Categoria Geral  Noticia Atualizada em 05-08-2014

Clínica em Uberlândia recusa pedidos de exames de médicos
Promotor de Justiça de Defesa da Saúde informou que estudará o assunto. Representante do CRM diz que médico tem a liberdade de escolha.
Clínica em Uberlândia recusa pedidos de exames de médicos
Foto: g1.globo.com

Uma clínica de Uberlândia tem recusado os pedidos de exames solicitados por médicos cubanos. Em uma ligação feita pela produção da TV Integração, afiliada Rede Globo, a secretária da clínica, que fica no Centro da cidade, confirmou a informação. Atualmente, o município conta com 12 profissionais que integram o programa do governo federal, Mais Médicos.
Atendente: É cubano?
Repórter: É cubana.
Atendente: Não, não, com este pedido não tem validade.
Repórter: Por quê?
Atendente: Não sei! Foi determinado para nós, secretárias, que quando for paciente com pedido de médico cubano, não tem validade. Mas o porquê eles não passaram pra nós não.
Repórter: Eu não tenho outro pedido. Eu só tenho desta médica.
Atendente: Pra nós aqui ele não tem validade.
Repórter: Na clínica de vocês não faz com médico cubano?
Atendente: Não.
Para o representante do Conselho Regional de Medicina, Alexandre de Menezes, em alguns casos o médico tem a liberdade de escolher se realiza ou não um procedimento. "O médico é obrigado, em caráter de urgência, a atender a solicitação do paciente do programa Mais Médicos ou de qualquer outro profissional da saúde. Se for um exame eletivo, programado, ele não tem obrigação nenhuma de fazer por motivo nenhum", defendeu.

O promotor de Justiça de Defesa da Saúde, Lúcio Flávio de Faria, disse que vai estudar o assunto, mas acredita que a clínica não teria que questionar o pedido do médico, que deveria atender por ser prestadora de serviço.
Grávida de cinco meses, uma gestante que não quis ter a identidade divulgada faz acompanhamento pré-natal na rede pública de saúde. A médica cubana pediu uma ultrassonografia e, para não ter que esperar, a mãe decidiu procurar uma clínica particular e teve o pedido rejeitado. "Chegando lá, para solicitar o ultrassom a recepcionista perguntou se o pedido é da médica cubana e, quando respondi que sim, fui informada que então não recebiam", contou.
Ainda de acordo com a paciente, a atitude da clínica foi preconceituosa, pois a recepcionista disse que o médico não atendia o pedido porque os profissionais estrangeiros não tinham estudo o suficiente, pois quem estuda três anos é técnico de enfermagem e não médico.
O pedido tem carimbo e assinatura da médica Yanet Tamayo. Diante da recusa da clínica, a família registrou um Boletim de Ocorrência para se resguardarem durante à noite, caso acontecesse alguma coisa com a criança. "Se fosse alguma coisa de emergência eu teria perdido a criança. Foi um descaso não com a médica, mas comigo", alegou a gestante.
A médica está na cidade desde abril deste ano. Ela veio com outros 11 profissionais de Cuba para atuar no Programa Mais Médicos do governo federal. De acordo com a Prefeitura, não há uma justificativa que seja aceitável para a recusa do pedido do exame por parte da clínica. "O registro é válido e o profissional tem todos os direitos de atuar na Atenção Básica como qualquer outro profissional. Seja ele brasileiro ou estrangeiro com diploma revalidado no Brasil", esclareceu a coordenadora da Atenção Básica, Elisa Toffoli.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir