o direito à prisão domiciliar.

"Hoje, temos pelo menos 10 detentas com filhos em regime domiciliar", disse o superintendente de Gestão Penitenciária da Sejudh, Gilberto Carvalho.

De outro lado, os adolescentes que cumprem medida socioeducativa no Centro Socioeducativo de Cuiabá, antigo Complexo do Pomeri, também devem ser privados de passar o domingo com as mães. Segundo dados da Superintendência do Sistema Socioeducativo, 60% dos menores infratores são do interior do estado e, por isso, dificilmente recebem visita da família.

Cerca de 10 mães foram até a unidade na sexta-feira para participar de um evento em comemoração à data. Os adolescentes fizeram apresentações e homenagens às mães, na quadra do Centro Socioeducativo. O local abriga 92 menores do sexo masculino e 12 meninas.

Na prisão, 150 detentas passam o Dia das Mães longe dos filhos em Cuiabá
Das 170 mulheres que cumprem pena, 150 são mães, segundo direção.
Uma delas que está grávida disse que quer mudar de vida por causa do filho.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir