Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-09-2014

Seis meses após morte de advogada, família cobra julgamento
Camila Coelho, 25, foi sequestrada em carro ao sair de velório, em Mineiros. PRF achou a vítima no porta-malas após troca de tiros com criminosos.
Seis meses após morte de advogada, família cobra julgamento
Foto: g1.globo.com

Seis meses após a advogada Camila Pereira Souza Coelho, 25 anos, ser encontrada morta no porta-malas do seu carro na BR-364, em Mineiros, na região sudoeste do estado, os familiares pedem o julgamento dos envolvidos no crime. Policiais rodoviários localizaram a vítima depois de uma troca de tiros com os criminosos que roubaram o veículo. "Sei que os três suspeitos permanecem presos e que o processo está na Justiça Federal, mas parado. Queremos que os responsáveis sejam punidos", disse ao G1 o pai da vítima, Manoel Messias Teixeira Coelho, que trabalha como delegado no Tocantins.
Camila morreu no último dia 17 de março. Segundo o inquérito policial, ela havia acabado de sair do velório de um tio quando foi abordada por três criminosos. Em seguida, foi colocada dentro do porta-malas e os assaltantes fugiram levando-a no veículo. Na BR-364, policiais rodoviários federais avistaram o carro em alta velocidade e, ao notarem a presença da polícia, os suspeitos efetuaram disparos em direção aos agentes, que revidaram. Após a abordagem, os policiais encontraram a jovem baleada, mas ainda com vida. Ela foi socorrida e encaminhada ao hospital da cidade, mas não resistiu aos ferimentos.
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O inquérito policial foi concluído no final de abril passado e encaminhado à Justiça em Mineiros. Na época, o delegado responsável pelo procedimento, Júlio César Arana Vargas, explicou que os três suspeitos, com idades entre 18 e 21 anos, estavam presos em Jataí, mas não chegaram a ser indiciados. "Como também existe a suposta tentativa de homicídio contra os policiais rodoviários federais, concluímos o possível e encaminhamos para o Judiciário, que deve determinar se o caso deve passar para a Justiça Federal", explicou.
Na ocasião, o delegado afirmou que os laudos periciais que concluiriam de onde partiu o tiro que matou Camila não ficaram prontos até a conclusão do inquérito. "Só o Judiciário poderá fazer essa análise e determinar se ainda é necessária alguma diligência", disse Júlio César.
O G1 procurou o Fórum de Mineiros, que confirmou que o caso seguiu para a Justiça Federal. O órgão, por sua vez, informou que a ação penal começou a tramitar no último dia 25 de agosto e que "está em andamento". O caso é analisado pelo juiz federal Alexandre Henri Alves, da Subseção Judiciária de Jataí. Ele não foi encontrado para comentar o assunto.
A reportagem também tentou confirmar com a Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus) se os três suspeitos continuam presos em Jataí, mas o órgão informou que não há registros recentes da permanência deles no presídio e, pelos nomes fornecidos, não é possível determinar o local em que eles estão.
Carro da advogada Camila Pereira Souza Coelho, 25 anos, Mineiros, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Carro da advogada ficou com diversas marcas
de tiros (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Tiroteio
Após perseguição e troca de tiros, os assaltantes abandonaram o veículo nas margens da BR-364 e entraram em uma mata, já dentro da cidade. Um deles, ferido por um tiro na perna, acabou se entregando. Ele foi detido e encaminhado ao hospital. No mesmo dia um segundo suspeito foi preso e o terceiro, seis dias depois.
Segundo a PRF informou à Polícia Civil logo após o tiroteio, ao notarem a presença da polícia, os criminosos efetuaram disparos em direção aos agentes e eles revidaram para se proteger. "Eles não sabiam que havia ali um possível sequestro em andamento. Não havia nenhuma informação e a suspeita era apenas de que acontecia alguma coisa irregular, pois eles [policiais] foram recebidos a bala", disse o agente da PRF Moises Alves. De acordo com o inquérito policial, havia marcas de tiros tanto no carro de Camila quanto na viatura da PRF.

Procurado pelo G1, o corregedor-substituto da PRF Rafael Monferrari, responsável pela apuração da conduta dos três policiais envolvidos, informou que a corporação acompanha o caso de perto.

"Estivemos presentes durante as diligências, juntamente com a Polícia Civil e Justiça Federal. Também já fizemos a oitiva de dois dos policiais rodoviários envolvidos e de testemunhas. Falta apenas ouvir o terceiro, que estava em outra cidade fazendo um curso. O nosso procedimento está em fase final", explicou, sem detalhar quais são as conclusões obtidas até o momento.

Dor
Enquanto espera pelos desdobramentos judiciais, o pai da vítima pede que as autoridades não se esqueçam da morte da filha. "O que nos aflige é a falta de respostas efetivas para uma situação tão grave, que resultou na morte da Camila. Espero que os responsáveis pelo processo tomem as providências necessárias para que os culpados sejam devidamente punidos. Isso não vai trazer ela de volta, mas é a única forma de amenizar a dor", afirmou Manoel Messias.
A morte dela não pode ser em vão. Queremos justiça"
Paula Cristina, prima de Camila
Camila e um irmão moravam com os avós maternos desde pequenos. Os pais são separados e a mãe reside em São Paulo e o pai no Tocantins. Após se formar em direito no ano passado, ela tinha montado um escritório de advocacia para começar a trabalhar. A jovem, inclusive, já havia sido aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Prima da vítima, Paula Cristina Alves de Souza, 22 anos, conta que a angústia da família só aumenta com o tempo. "Até agora nunca nos deram uma resposta concreta e nem sabemos se os suspeitos vão pagar pelo que fizeram. Desde a morte, fomos procurados pela polícia e Justiça duas vezes: a primeira quando foi feita a perícia no carro dela e a segunda há mais ou menos uns dois meses, quando queriam analisar o veículo mais uma vez. Porém, o carro já havia sido arrumado e não teve jeito", conta.
Paula diz que os avós ainda sofrem muito com a falta da neta. "Eles seguem muito abalados e, de vez em quando, pego a minha avó chorando pelos cantos. A Camila era muito querida e, por isso, nunca conseguimos nos desfazer totalmente dos pertences dela. Muita coisa foi doada, mas outras permanecem no quarto. É tudo muito difícil", afirmou.
A jovem diz que a família segue na espera pelo julgamento dos responsáveis pelo crime. "A morte dela não pode ser em vão. Queremos justiça", concluiu.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir