Categoria Geral  Noticia Atualizada em 11-07-2014

Ministério da Justiça vai analisar onda migratória de ganeses em Caxias, RS
Mais de 300 estrangeiros com vistos de turista pediram refúgio na cidade. Prefeito diz que falta estrutura para dar conta da demanda de imigrantes.
Ministério da Justiça vai analisar onda migratória de ganeses em Caxias, RS
Foto: g1.globo,com

Caxias do Sul deverá receber nos próximos dias representantes do Ministério da Justiça para investigar os pedidos de refúgio feitos por centenas de imigrantes ganeses na cidade da serra gaúcha, distante cerca de 120 quilômetros de Porto Alegre. De acordo com o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), cerca de 300 estrangeiros desembarcaram na cidade entre a semana passada e o final da tarde de quinta-feira (10).

Com a nova onda migratória, a administração municipal afirma que a estrutura de assistência social do município não tem como dar conta do número cada vez maior de imigrantes. Nos últimos anos, a cidade industrial de 465 mil habitantes recebeu um contigente de cerca de 3 mil estrangeiros, a grande maioria do Haiti e do Senegal.

De acordo com o prefeito, ainda não está confirmado o apoio material e financeiro por parte do governo federal. Porém, uma visita a Caxias do Sul foi prometida com o objetivo de avaliar de perto a situação. A data da viagem ainda não foi definida.
"Nós pedimos duas coisas: instruções de como proceder e ajuda material. Na quarta-feira (9), falei com o ministro José Eduardo Cardozo e ele me passou contatos da Secretaria Nacional de Justiça. Hoje (quinta), recebi duas ligações. Na última, confirmaram que terá uma ajuda, sim. Mas, por enquanto, não é material. Não sabemos exatamente quando ocorrerá a visita, mas nós temos urgência", disse o prefeito ao G1.
Os estrangeiros, que entraram no Brasil com vistos de turista para a Copa do Mundo por várias cidades, vêm em busca de emprego e melhores condições de vida. E, segundo a Polícia Federal local, encontram em Caxias mais facilidades para pedir refúgio no país e promessas de trabalho. Com o protocolo, os imigrantes podem tirar identidade, carteria de trabalho e permanecer legalmente no país até que o pedido de asilo seja analisado.

Em nota, o Ministério da Justiça, que preside o Comitê Nacional para Refugiados (Conare), afirmou que enviará uma missão especial de elegibilidade à Caxias para entrevistar os estrangeiros que solicitaram refúgio e encaminhar relatórios que possibilitem aos conselheiros do Conare tomar decisões sobre cada caso.

Em relação ao possível aporte de recursos, o ministério diz que o governo federal disponibiliza para todos os municípios receptores de migrantes a estrutura da política nacional de acolhimento, mantida pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Mas para ter acesso a esses recursos, o município precisa cadastrar-se no programa.
Alceu Barbosa Velho aponta que, somente na quinta-feira (10), mais de 20 imigrantes entraram na cidade. Muitos chegaram apenas com a roupa do corpo e sem falar português. O prefeito diz que já não há mais espaço nos abrigos do município para receber os imigantes e que vários órgãos têm unido esforços para garantir teto, roupas e alimentos aos visitantes.

"Não é papel da prefeitura o acolhimento humanitário. Vamos ver, junto com o Ministério da Justiça, o que podemos fazer para ajudar. Eu estou preocupado. Fico satisfeito porque eles deram retorno sobre nosso pedido, mas amanhã (sexta) vou ligar de novo para saber em que pé está a situação", disse o prefeito.

Muitos estrangeiros estão abrigados no Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) de Caxias do Sul, ligado à igreja católica. A coordenadora do CAM, irmã Maria do Carmo dos Santos Gonçalves, diz que a comunidade de Caxias está doando roupas e alimentos aos imigrantes, mas que a situação ainda é crítica. A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara de Vereadores do município também está auxiliando os estrangeiros e pede a colaboração da população. Os telefones de contato são: (54) 3218-1613 (CDH) e (54) 3227-1459 (CAM).

Fonte: g1.globo,com
 
Por:  Emella Simões    |      Imprimir