Categoria Geral  Noticia Atualizada em 11-07-2014

HIV reaparece em criança que se julgava ter ficado "curada"
Estava em causa a chamada cura funcional, explica um especialista português.
HIV reaparece em criança que se julgava ter ficado

Uma menina de 4 anos que se pensava poder ser o primeiro caso de alguém que, nascido com HIV, conseguira "desativá-lo" após tratamento agressivo, voltou a dar sinais da presença do vírus. A notícia é uma desilusão não apenas para a criança e os seus próximos, como para todos os que viam na história o princípio da descoberta de uma cura para a doença.

A cura que estava em causa, mesmo a confirmar-se, não teria representado o desaparecimento total do vírus no corpo. Conforme explica Fernando Maltez, presidente do Colégio de Doenças Infecciosas e diretor do serviço de infecciologia no hospital Curry Cabral (Lisboa), tratava-se da chamada cura funcional. "O doente continua com o vírus, até porque há reservatórios - em células do sistema nervoso central, do sistema imunitário, células genitais - onde os médicos não têm meios para ver se está lá." O que distingue a cura funcional é que o doente deixa de precisar de quaisquer tratamentos, fazendo a sua vida como se não fosse portador do HIV.

Com o anúncio agora surgido, voltou a não haver nenhum caso confirmado de uma tal cura. A menina nasceu no Mississippi, filha de uma mulher que, apesar de se saber infetada com HIV, não tomara retrovirais durante a gravidez. Ultrapassada essa possibilidade e sendo a situação a que era, a criança começou a ser submetida a tratamento agressivo com retrovirais poucas horas depois de nascer.

Quando ao fim de dezoito meses deixou de tomar os retrovirais (uma vez mais, por negligência da mãe), o resultado surpreendeu os médicos: continuou a não haver sinais de HIV. Foi assim que se gerou a esperança numa cura, e a história deu notícia pelo mundo fora. Já tinha havido outros casos de crianças positivas no parto que depois ficavam negativas, mas com variantes decisivas; nomeadamente relacionadas com o fator tempo. Pelas circunstâncias da infeção, o vírus tivera muito pouco tempo para se instalar no corpo.

Em termos gerais, a probabilidade de uma mãe transmitir o HIV ao recém-nascido depende de vários fatores: a dimensão da carga vírica, se a mãe tem outras infeções, etc. Tal como com os adultos, a prevenção é vital. Falhando, tem de se agir com medidas adequadas e a tempo. "Hoje em dia, a probabilidade de transmissão de mãe para filhos é residual, desde que as mães façam a terapêutica necessária", explica Fernando Maltez.

Fonte: expresso.sapo.pt
 
Por:  Emella Simões    |      Imprimir