Categoria Geral  Noticia Atualizada em 11-09-2014

Solucionar "caos urbano" é desafio para governador
Segundo economista, investimentos em mobilidade são exorbitantes. Candidatos apresentam outros meios de locomoção e "tarifa zero".
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Foto: g1.globo.com

O próximo governador eleito no Espírito Santo, no dia 5 de outubro, deve enfrentar uma série de desafios ao longo dos quatro anos de gestão. Em meio a problemas generalizados nas áreas de saúde, segurança, educação, mobilidade urbana e investimentos, o G1 ouviu cientista político, economista e especialistas para saber quais os principais entraves e possíveis soluções para o futuro. Além disso, os candidatos ao governo foram procurados e informaram propostas para enfrentar os desafios. O primeiro deles, abordado pela reportagem nesta terça-feira (9), é mobilidade urbana, que tem como meta o controle do "caos" na cidade.
Ponto de discussão das mais diversas cidades brasileiras, a locomoção é tema de recorrentes promessas de campanha dos candidatos a cargos do executivo. Ao mesmo tempo em que o governo federal incentiva a produção de veículos e, consequentemente, os torna mais acessível à população, percebe-se a falta de investimentos para ampliar as vias de circulação desses meios de transporte.
Para o economista Orlando Caliman, a situação não foge da regra no Espírito Santo. "Os problemas vão se acumulando e, com eles, vem o "caos". Quando as intervenções necessárias são colocadas em pauta, vem a conta. Os investimentos em infraestrutura viária passam para a escala da exorbitância. Essa lógica gera também uma outra lógica, que acaba contaminando as estruturas de financiamento de investimentos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)", afirmou.
O atual governador e candidato à reeleição, Renato Casagrande (PSB), aposta, em seu programa de governo, na cooperação entre as administrações municipais e a estadual. Além de manter os investimentos em andamento, o candidato do PSB destacou que a união é importante para diversos outros projetos. "Apoiar os municípios na elaboração e implementação dos planos de mobilidade, priorizar o financiamento de projetos que associem os diversos modais de transporte e estimular o uso de veículos ou tecnologias que reduzem as emissões de gases" é o que aparece entre as propostas de Casagrande.
Entre as soluções apresentadas para a melhora do "caos urbano", Paulo Hartung (PMDB) ressaltou a importância de elaborar um Plano Diretor de Mobilidade Urbana da Região Metropolitana da Grande Vitória e renovar a logística de deslocamento no estado. "Implantar corredores exclusivos para o transporte coletivo do Transcol, acelerar o processo de implantação do BRT (veículo leve sobre pneus, em português), implementar uma nova ligação Vitória/Vila Velha, conclusão da Rodovia Leste Oeste e implantar o Contorno Mestre Álvaro, aliviando a circulação na Serra" são trechos encontrados no plano de governo do peemedebista.André Pereira
A mobilidade urbana aparece como mobilidade humana nos projetos da candidata Camila Valadão (PSOL). "Volta-se a considerar formas e culturas de percorrer os traçados urbanos, muito além do que a lógica produtivista ditada aos transportes públicos do campo e da cidade", explicou o programa de governo. Camila propõe "a conclusão e a ampliação das ciclovias na Grande Vitória, implantação de um sistema público de disponibilização de bicicletas, revisão imediata das concessões do serviço público de transporte coletivo e a implementação da Tarifa Zero".
Para o candidato Roberto Carlos (PT), as soluções estão no "planejamento e investimentos em sistemas de transporte coletivo definindo o melhor modal para cada região; ampliação da rede cicloviária, facilitando o uso de bicicletas e similares; fortalecimento do Plano de Mobilidade Estadual; e Implantação de ramais ferroviários com bitola que permita a interligação operacional com a malha ferroviária federal", como consta nas propostas do petista.
Já a alternativa apresentada por Mauro Ribeiro (PSB) é a implantação do socialismo. Ele aponta a "estatização, sob controle popular, dos transportes coletivos, para que sejam de fato públicos e gratuitos; e a implantação de outros modais de transporte público que podem impactar positivamente na mobilidade urbana como ciclovias, veículo leve sobre trilhos (VLT) e aquaviário" como saída para o "caos urbano"
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Apesar das propostas e alternativas apresentadas pelos candidatos, o cientista político André Pereira vê a questão da mobilidade urbana como secundária, frente a temas como educação, saúde e segurança pública. Segundo ele, as soluções não são viáveis, já que demandam investimentos exorbitantes. "Qualquer um que vença a eleição acaba caindo nessa armadilha dos transportes, de que eles são o principal problema, que se deve atender às necessidades das empresas ou solucionar o caos urbano. Então, vêm as soluções como a quarta ponte, BRT, ideias malucas como túnel embaixo da baía de vitória e o aquaviário. Mas tudo é muito caro. O problema é a quantidade de carros que está na rua, já que fazem obras, o volume de trânsito aumenta e não há solução", analisou.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir