Categoria Economia  Noticia Atualizada em 12-06-2014

FMI preocupado com aparecimento de novas bolhas imobiliárias
FMI diz que "é preciso tomar medidas" para que preços das casas não subam para valores insustentáveis
FMI preocupado com aparecimento de novas bolhas imobiliárias
REUTERS/BOGDAN CRISTE

"Estaremos a ver o mesmo filme outra vez?" A pergunta é do director-adjunto do Fundo Monetário Internacional (FMI) Min Zhu, que publicou, recentemente, na página de Internet da organização um artigo alertando quanto à subida do preço das casas em vários países. O risco é o de se assistir à explosão de novas bolhas imobiliárias, como as que sucederam nos Estados Unidos, Espanha e Irlanda e contribuíram para a recente crise financeira, teme Min Zhu.

China e Brasil, mas também Filipinas, Austrália, Noruega ou Reino Unido, em todos estes países, os preços das casas estão em níveis superiores ao da média histórica. Esta tendência quase generalizada de subida dos preços, num contexto de taxas de juro em mínimos históricos, aparece como uma das principais ameaças à estabilidade da economia global, adverte o director-adjunto do FMI.

Embora admita que a recuperação do mercado imobiliário é um "desenvolvimento bem-vindo", Min Zhu sublinha que "é preciso tomar medidas" para evitar novos episódios de crescimento insustentável num sector que é fundamental na economia de qualquer país e que tem "implicações sistémicas".

O responsável do FMI recorda que, depois de dez anos de subida continuada, os preços das casas começaram a cair em 2006, "primeiro nos Estados Unidos e depois um pouco por todo o lado", contribuindo para a crise financeira de 2008/2009. E teme por isso que a história se repita: "Os nossos dados indicam que os padrões de explosão de bolhas especulativas no mercado imobiliário precederam mais de dois terços das 50 recentes crises bancárias sistémicas", escreve no artigo publicado no site do FMI.

Precisamente por causa das implicações sistémicas do sector imobiliário, o FMI criou um novo observatório onde regista e compara a evolução dos preços nos diversos países. No novo Global House Price Index, a organização constata que, depois de um período de estagnação pós-crise, os preços das casas subiram sete trimestres consecutivos a nível mundial até ao final de 2013.

Mas apesar de os preços terem subido na maioria dos países, Portugal foge a esta tendência. De acordo com os dados do FMI (relativos ao quarto trimestre do ano passado), o valor das casas em Portugal, em comparação com os rendimentos das famílias e das rendas pagas, está abaixo da média histórica do país, uma situação que é comum aos restantes países periféricos da Zona Euro.

Saber até que ponto existe o risco de se estar na presença de novas bolhas de preços não é tarefa fácil, admite o economista, mas isso "não deverá ser desculpa para a inércia". Os mecanismos para prevenir estas crises são um work in progress e, tendo em conta que cada caso é um caso, poderão incluir medidas prudenciais aplicáveis aos bancos nos casos específicos da atribuição de empréstimos imobiliários, ou mesmo a actuação das autoridades monetárias, no sentido de subir os juros e arrefecer o aumento dos preços.

"O que é claro", sublinha Min Zhu, é que as políticas monetárias "precisam de estar mais preocupadas do que estavam antes com a estabilidade financeira e, nesse sentido, também com o mercado imobiliário". Seja qual for o mecanismo, ou combinação de mecanismos escolhidos pelos países, é preciso agir e deixar para trás o tempo da "negligência benigna", defende o responsável do FMI.

FMI preocupado com aparecimento de novas bolhas imobiliárias.
Portugal contraria tendência de subida com preços das casas abaixo da média histórica.

Fonte: http://www.publico.pt/
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir