Categoria Politica  Noticia Atualizada em 24-05-2014

Redes sociais se consolidam como um novo mercado
Em imagem publicada em setembro no Instagram, Dilma Rousseff posa para foto ao lado do humorista J�ferson Monteiro, criador do personagem "Dilma Bolada"
Redes sociais se consolidam como um novo mercado
(Foto: Reprodu��o/ Instagram Pal�cio do Planalto)

Ana Luiza Albuquerque

Nesta semana, o blogueiro Jeferson Monteiro, criador do perfil fake no Facebook "Dilma Bolada", que conta com mais de 1 milh�o de curtidas - enquanto o oficial tem pouco mais de 500 mil - denunciou que uma ag�ncia de publicidade teria tentado comprar a p�gina para torn�-la favor�vel ao PSDB de A�cio Neves, e n�o mais � presidente Dilma Rousseff. O caso ganhou incr�vel repercuss�o e reacendeu a discuss�o sobre a import�ncia das redes sociais como ferramenta pol�tica e diferencial para as elei��es.

"Est� se formando um mercado de identidades virtuais por meio de blogs e p�ginas nas redes sociais. Sabemos que h� centenas deles, com diferentes n�veis de acesso, mas que ainda n�o est�o precificados, n�o t�m um valor de mercado. Quando tiver in�cio uma formaliza��o deste processo, ter�o pre�o. Essa quest�o com o perfil da "Dilma Bolada" come�ou a marcar um valor, exatamente porque a imagem que o criador formou atrai as pessoas e potencializa a informa��o, no sentido do emissor pro receptor", defende o cientista pol�tico e professor da Unicamp Valeriano Costa.

O especialista afirma que o processo tende a se expandir. "� um novo mundo se abrindo, tem uma import�ncia crescente. A internet multiplicou e difundiu a figura de identidade. As p�ginas t�m um n�mero gigantesco de acessos e o Brasil � um dos pa�ses com mais acessos dessas p�ginas no mundo. Se isso n�o for decisivo nas elei��es deste ano, nas pr�ximas pode ser ainda mais relevante", aponta. "N�o � � toa que os meios de comunica��o tradicionais est�o sendo pressionados e os jornalistas criando sites. N�o se sabe at� onde vai esse movimento, mas � claramente marcante", completa.

Rafael Araujo, doutor em Ci�ncia Pol�tica pela PUC-SP e professor da Escola de Sociologia e Pol�tica de S�o Paulo, concorda que o movimento est� consolidado. "� uma tend�ncia crescente e permanente. Candidaturas j� est�o contratando servi�os, j� se sabe da audi�ncia gigantesca da internet. Se o viral for bem feito, pode ter mais audi�ncia que a televis�o. � barato e eficaz", explica. "A legisla��o eleitoral n�o consegue controlar o uso da internet, ent�o � uma estrat�gia bastante comum o uso de virais como forma de conseguir realizar um marketing sem danos para o candidato. Uma regra do marketing eleitoral � que quando voc� ataca ou destrata outro candidato isso volta contra voc�. Quem "bate" no candidato acaba perdendo votos, e por isso costumava-se contratar candidatos nanicos para fazer esse papel. Agora n�o precisa mais porque h� uma milit�ncia digital para fazer isso", esclarece o cientista pol�tico.

O professor ainda enaltece o perfil do "Dilma Bolada" como estrat�gia eleitoral. "Foi uma excelente oportunidade de marketing pessoal para a Dilma. Se o A�cio conseguisse comprar o perfil, minaria a estrat�gia dela e contra-atacaria sem se responsabilizar", finaliza.

Empresas como a "Campanha Completa" oferecem o servi�o de constru��o da imagem dos candidatos nas redes sociais. "O Campanha Completa faz exatamente isso: � a democratiza��o do acesso, para qualquer candidato e em qualquer lugar do Brasil, a um conjunto de instrumentos de comunica��o para candidatos e candidatas a todos os cargos em disputa nas pr�ximas elei��es. Confira agora em nossas p�ginas como, em poucos passos, voc� ter� seu site ou blog com integra��o �s redes sociais, envio de e-mail e SMS, com todas as ferramentas dispon�veis � e tudo isso j� no PRIMEIRO DIA DE CAMPANHA!", anuncia o site da companhia. A ag�ncia Pepper Interativa tamb�m vende o planejamento de campanhas pol�ticas, incluindo o gerenciamento, monitoramento e reposicionamento nas redes sociais.

Recentemente, a p�gina no Facebook da TV Revolta vem crescendo exponencialmente. Publica��es com cr�ticas ao governo petista e ao pa�s, muitas vezes feitas por meio de estere�tipos e preconceitos, se misturam a imagens de cachorros e frases de motiva��o para conquistar o p�blico. O discurso moralista e a apela��o alcan�aram sucesso: j� s�o mais de 3,5 milh�es de curtidas. Alguns sites v�m questionando o conte�do da p�gina e a forma pela qual esta popularidade foi atingida. De acordo com um gr�fico divulgado em um deles, a TV Revolta teve um salto anormal em sua taxa de crescimento, no intervalo de 15 de abril a 13 de maio, quando conquistou 1,5 milh�o de curtidas. Al�m disso, foi a p�gina que mais cresceu do dia 9 de maio ao dia 16 do mesmo m�s no Facebook no Brasil, ganhando da "FIFA World Cup" e do jogador de futebol Neymar, de acordo com outro gr�fico, da SocialBakers.

Neste mesmo site, compara-se o crescimento da p�gina do apresentador Luciano Huck, que conta com 13 milh�es de f�s no Facebook, com o da TV Revolta. Enquanto a primeira atinge 500 entradas por hora, a segunda consegue 13 mil. Segundo o texto, h� duas possibilidades para o fato: uso de rob�s ou publicidade paga. O uso de rob�s � vis�vel, o autor afirma, apontando para o uso de perfis falsos para compartilhamentos, o que interfere no n�mero de pessoas que est�o "falando" sobre a p�gina. Quanto � publicidade, ele diz ser dif�cil precisar o tamanho do gasto para fazer a TV Revolta crescer t�o r�pido. "A quem seria interessante promover uma p�gina aparentemente boba, mas com forte conte�do conservador, raivoso e anti-PT?", questiona. "O interesse visivelmente � pol�tico", conclui.

No mesmo artigo tamb�m � afirmado que Jos� Serra "andou anabolizando sua rede social por 2 dias, totalizando cerca de 150 mil f�s nesse per�odo". O texto informa que a p�gina aparentemente estava offline, j� que n�o era poss�vel rastrear o crescimento nem acess�-la, e que voltou ao ar com "espantosos" 180 mil f�s.

Diversos pol�ticos j� perceberam a nova tend�ncia e constru�ram uma forte presen�a nas redes sociais. � o caso do deputado federal Jean Wyllys (PSOL), que j� conquistou quase 390 mil curtidas e possui uma equipe para responder os coment�rios dos leitores. Marcelo Freixo, deputado estadual pelo mesmo partido, � outro exemplo, com quase 200 mil likes. O ex-presidente Lula tem mais de 800 mil, enquanto Marina Silva, vice na chapa de Eduardo Campos (PSB), possui quase 700 mil. Campos, por sua vez, conta com mais de 950 mil e um perfil fake: o "Eduardo Descolado", com quase 3.500 likes. A�cio Neves (PSDB), que recentemente tirou uma foto com o jogador Ronaldo e recebeu apoio pol�tico do mesmo por meio da rede social, j� alcan�ou mais de 700 mil curtidas. Em 2013, foi criada a conta "A�cio Boladasso", exclu�da algumas semanas depois por n�o ter alcan�ado sucesso, j� que em uma semana foram apenas 3.700 curtidas. Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio de Janeiro, tem quase 75 mil f�s. Na extrema direita, o deputado federal Marco Feliciano (PSC) possui mais de 1 milh�o de seguidores. Jair Bolsonaro (PP) j� conquistou quase 470 mil.

Al�m dos perfis dos pol�ticos, diferentes p�ginas defendem determinado partido ou ideologia em detrimento de outros, ainda que muitas vezes de forma velada. A Pragmatismo Pol�tico, com mais de 320 mil curtidas, se aproxima dos partidos de esquerda, como PT e PSOL. � o mesmo caso da TV Relaxa, que surgiu em oposi��o � TV Revolta e tem mais de 47 mil likes, e da Pol�tica no Face II, com quase 25 mil f�s. Mais pr�ximas ao PSDB est�o a TV Revolta e a Fora PT (quase 240 mil). J� a Folha Pol�tica (mais de 580 mil) se aproxima mais do PSB. A Anonymous, por sua vez, com mais de 179 mil f�s, � a que mais se distancia de qualquer legenda.

*Programa de Est�gio do Jornal do Brasil

Redes sociais se consolidam como um novo mercado para a pol�tica
Caso da "Dilma Bolada" traz � tona potencial desta ferramenta para atingir opini�o p�blica

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir