Categoria Geral  Noticia Atualizada em 04-08-2014

Zelador foi esquartejado em 17 partes por serrote, diz laudo
Exame necrosc�pico aguarda outros testes para determinar causa da morte. Estado de decomposi��o do corpo prejudicou an�lise da per�cia.
Zelador foi esquartejado em 17 partes por serrote, diz laudo
Foto: g1.globo.com

Quem matou o zelador Jezi Lopes Souza usou um serrote para esquartej�-lo em 17 partes, informa laudo do Instituto M�dico-Legal (IML), ao qual o G1 teve acesso. O idoso de 63 anos foi morto no dia 30 de maio no pr�dio onde trabalhava, na Zona Norte de S�o Paulo, e teve o corpo encontrado aos peda�os em 2 de junho. Acusado de cometer o assassinato, o publicit�rio Eduardo Tadeu Pinto Martin confessou ter tentado se livrar do cad�ver queimando os peda�os na churrasqueira de uma casa em Praia Grande, litoral paulista.

Eduardo e sua mulher, a advogada Ieda Cristina Cardoso da Silva Martins, moradores do edif�cio, est�o presos pela morte e o esquartejamento do funcion�rio. Para a Pol�cia Civil e o Minist�rio P�blico (MP), o publicit�rio foi o executor e a mulher o ajudou. O casal tamb�m � investigado por outro crime: o assassinato do ex-marido dela no Rio de Janeiro em 2005.

O exame necrosc�pico aguarda os resultados de outros laudos complementares para tentar determinar a causa da morte de Jezi. De acordo com o documento, ainda n�o � poss�vel saber o que matou o zelador, porque as an�lises no cad�ver foram prejudicadas pelo n�mero de peda�os e o estado de decomposi��o dele. Novos testes foram solicitados � Superintend�ncia da Pol�cia T�cnico-Cient�fica. Eles ainda n�o ficaram prontos.

17 partes

"Examinamos um corpo fragmentado em 17 segmentos, tendo dois outros segmentos (v�sceras abdominais e �rg�os tor�cicos) em adiantado estado de putrefa��o", indica exame necrosc�pico do cad�ver de Jezi. "As imagens observadas das estruturas �sseas fragmentadas s�o compat�veis com as produzidas por uma serra (serrote)."

Para a investiga��o e acusa��o, a conclus�o do exame necrosc�pico demonstra que quem matou e esquartejou Jezi quis dificultar a identifica��o do corpo e impedir a descoberta da causa da morte. De acordo com o documento, antes de atear fogo no cad�ver, foi colocada cal. Segundo peritos ouvidos pela equipe de reportagem, o produto qu�mico poderia ressec�-lo.

Procurado para comentar o resultado do laudo, o promotor Eduardo Campana afirmou que o documento comprova que o acusado tentou esconder provas do crime. "Eduardo destruiu parcialmente o corpo de Jezi, fazendo uso at� de cal para se livrar do cad�ver e destruir evid�ncias que poderiam ser encontradas nele para demostrar como executou o crime", disse. "O laudo mostra a brutalidade empregada contra a v�tima", afirmou Robson Lopes de Souza, advogado da fam�lia de Jezi que ir� atuar como assistente da Promotoria na acusa��o.

Defesa do casal
O advogado Marcello Primo, que defende o casal Martins, negou que o laudo necrosc�pico do IML demonstre que o publicit�rio planejou esconder provas porque segmentou Jezi em 17 partes. "Eduardo ficou desesperado, serrou o corpo e ficou sem saber o que fazer e achou que isso seria melhor sa�da", alegou o defensor.

Apesar de ter confessado o esquartejamento do zelador, Eduardo alegou que a morte dele foi acidental, ap�s briga com troca de socos quando o funcion�rio entregava cartas no 11� andar.

Segundo a defesa, Jezi teria batido a cabe�a e morrido no apartamento 111 onde o casal morava com o filho de 10 anos, no condom�nio da Rua Zanzibar, no bairro da Casa Verde. Ieda e a crian�a n�o estariam no local na hora da confus�o.

C�meras de seguran�a do edif�cio gravaram Jezi ao sair do elevador no andar dos Martins e n�o aparecer mais. As imagens tamb�m mostram o publicit�rio e a advogada levando as bagagens ao carro deles que estava na garagem. Apesar dessas filmagens, Eduardo inocentou a mulher.

