Categoria Geral  Noticia Atualizada em 31-07-2014

Represa da Usina Parque garante água para Salesópolis
Reservatório ainda tem água, mas fornecimento de energia oscila. Já na Barragem Ponte Nova trechos secos estão sem peixes e pescadores.
Represa da Usina Parque garante água para Salesópolis
Foto: g1.globo.com

Apesar da seca que castiga o Alto Tietê, os moradores de Salesópolis não ainda sofrem com a falta de água. A cidade abriga a Barragem de Ponte Nova que integra o Sistema Alto Tietê que de acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) tem 20,8% do seu volume nesta quinta-feira (31). No entanto, é a represa do Museu de Energia, mais conhecido como Usina Parque Salesópolis, que fica no bairro dos Freires, que capta a água que abastece a zona urbana da cidade atualmente com 11 mil habitantes.

Embora também passe pela falta de chuvas, o reservatório não sofreu alterações e o fornecimento da cidade está garantido. "Isso se explica porque a água da usina é usada para abastecer apenas Salesópolis, por isso a represa está cheia. Além disso, natureza aqui é bem preservada, o que é fundamental para a água. Se nas outras represas a mata ciliar fosse preservada a água ficaria presa no solo e conseguiria verter", afirma Fernando Maia, educador e guia do Museu da Energia. A água da usina vem do Rio Tietê, 27 quilômetros depois de sua nascente. Ali a vegetação de Mata Atlântica foi pouco alterada e como a demanda da cidade de Salesópolis por água é relativamente baixa, o rio consegue seguir seu curso até a barragem de Ponte Nova, onde a captação para abastecer São Paulo é muito maior.

Porém, em menor escala, a estrutura do Museu de Energia também sente os reflexos do tempo seco. Ali está instalada uma centenária usina de geração de energia que ainda hoje fornece eletricidade para parte de Salesópolis. Como a água usada para girar as turbinas ou ser captada para o consumo humano é a mesma, às vezes é preciso tomar certas medidas. "A prioridade é fornecer a água para Salesópolis. Então nós controlamos a represa diariamente através de uma régua que nos mostra o nível de segurança. Se o nível da represa ficar abaixo deste limite, nós interrompemos a geração de energia e deixamos a água apenas para consumo", explica o operador de subestação Nilton Nogaroto.

Desde o início de maio a usina está fechada para manutenção técnica e a energia fornecida para Salesópolis está sendo gerada em Mogi das Cruzes e Santa Branca. Porém, ainda no início do ano quando o sistema da usina ainda funcionava, a energia precisou ser produzida nessas cidades por conta da falta de chuva. "Em janeiro, por exemplo, é uma época em que a usina funcionava 24h. Neste ano teve dias em que a usina gerava 8h e descansava 36h, ou gerava 8h e descansava 24h. Depende da chuva que cair nas nascentes. Não tem muito uma regra", conclui Nogaroto.

Já paisagem da barragem de Ponte Nova, em Salesópolis, está bem diferente do habitual, principalmente na altura da região do Aterrado. Devido à estiagem, a passagem feita de terra serve como divisória: de um lado, uma lâmina d"água ainda resiste ao tempo seco, apesar do nível baixo das águas; do outro, o leito da represa está exposto e as poucas poças não conseguem esconder a terra, as pedras e os tocos de árvores que voltaram à superfície.

O pedreiro Antonio de Miranda é morador do bairro Tietê Acima, perto dali, e conta que nunca tinha visto a represa tão seca. "A água está indo embora e fica a preocupação, porque água é vida. A nossa sorte é que Salesópolis é abastecida pela represa da usina, então a gente não depende tanto dessa água. Mas o pessoal vinha aqui, pescava", comenta. Os moradores relatam que mesmo durante a semana era comum ver carros estacionados no Aterrado e vários grupos de pescadores lançando anzóis nas margens da represa. Hoje, até as garças estão rareando. Frentista de um posto de gasolina no Centro da cidade, Nicanor Lima Teixeira conta que a falta de movimento na represa se reflete em outras partes de Salesópolis. "Quando a represa está bem cheia, atrai pessoas para cá. O pessoal vem, abastece o carro, vai no mercado e gira a economia. Agora está tudo mais parado", conta o frentista.

"O que preocupa é que estão tirando a água, mandando para São Paulo e a cidade não tem nenhum benefício com isso", conta o fiscal de obras Rodrigo Soares. Outro morador da região do Aterrado, o autônomo César Duarte de Camargo está acostumado a ver a represa cheia e a água brotando de diversos pontos daquela zona rural. Mas agora, a situação é diferente. "Faz mais de cinco meses que não chove direito. Até as minas d"água estão secando. Em casa não falta, mas a gente se pergunta se não pode acontecer no futuro",conta.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir