Categoria Geral  Noticia Atualizada em 24-07-2014

"O maior legado é o carinho das pessoas", diz filha
Maria das Neves Suassuna diz que mensagens chegam de todo o Brasil. Figuras públicas e anônimos passam pelo velório de Ariano.

Foto: g1.globo.com

Figuras públicas e anônimos passam pelo Palácio do Campo das Princesas, no centro do Recife e sede do governo pernambucano, para se despedir do dramaturgo Ariano Suassuna, na manhã desta quinta-feira (24). Está prevista para as 11h uma missa celebrada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. Para a filha mais velha do escritor, Maria das Neves Suassuna, o carinho demonstrado pelas pessoas ao pai é o maior legado que ele deixa.


A filha retornou ao velório por volta das 5h e recebeu os cumprimentos de quem veio logo cedo se despedir. "O maior legado que fica é o carinho das pessoas têm por ele, não é nem tanto a obra. Esse carinho está vindo de todo o Brasil, estamos recebendo muitas mensagens", afirma Maria das Neves, que agradeceu especialmente ao apoio que as pessoas têm dado à mãe, Zélia.
Maria lembrou-se ainda que o pai estava ativo, viajando para suas aulas-espectáculo. "Na semana passada, nós estivemos na Bahia, com o Teatro de Castro Alves lotado e ainda faltou lugar. Agora nessa sexta, ele fechou o Festival de Inverno de Garanhuns. Em todas essas aulas-espetáculos ele procurava atender, na medida do possível, mesmo depois do problema que ele teve, no ano passado. Ele vinha lutando contra o problema de saúde justamente para retornar a falar sobre a cultura, sobre o Brasil, sobre a linguagem brasileira, porque ele tinha a preocupação de que o brasileiro realmente olhasse para o Brasil", defende.


Trabalho marcante
A arquiteta Luciana Azevedo - que foi presidente da Fundação de Cultura de Pernambuco (Fundarpe) enquanto Ariano era secretário de Cultura de Pernambuco - estava muito emocionada na despedida ao mestre. "Acho que foram os momentos mais felizes da minha vida pública [trabalhar com o escritor]. O que era muito bonito nele era que fazia da cultura um instrumento de luta. Ele dizia que queria integrar o Brasil real e o Brasil legal", recorda.
A socióloga Joenilda Feitosa atuou nos tempos do governo de Miguel Arraes junto à Frente Popular e estreitou os laços com a família Suassuna. Atualmente, trabalha com a filha do dramaturgo, Ana Rita Suassuna, na prefeitura do Recife. "É uma grande dor que a gente sente. A maior lembrança que vou levar dele era a capacidade de tirar o artista popular e levar até a cultura erudita. Como fruto disso temos, por exemplo, [o bailarino] Antônio de Nóbrega", aponta.
A funcionária pública Edilza Santana teve uma convivência mais distante com o escritor paraibano, mas não conseguia conter as lágrimas. "Ele era uma presença constante. Lembrava muito o meu pai, o jeito dele. Meu pai morreu, mas tinha ainda Ariano", afirma.

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O senador Armando Monteiro Neto (PTB) recordou a luta de Ariano Suassuna pela cultura regional. "Ariano era uma pessoa extramamente apaixonada pela vida e pelo seu ofício. Ele tinha uma dedicação entusiasmada que os anos, o amadurecimento e o envelhecimento físico não diminuíram. Ele era uma pessoa sempre apaixonada, a defesa que ele fazia da arte popular em todas as suas expressões...", aponta Armando.
O deputado federal João Paulo (PT) destacou dois momentos que viveu com Ariano Suassuna e o marcaram. "O primeirou foi minha eleição para prefeito em 2000, em que ele teve um papel crucrial. O segundo foi quando o Sport foi campeão da Copa do Brasil, eu estava junto com ele na Ilha do Retiro, foi um dia memorável", apontou o deputado.
Velório
O corpo do dramaturgo Ariano Suassuna está sendo velado, na manhã desta quinta-feira (24), no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual na capital pernambucana. O velório, iniciado por volta das 23h30 da última quarta (23), ficou aberto durante toda a madrugada, com parentes, amigos e fãs se despedindo. A área em frente ao Palácio foi interditada para os carros, prevendo a circulação do público ao longo do dia.
Ariano morreu às 17h15 da quarta (23), vítima de uma parada cardíaca. Ele estava internado desde a noite de segunda (21) no Hospital Português, onde foi submetido a uma cirurgia na mesma noite após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.
O corpo começou a ser velado no Palácio do Campo das Princesas, no Centro do Recife, ainda na noite de quarta (23). Por volta das 22h55, o caixão foi recebido por familiares, amigos e políticos, que participaram de uma celebração religiosa. Na porta do Palácio, a fila de admiradores começou a se formar por volta das 23h.
A previsão é que o velório aconteça durante toda o dia e só termine às 15h desta quinta (24). O corpo será enterrado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Grande Recife, por volta das 16h.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir