Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-09-2014

Cadeirante enfrenta desafio de viajar sozinha
Estilista brasileira quer "superar limites" e vai passar 20 dias no Canad�. Ela sofreu acidente em 2006 e � autora do "Guia do Viajante Cadeirante".
Cadeirante enfrenta desafio de viajar sozinha
Foto: g1.globo.com

Quatro anos atr�s, devido a uma s�rie de limita��es decorrentes de um acidente de carro que a deixou parapl�gica, a estilista Michele Sim�es, de 32 anos, n�o conseguia nem ficar sentada. Agora, ela se prepara para superar seus limites e sair do pa�s sozinha com sua cadeira de rodas, para estudar ingl�s no Canad� e relatar sua experi�ncia a outras pessoas com defici�ncia.


Michele � autora do blog Guia do Viajante Cadeirante, onde escreve sobre seus passeios acess�veis dentro e fora do Brasil, e fez um v�deo contando sobre os planos da viagem ao Canad�.
Ela criou o blog h� um ano, ap�s um interc�mbio de tr�s meses em Boston (leia mais sobre a viagem nesta reportagem). At� ent�o, tinha dificuldade at� para se locomover poucos metros al�m da sua casa em S�o Paulo. Nos EUA, numa cidade bem mais acess�vel, recuperou muito de sua independ�ncia.
"A viagem me fez renascer. Fiquei muito mais forte. Me senti capaz de novo, porque voltei a fazer tudo: frequentar a rua, viver em sociedade. Minha maior descoberta � que a defici�ncia n�o estava comigo, estava com meu pa�s, que n�o � acess�vel. Percebi que meu limite era eu quem daria", diz.
Al�m das facilidades arquitet�nicas, ela tamb�m notou diferen�a na forma como era tratada. "As pessoas n�o ficam com pena. Ningu�m ficava me olhando, como aqui. Eles t�m muito senso de dever, ajudam quem precisa, mas n�o te inferiorizam", diz.
Na �poca, seu namorado, Thiago, a acompanhou boa parte do tempo. Agora, ela vai sozinha -- "s� eu, minha cadeira de rodas e Deus", brinca. O voo est� marcado para o dia 4 de outubro.
�nibus especial

Michele vai morar em Montreal � uma cidade com bastante acessibilidade, segundo suas pesquisas em conjunto com a ag�ncia de viagens. "O metr� n�o � muito acess�vel, mas tem �nibus adaptados e at� �nibus especiais para levar cadeirantes que buscam a pessoa em casa", afirma ela, que tamb�m pretende visitar Toronto.
Para receb�-la melhor, a escola onde ela vai estudar pediu as medidas de sua cadeira de rodas para coloc�-la em uma mesa confort�vel e do tamanho correto.
Michele em atividade de escalada adaptada; ela quer superar limites (Foto: Michele Sim�es/Arquivo pessoal)
Michele em atividade de escalada adaptada;
ela busca supera��o de limites
(Foto: Michele Sim�es/Arquivo pessoal)
Ela vai se hospedar em um hotel que tamb�m est� adaptado �s suas necessidades. "Alguns hot�is colocam um banquinho dentro da banheira e dizem que s�o adaptados. No caso de uma les�o como a minha, em que n�o tenho equil�brio de tronco, � imposs�vel tomar banho assim", exemplifica.
Em Boston, ela conheceu um hospital de reabilita��o que � refer�ncia mundial e fez outros passeios adaptados para contar no blog. Agora, um dos lugares que ela quer conhecer no Canad� � um restaurante em que todos os funcion�rios s�o surdos. Ela tamb�m far� os programas tur�sticos tradicionais, para mostrar o que � e o que n�o � adaptado. "Quero ir como uma "olheira", para mostrar o que d� para a gente fazer, o que n�o d�. Quero motivar as pessoas a viajar", diz.
Reabilita��o intensa

Antes de conseguir encarar o desafio de sair do pa�s, Michele passou por um longo per�odo de reabilita��o � um trabalho que continua at� hoje.
Na �poca em que sofreu o acidente, em 2006, ela tinha 24 anos, era rec�m-formada em design de moda em Londrina (PR) e havia se mudado para S�o Paulo dois meses antes.

Estava deitada no banco de tr�s do carro e quebrou a coluna. "Eu j� trabalhava, me sustentava, me virava sozinha e, do dia para a noite, virei um beb�. Tinha que pedir para algu�m me ajudar em tudo", contou.
A irm�, outros familiares e o namorado ajudavam nas tarefas di�rias. A evolu��o mais significativa s� aconteceu quatro anos depois, ap�s um sess�es di�rias de v�rias horas de reabilita��o em casa e em cl�nicas de S�o Paulo e de Campinas.
Na viagem a Boston, ela redescobriu sua veia aventureira. A brasileira diz que est� "com frio na barriga" de ir sozinha para um lugar desconhecido, mas que a vontade de se superar � maior. "Tento buscar a independ�ncia. Problema a gente sempre tem, andando ou n�o. Tento me virar ao m�ximo sozinha e dar informa��es para encorajar as pessoas a se jogar l� fora, a viajar", afirma.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir