Categoria Geral  Noticia Atualizada em 21-07-2014

Depois do dia mais mortífero, ONU e Obama pedem cessar-fogo em Gaza
Operação israelita continua. Morreram mais de 500 palestinianos. Do lado de Israel houve 18 baixas militares e morreram dois civis.
Depois do dia mais mortífero, ONU e Obama pedem cessar-fogo em Gaza
Foto: publico.pt

Os apelos a um cessar-fogo na Faixa de Gaza sucedem-se depois do dia mais mortífero, com o Presidente dos EUA, Barack Obama, a pedir uma pausa nas hostilidades, um pedido também feito pela ONU. O total de mortos já ultrapassou os 500.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou a operação israelita de domingo como "uma acção atroz" e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, sem se aperceber de que estava no ar, comentou sarcasticamente que este era "um raio de uma operação selectiva". Questionado sobre este comentário, Kerry explicou que estava a referir-se às dificuldades de acção do Exército do Estado hebraico ao combater o Hamas numa zona tão densa (a Faixa de Gaza é considerada a zona mais densamente povoada do mundo). O secretário de Estado está a caminho da região para negociar um cessar-fogo.

A Casa Branca disse, em comunicado, que o Presidente Obama falou com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e que se lhe reafirmou o direito de Israel a defender-se, lhe comunicou a preocupação pelas mortes dos dois lados e pediu um cessar-fogo.

Um porta-voz militar israelita repetiu que Israel não tem civis como alvo, mas que a operação "se alastrou para civis", e responsabilizou o movimento palestiniano Hamas por se escudar na população.

Em entrevista à BBC, questionado sobre para onde devem os habitantes de Gaza fugir quando recebem avisos de bombardeamento, o coronel Peter Lerner disse que eram indicadas aos habitantes zonas onde estariam seguros.

Sem sítio para onde fugir
De Gaza os relatos que chegam são os de que não há sítio para fugir: a ONU já abriu cerca de 60 locais, incluindo escolas, como abrigos, mas estes estão sobrelotados (as Nações Unidas dizem que há 83.695 deslocados entre os cerca de 1,8 milhões de habitantes de Gaza). Há ainda quem tenha medo de usar estes abrigos, porque numa operação anterior um foi atingido por Israel.

Famílias grandes que vivem juntas na mesma casa têm dificuldade em dar abrigo a outras famílias igualmente numerosas. E no território não há como sair – nem para Israel, com uma vedação fortificada e checkpoints, nem para o Egipto, nem por mar, os pescadores de Gaza há muito se queixam de não poder sair para pescar a não ser a curta distância da costa.

O responsável militar disse ainda que a operação vai continuar mais uns dias, possivelmente semanas.

Novos ataques esta segunda-feira
Na madrugada e manhã desta segunda-feira, novos ataques israelitas atingiram o Sul da Faixa de Gaza. Palestinianos dizem que morreram 25 pessoas da mesma família. Israel diz que matou combatentes palestinianos que tentaram infiltrar-se no país através de um túnel.

Ataques atingiram também de novo a zona de Shajaya, a leste da Cidade de Gaza, onde na véspera um forte bombardeamento matou pelo menos 120 palestinianos, um terço deles mulheres e crianças, no dia mais mortífero do ataque militar. No domingo morreram 13 soldados israelitas, mais do que todas as baixas da última incursão terrestre em Gaza durante a operação de 2008-2009, e a acção mais mortífera num só dia desde a última guerra no Líbano, em 2006. Soaram de novo as sirenes, alertando para a queda de rockets em Telavive. Os combatentes palestinianos conseguem agora disparar rockets para distâncias inéditas (graças a novos projécteis de fabrico sírio e iraniano), mas a falta de dirigibilidade e o complexo, e caro, sistema de intercepção de rockets de Israel tem feito com que raramente sejam atingidos alvos.

Na ofensiva que começou a 8 de Julho morreram até agora 508 palestinianos e mais de 3000 ficaram feridos, enquanto do lado israelita morreram 18 soldados e dois civis.

Fonte: publico.pt
 
Por:  Emella Simões    |      Imprimir