O publicit�rio disse ter colocado o corpo dentro de uma mala e seguido com ela para Praia Grande. L�, segundo sua vers�o, esquartejou a v�tima com um serrote. A fam�lia de Jezi registrou seu desaparecimento e a pol�cia passou a investigar o sumi�o do zelador. No litoral, policiais prenderam Eduardo em flagrante queimando os restos mortais da v�tima.
Tanto para a investiga��o quanto para a acusa��o, Ieda ajudou o marido a matar, esquartejar e esconder o cad�ver de Jezi. Peritos encontraram manchas na parede do apartamento, que seriam do sangue do zelador. "A v�tima foi agredida violentamente pelo agressor, inclusive dentro do apartamento", disse o promotor.

Mas nos cinco interrogat�rios que deu � pol�cia, Eduardo declarou que agiu sozinho. Ele alegou que a advogada n�o sabia de nada. Ieda tamb�m negou em seus quatro depoimentos ter participado dos crimes.

Causa da morte

Para Rosangela Monteiro, ex-diretora do N�cleo de Crimes Contra a Pessoa da Pol�cia T�cnico-Cient�fica, o mais prov�vel � que Jezi tenha morrido em decorr�ncia de asfixia ou de uma pancada na cabe�a. "A radiologia e a tomografia esclarecer�o se houve les�o, fratura �ssea ou fratura de v�rtebra para saber se houve estrangulamento ou uso de instrumento contundente, proj�til de arma de fogo", disse.

De acordo com o laudo do IML, os legistas informaram que "um novo laudo complementar definitivo ser� efetuado, com todos os registros dos exames". Eles adiantam que "poder� ocorrer ou n�o mudan�a na causa da morte vinculada diretamente com os exames complementares".

Segundo o exame necrosc�pico, por causa do estado do cad�ver, a per�cia n�o conseguiu responder se Jezi foi envenenado, queimado, asfixiado, torturado ou atingido por algum objeto.

Zelador assassinado
Independentemente dos resultados dos laudos, para a pol�cia e o MP o caso da morte do zelador est� esclarecido. A vers�o da investiga��o � a seguinte: Jezi foi assassinado dentro do apartamento do casal Martins por causa de brigas e discuss�es frequentes que tinha com o funcion�rio por causa do condom�nio.

Eduardo, de 47 anos, e Ieda, de 42, est�o presos at� um eventual julgamento. O publicit�rio responde por homic�dio doloso, no qual h� a inten��o de matar; oculta��o de cad�ver; falsifica��o de documento e porte ilegal de arma. A advogada Ieda � acusada de homic�dio, oculta��o e porte de arma.

Apesar de a Secretaria da Administra��o Penitenci�ria (SAP) ter informado na sexta-feira (1�), que Eduardo permanecia preso no Centro de Deten��o Provis�ria (CDP) da Vila Independ�ncia, na Zona Sul da capital, seu advogado afirmou ao G1 que ele est� no pres�dio de Trememb�, interior de S�o Paulo, desde a semana passada.

Rio
Quanto a Ieda, a pasta e o advogado confirmaram que ela permanece detida no Rio de Janeiro. A advogada est� presa por decis�o da Justi�a daquele estado, onde foi acusada de matar o ex-marido, o empres�rio Jos� Jair Farias, 57, em 20 de dezembro de 2005. A Justi�a paulista, no entanto, determinou que Ieda seja transferida novamente para S�o Paulo, onde dever� ficar presa pela morte do zelador Jezi.
O publicit�rio tamb�m � investigado pela Pol�cia Civil do Rio por suspeita de ajudar Ieda a assassinar Jos� a tiros perto da empresa da v�tima. Tanto Eduardo quanto Ieda negaram � pol�cia qualquer envolvimento neste crime. O caso do assassinato do empres�rio j� havia sido encerrado sem apontar culpados, mas foi reaberto ap�s a repercuss�o da morte do zelador.

A pol�cia fluminense decidiu reabrir o inqu�rito que apurava a morte de Jos� ap�s a pol�cia paulista apreender armas que estavam com o casal em S�o Paulo e em Praia Grande. Foi pedido um laudo de compara��o bal�stica entre elas e as balas que mataram o empres�rio no Rio. O resultado apontou que o cano de pistola 380 e silenciadores apreendidos no apartamento dos Martins foram usados para matar o ex-marido de Ieda.

Um rev�lver calibre 38, encontrado no litoral, teria sido usado para dar uma coronhada na cabe�a de Jezi. Todo o armamento estava em situa��o irregular, pois o casal n�o tinha autoriza��o para t�-lo. Questionados pela pol�cia, Eduardo e Ieda n�o derem informa��es de como conseguiram as armas.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir