Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-09-2014

Morte de camelô com tiro na cabeça faz PM mudar regra
Operação Delegada terá fiscalização em grupos, em vez de duplas. Camelô foi morto por PM nesta quinta após confusão durante ação policial.
Morte de camelô com tiro na cabeça faz PM mudar regra
Foto: g1.globo.com

A Polícia Militar (PM) vai mudar a forma de fiscalizar o comércio ilegal em São Paulo depois que um ambulante foi morto por um policial com um tiro na cabeça na quinta-feira (18), como informou o SPTV. Segundo o coronel Glauco Carvalho, comandante de policiamento da capital, serão empregados grupos de policiais na fiscalização, e não duplas, como ocorre atualmente.


O camelô Carlos Augusto Muniz foi morto no fim da tarde de quinta durante uma operação da PM na Rua Doze de Outubro.
Na ocasião, três policiais faziam a prisão de outro ambulante quando Carlos tentou tirar uma lata de spray de pimenta da mão do policial Henrique Bueno de Araújo (veja vídeo acima).
O PM reagiu e atingiu o vendedor com um tiro na cabeça. Ele morreu em seguida. Já Araújo foi autuado em flagrante e indiciado por homicídio com dolo eventual, que ocorre quando se assume o risco de matar. O policial foi levado para o Presídio Militar Romão Gomes.
O policial, que trabalha há nove anos na corporação, sustenta a versão de que o tiro foi acidental. Em depoimento, ele afirmou que se assustou quando a vítima tentou tirar o gás de pimenta de sua mão e a arma disparou.
A confusão aconteceu durante fiscalização da Operação Delegada. Nesta operação, o salário dos policiais militares é pago pela Prefeitura de São Paulo. Na ocasião, os policiais faziam patrulhamento para coibir a venda de mercadoria ilegal.


Depois do disparo, houve um protesto. Ruas foram bloqueadas, um ônibus foi depredado, cinco pessoas foram detidas por vandalismo e uma por desacato. Todas as pessoas foram liberadas.
Segundo Jadilson Lira, ambulante que falou ao SPTV, os policiais costumam agir com truculência no local. "Eles pegam a mercadoria da gente, batem na gente, correm atrás, o que não tem necessidade", disse.
PM foi levado a presídio militar
O policial militar que baleou e matou o camelô foi encaminhado para o presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo. Nesta sexta-feira, ele deixou o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) após prestar depoimento. Colegas de trabalho do policial dizem que o disparo foi acidental. Testemunhas negam.
Imagens gravadas em celulares por pessoas próximas aos fatos mostram o momento em que os policiais dominam um camelô. Carlos Augusto Muniz se aproxima dos policiais. Não é possível ver o disparo, mas dá para escutar o barulho.
De acordo com dados divulgados pelo SPTV, no primeiro semestre de 2014 foram 163 pessoas mortas por policiais militares na capital paulista. O número supera o dobro do registrado no mesmo período de 2013, quando aconteceram 66 mortes.
A Secretaria de Segurança Pública afirmou, em nota, que não compactua com desvio de conduta de policiais. O caso é apurado pela Corregedoria da Polícia Militar e pela Polícia Civil.

Enterro no Piauí
A família estave no Instituto Médico Legal (IML) da capital paulista na manhã desta sexta (19) para liberar o corpo de Carlos. O velório e o enterro do ambulante devem ocorrer no Piauí, estado onde nasceu.
"A esposa dele está muito mal, sem explicação, a gente não tem palavras para dizer", desabafou a tia Aparecida Muniz.

Primo do ambulante, Diego Pereira descreveu o ambulante como uma pessoa tranquila. "Gente boa, humilde, um cara bastante inteligente, bem gente boa mesmo", disse.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir