Categoria Geral  Noticia Atualizada em 04-09-2014

Defesa pede que vigilância de Cadu seja redobrada
Assassino de cartunista foi indiciado por latrocínio e tentativa de latrocínio. Advogado teme represálias, pois uma das vítimas é agente prisional.
Defesa pede que vigilância de Cadu seja redobrada
Foto: g1.globo.com

Após ser indiciado pela Polícia Civil por latrocínio (roubo seguido de morte) e tentativa de latrocínio, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, conhecido como Cadu, 29 anos, passou a primeira noite no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia , na Região Metropolitana. Mesmo sozinho em uma cela, a defesa pede que seja reforçada a segurança do jovem, que é assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e o filho dele, Raoni Vilas Boas, em Osasco (SP).
"Um das supostas vítimas dele, o agente penitenciário Marcus Vinícius, era muito querido no ambiente, pode ser que haja represálias de terceiros. Além disso, ele mesmo pode tentar um suicídio. É preciso que seja redobrada a vigilância dele para resguardar a vida dele e de outros", disse ao G1 o advogado Sérgio Divino Carvalho Filho.
A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus) informou que medidas protetivas foram tomadas e, por isso, Cadu está sozinho na cela e toma banho de sol separado dos demais. Em relação ao medo da defesa de supostas represálias, o órgão preferiu não se pronunciar.

Cadu é apontado pela Polícia Civil como o autor dos disparos que atingiram o agente penitenciário Marcos Vinícius Lemes da Abadia, de 45 anos, durante um assalto, no dia 28. Encaminhado Hospital de Urgências de Goiânia após o crime, o agente penitenciário continua internado na Unidade de Terapia Intensiva, em estado grave.
O jovem também foi indiciado por roubar o carro do estudante de direito Mateus Pinheiro de Morais, de 21 anos, e assassiná-lo, no domingo (31). Em depoimento à polícia, Cadu negou ter cometido os crimes em Goiânia.
A defesa informou que ainda não teve acesso ao conteúdo dos inquéritos policiais. O advogado disse que vai aguardar o Ministério Público Estadual remeter a denúncia à Justiça, o que deve ser feito em cinco dias, para agir. Assim, por enquanto, Sérgio mantém a decisão de não pedir habeas corpus para o cliente com o objetivo de "resguardar sua integridade psicológica e física".
Prisão preventiva
Carlos Eduardo estava em liberdade desde agosto de 2013, mas voltou a ser preso na segunda-feira (1º) após uma perseguição policial, quando estava no automóvel roubado de Mateus. No momento em que foi abordado pela polícia, conforme o delegado Thiago Damasceno, Cadu reagiu à e começou a atirar contra os policiais. Ele, inclusive, pulou do carro em movimento, de acordo com Damasceno. Ninguém ficou ferido na troca de tiros.

Cadu tentou fugir, mas foi rendido por policiais militares que passavam pelo local. Com ele, a polícia apreendeu um revólver calibre 38 prateado, mesma descrição da arma que matou o rapaz. Detido na Delegacia Estadual de Investigações Criminais, o jovem foi transferido na quarta-feira (4) para o Núcleo de Custódia após a Justiça decretar a prisão preventiva dele.
O advogado visitou Cadu apenas no dia em que os policiais o prenderam, acompanhado do pai do suspeito. Sérgio relatou que não conversou com o cliente sobre a autoria dos fatos. "Perguntei se ele estava bem e ele disse que estava. Mas, aparentemente, ele estava transtornado, fora de si pelo uso de entorpecentes, de remédios, pela esquizofrenia, e pelos hematomas que ele sofreu no momento da prisão por ter pulado do carro em movimento", disse o advogado.
A defesa informou ainda que a família, no momento, não tem condições de cuidar de Cadu. "Eles [pais] estão em choque, abalados, ninguém imaginava que isso pudesse voltar a acontecer. O Cadu é um problema de estado. Eles não têm estrutura emocional, econômica. Já passaram por isso uma vez e estão vivenciando tudo de novo", relatou o advogado.

Câmeras de segurança
Câmeras de segurança ajudaram a polícia a identificar Cadu como sendo o autor dos disparos feitos durantes os dois crimes, que ocorreram no Setor Bueno. No último caso, imagens mostram o suspeito caminhando pela rua onde ocorreu o crime com um comparsa e fugindo no veículo. Dono do autómovel, Mateus foi baleado ao deixar a namorada em casa. Imagens registraram quando ele, já ferido, entrou no prédio para pedir ajuda.
O momento em que o agente penitenciário foi baleado também foi registrado por circuitos de segurança. No vídeo, é possível ver quando a vítima reage ao assalto e luta com o criminoso, que atira na cabeça do servidor e foge com a ajuda de um comparsa.
Liberdade
Mesmo após cometer o duplo homicídio há quatro anos, Cadu estava em liberdade porque possui esquizofrenia e a Justiça o considerou inimputável, ou seja, incapaz de perceber a gravidade de seus atos. A doença mental não tem cura, mas tem controle, desde que seja tratada. Atualmente, ele cursava psicologia e trabalhava como limpador de piscinas.
Incluído no Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili), em Goiânia, onde a família dele mora, Cadu passou por tratamento em uma clínica psiquiátrica, mas, em agosto de 2013, a Justiça de Goiás considerou que ele podia receber alta médica. A decisão foi tomada pela juíza Telma Aparecida Alves, da 4ª Vara de Execuções Penais. Na terça-feira, ela explicou em entrevista coletiva que tomou todas as precauções no processo de soltura de Cadu.
A medida foi embasada na avaliação médica do Tribunal de Justiça de Goiás, feita em junho daquele ano, em que o rapaz recebeu parecer favorável à liberação. Segundo a decisão, Cadu estava apto a passar a fazer tratamento ambulatorial, em vez de ficar internado.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir