Soldados tailandeses são refletidos em um espelho enquanto guardam sede da polícia tailandesa em Bangcoc
AP O poderoso chefe militar da Tailândia interveio pela primeira vez na mais recente crise política do país nesta terça-feira (20), declarando lei marcial e despachando jeeps com soldados armados para o coração de Bangcoc com a promessa de resolver o conflito o mais rápido possível.
"O governo realiza reunião especial para discutir essa ação. Temos que prestar atenção e ver se o chefe do exército honra sua declaração de imparcialidade", disse o assessor de Niwattumrong Boonsongpaisan, premiê interino do país, descrevendo a situação como "metade de um golpe de Estado."
O tenente-general Nipat Thonglek disse, porém, que a ação não foi um golpe de Estado.
"O Exército tem como objetivo manter a paz, a ordem e a segurança pública para todos os grupos e todas as partes", disse ele a um canal de televisão do exército. "As pessoas foram instruídas a não entrarem em pânico. Elas podem exercer suas atividades como o de costume."
De acordo com o chefe do Exército, general Prayuth Chan-Ocha, o governo não foi consultado antes do exército emitir o anúncio surpresa desta terça e assumir o comando da segurança em todo o país.
A intervenção deixou o país em outra encruzilhada - seu destino agora está totalmente nas mãos dos militares após os seis meses de protestos que já mataram 28 pessoas e feriram mais de 800.
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"O futuro agora dependerá do papel dos militares na política", disse Thitinan Pongsudhirak, diretor do Instituto de Estudos de Segurança e Internacionais na Universidade Chulalongkorn de Bangcoc. "Se eles desempenharem o papel de aplicador da lei e da ordem ou mesmo mediador, poderia ser uma solução para o impasse". Se não o fizerem, no entanto, "podemos esperar protestos e tumulto do lado perdedor", alertou.
A ação do exército veio um dia após o primeiro-ministro interino da Tailândia se recusar a deixar o cargo, e seguiu as novas ameaças dos manifestantes anti-governo em intensificar sua campanha para derrubar o partido no poder até a próxima semana.
Tailândia, centro econômico para o sudeste Asiático e cujas águas e praias idílicas turquesas se tornaram um renomado destino turístico mundial, mergulhou em uma crise política em 2006, quando o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra foi deposto por um golpe militar após ser acusado de corrupção, abuso de poder e desrespeito para com o rei da Tailândia.
Sua derrota desencadeou uma luta pelo poder que, em termos gerais, coloca apoiadores de Thaksin entre a maioria rural contra os conservadores de Bangcoc. Os militares, que estiveram por trás de 11 golpes de Estado desde o fim da monarquia absoluta em 1932, são amplamente vistos como simpáticos ao movimento de protesto.
Embora soldados tenham ido ao ar em várias emissoras de televisão para transmitir a mensagem do exército, a vida nas grandes metrópoles repletas de arranha-céus pelo país de 10 milhões de habitantes, e no restante da Tailândia, permaneceu praticamente inalterada, com escolas, empresas e locais turísticos abertos e tráfego fluindo normalmente.
Perto de um dos mais luxuosos shoppings de Bangcoc, transeuntes pararam para tirar sorridentes "selfies" mesmos com soldados armados em jipes e Humvees rondando a cidade.
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Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/
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