Categoria Geral  Noticia Atualizada em 15-07-2014

Laudo aponta que sangue em botas de advogada não é de zelador
Polícia diz ter outras provas e que ela será indiciada pelo crime. Em entrevista ao Fantástico, Ieda Martins declarou ser inocente.
Laudo aponta que sangue em botas de advogada não é de zelador
Foto: www.maratimba.com

A polícia divulgou nesta segunda-feira (14) o resultado de um laudo do Instituto de Criminalística (IC) feito no apartamento do publicitário que matou o zelador Jezi de Souza, em São Paulo. O exame concluiu que o material encontrado nas botas de Ieda Cristina Martins não é sangue da vítima, informa o SPTV.
Mas, segundo a investigação, outros indícios comprovam a participação da advogada no crime. Na terça-feira (15), ela deve voltar à delegacia e deve ser indiciada - apontada formalmente no inquérito - como suspeita pelo crime."A nossa convicção está formada e nós vamos indiciá-la nos crimes que estamos entendendo que ela participou: homicídio, fraude processual, ocultação de cadáver e porte de arma de uso restrito", disse o delegado Egídio Cobo.

O laudo entregue nesta segunda-feira à polícia mostra que os vestígios de sangue encontrados na fechadura da porta de entrada do apartamento do casal e de uma parede do prédio são do zelador. No entanto, o exame não identifica presença de sangue humano no carro do casal, nem na bota da advogada.
Ieda Cristina Martins está presa há um mês. Além das investigações da participação dela na morte do zelador, a advogada responde pela morte do ex-marido, José Jair Farias, assassinado em 2005, no Rio de Janeiro. A arma usada neste crime foi encontrada no apartamento do casal.
A polícia disse que apesar de não ter sido encontrado sangue na bota da advogada, outros indícios comprovam que ela pode ser considerada coautora do crime. Um desses indícios é a presença de Ieda no apartamento, enquanto o corpo do zelador estava lá.
Em entrevista à reportagem do Fantástico, a advogada disse que o marido, Eduardo Martins, limpou tudo antes de ela chegar.
"Não percebi. Ele limpou tudo, porque eu não percebi. Se tinha alguma marca, algum vestígio de sangue, alguma coisa, eu não percebi", afirmou, ao Fantástico.
Jezi de Souza foi visto pela última vez às 15h35 do último dia 30 de maio. Imagens feitas pela câmera de segurança do elevador mostram quando ele foi fazer uma entrega no apartamento do casal. Às 16h21, Ieda chega ao prédio e vai para o apartamento e só sai de lá 14 minutos depois.
Segundo a polícia, o corpo do zelador foi esquartejado, colocado em malas e levado pelo marido de Ieda para a casa da família em Praia Grande, litoral paulista.
Nesta segunda, a polícia fez mais uma perícia no local, para ver se encontra outros vestígios do crime. A polícia pediu uma nova análise para saber se a bota da advogada e o carro foram lavados depois do crime.
Entrevista ao Fantástico
Ieda Martins disse em entrevista exclusiva ao Fantástico que é inocente. Ela e o marido, o publicitário Eduardo Martins, assassino confesso da vítima, estão presos em São Paulo.

Também apontada pela polícia do Rio como responsável pela morte do ex-marido, o empresário José Jair Farias, a advogada se defende. "Eu sou inocente, eu sou inocente. Mas provar a minha verdade eu não sei se eu vou conseguir."
Há um mês, ela está detida em uma delegacia na Zona Sul da capital. Se recusava a falar, mas quarta-feira (9), pela primeira vez, decidiu quebrar o silêncio. Ieda, que é evangélica, chegou com a Bíblia nas mãos e chorou bastante. Em quase uma hora e meia de conversa, respondeu a todas as perguntas, sem titubear.
Sobre o crime ocorrido em São Paulo, a advogada disse que o marido e o zelador "brigavam muito". "Mas, assim, eu jamais podia imaginar que ele fosse matar o zelador", afirmou. A polícia, porém, acredita que Ieda voltou ao apartamento no meio da tarde, depois de um telefonema de Eduardo, para ajudar o marido a esconder o corpo.
Ela afirma que foi enganada por Eduardo. "Eu vou me divorciar, inclusive já conversei com os meus advogados". Ieda diz que não desconfiou de nada, mesmo quando Eduardo pediu que ela o ajudasse a colocar a mala com o corpo do zelador no carro.
"Aí quando ele falou para mim: ‘Me ajuda a impulsionar a mala’, ele pegou a maior parte. Eu não senti nenhum peso maior. Para mim, era roupa que a gente tinha colocado, aquilo que a gente tinha programado para poder levar para a igreja", contou.
Segundo Ieda, o marido a deixou, junto com o filho mais novo, de 10 anos, no escritório da advogada, e seguiu para a casa do pai na Praia Grande, litoral paulista, onde deixou a mala com o corpo. A versão da advogada não convenceu a polícia de São Paulo, que pode indiciar a advogada nesta semana por homicídio, ocultação do corpo e por porte ilegal de arma.
Assassinato no Rio
Ieda é investigada também pelo assassinato do primeiro marido dela, José Jair Farias, há nove anos. O que liga a mulher a este crime são as peças de uma arma, um cano de uma pistola e um silenciador, encontrados dentro de uma bolsa no armário do quarto do casal em São Paulo.

Jair foi morto com dois tiros dentro do carro, em 20 de dezembro de 2005, no Rio de Janeiro. Na semana passada, um exame de balística revelou que um dos projéteis que matou o empresário saiu do cano da pistola encontrado no apartamento de Ieda. "Diante desse resultado do confronto balístico, para mim, não resta dúvida da participação dos dois na morte do José Jair", disse o delegado Geraldo Assed Estefan.
Ieda se defende dizendo desconhecer o silenciador e o cano da pistola. "Nunca vi, nunca vi. O armário do quarto do casal era o armário dele, com coisas dele. Eu nunca atirei, eu não sei o que é mexer numa bala, eu não sei nem como é que é o barulho de uma bala, de uma pistola."
Filho acusa a mãe
O filho de Ieda com o empresário, José Jair Farias Júnior, afirma que a mãe mente. "Ela arrancou ele [o empresário, que é seu pai] de mim. Eu não pude aproveitar ele. Ele morreu, porque ela matou ele."
O jovem de 18 anos vive no Rio de janeiro e, desde a morte do pai, em 2005, mora com a avó materna, que não mantém contato com a filha Ieda. "Ela nunca foi uma pessoa boa nem comigo nem com a família. A convivência dela com o meu pai sempre foi briga por dinheiro, discussões."
Depois da entrevista de Júnior, o Fantástico procurou, neste fim de semana, a defesa de Ieda para saber quais as respostas às acusações feitas pelo filho. O advogado Jefferson Ferreira de Mattos disse que Júnior está sendo sobrecarregado com as informações de que a mãe talvez teria participado do homicídio do pai.
Questionado sobre a acusação de agressão contra o filho, o advogado negou. "Ela é uma mãe carinhosa. Tudo isso, na verdade, é negado pela Ieda, que fala que jamais teria pegado qualquer dinheiro dele."
Durante a entrevista na cadeia, Ieda pediu para mandar uma mensagem: "Eu gostaria também de pedir perdão à família do zelador, porque eu sei, posso sentir a dor deles. Perdoar aquilo que o meu marido fez e cometeu. Assim como as minhas enteadas, a Tatiane, a Fabiane, a Liliane, o meu filho Júnior."
O jovem comentou o pedido de desculpas da mãe. "Ela já pediu perdão para família muitas e muitas vezes. Ajoelhava, chorava, era sempre dissimulada. Eu nunca perdoaria ela." Na quinta-feira (17), Ieda será levada para o Rio de Janeiro para uma acareação. A polícia vai colocá-la frente a frente com a mãe e o irmão dela para tentar esclarecer o crime.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Larissa Carrijo    |      Imprimir