Categoria Geral  Noticia Atualizada em 14-07-2014

Suspeitos confessam ter ateado fogo em palestino por vingança, diz Israel
Três judeus israelenses teriam confessado o crime. Morte de adolescente ajudou a desencadear conflitos com palestinos.
Suspeitos confessam ter ateado fogo em palestino por vingança, diz Israel
Foto: g1.globo.com

Três judeus israelenses presos pelo assassinato de um adolescente palestino confessaram ter sequestrado e ateado fogo ao jovem, segundo autoridades nesta segunda-feira (14). O incidente contribuiu para desencadear uma semana de conflitos entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

Suspendendo o sigilo judicial sobre o caso, Israel disse que os suspeitos, dois deles menores de idade, disseram aos interrogadores que ao matar Mohammed Abu Khudair buscavam vingança pelo assassinato de três seminaristas judeus na Cisjordânia ocupada no mês passado.
Os nomes dos suspeitos não foram divulgados porque eles ainda não foram formalmente indiciados.

As tensões aumentaram em torno dos dois incidentes. Mais de 166 palestinos, a maioria civis, foram mortos pela ofensiva israelense em Gaza, dominada pelo grupo militante Hamas. Centenas de foguetes foram disparados de Gaza contra Israel.
O suspeito adulto enfrenta as acusações mais graves e deve alegar como atenuante ter sofrido de distúrbios mentais no passado.
"Espero em breve ter acesso aos dados da investigação, onde eu vou buscar apoio para a avaliação de que há um problema complexo em matéria de culpabilidade penal do meu cliente", disse um advogado da Honenu, uma organização de ajuda legal a ultranacionalistas israelenses.
De acordo com a agência de segurança Shin Bet, de Israel, na madrugada de 2 de julho, enquanto os muçulmanos marcavam o fim do Ramadã, os três suspeitos "patrulharam os bairros árabes de Jerusalém por horas, em uma tentativa de encontrar uma vítima para o sequestro, até que avistaram Mohammed Abu Khudair".

Forçando-o a entrar no carro, eles dirigiram até uma floresta fora da cidade onde o suspeito de 29 anos bateu na cabeça da vítima com uma barra de ferro e ajudou os dois jovens de 17 anos a encharcá-lo com combustível e atear fogo em seu corpo, segundo o Shin Bet.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que culpou o Hamas pela morte dos jovens judeus e lançou uma ofensiva contra o grupo islâmico palestino, lamentou o assassinato de Abu Khudair, que classificou como "repugnante". Ele ordenou que a polícia encontrasse os culpados rapidamente e prometeu punição.

Escalada de violência

A mais recente escalada de tensão e violência entre israelenses e palestinos começou com o desaparecimento de três adolescentes israelenses no dia 12 de junho na Cisjordânia. Eles foram sequestrados quando pediam carona perto de Gush Etzion, um bloco de colônias situado entre as cidades palestinas de Belém e Hebron (sul da Cisjordânia) para ir a Jerusalém.
O governo israelense acusou o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, do sequestro. O Hamas não confirmou nem negou envolvimento. Israel deslocou um grande contingente militar para a área da Cisjordânia, principalmente na cidade de Hebron e arredores. Dezenas de membros do Hamas foram detidos, e foguetes foram disparados da Faixa de Gaza contra Israel.

Os corpos dos três jovens foram encontrados em 30 de junho, com marcas de tiros. Analistas sustentam que eles foram assassinados na noite de seu desaparecimento.
A localização dos corpos aumentou a tensão, com Israel respondendo aos disparos feitos por Gaza. No dia seguinte, 1º de julho, um adolescente palestino foi sequestrado e morto em Jerusalém Oriental. A autópsia indicou posteriormente que ele foi queimado vivo.
Israel prendeu seis judeus extremistas pelo assassinato do garoto palestino, e três dos detidos confessaram o crime. Isso reforçou as suspeitas de que a morte teve motivação política e gerou uma onda de revolta e protestos em Gaza.
No dia 8 de julho, após um intenso bombardeio com foguetes contra o sul de Israel por parte de ativistas palestinos, a aviação israelense iniciou dezenas de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza. A operação, chamada "cerca de proteção", tem como objetivo atacar o Hamas e reduzir o número de foguetes lançados contra Israel, segundo um porta-voz israelense.

Os militantes de Gaza responderam aos ataques, disparando foguetes contra Tel Aviv. Por enquanto, só houve registro de mortes entre os palestinos – o sistema antimísseis israelense interceptou boa parte dos disparos lançados contra seu território.
Os combates são os mais sérios entre Israel e os militantes de Gaza desde a ofensiva de seis dias em 2012.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Emella Simões    |      Imprimir