Categoria Geral  Noticia Atualizada em 22-09-2014

Mais de 130 mil curdos da Síria fogem para Turquia
A Turquia já recebeu 1,5 milhão de refugiados da Síria desde 2011. Barack Obama se disse disposto a coordenar ataques aéreos na Síria.
Mais de 130 mil curdos da Síria fogem para Turquia
Foto: g1.globo.com

Mais de 130 mil curdos sírios que fogem do avanço dos militantes do grupo Estado Islâmico atravessaram a fronteira da Síria com a Turquia nos últimos três dias, e as autoridades estão se preparando para a vinda de mais refugiados, disse o vice-premiê turco, Numan Kurtulmus, nesta segunda-feira (22).

"Estamos preparados para o pior cenário, que é um fluxo de centenas de milhares de refugiados", declarou Kurtulmus a jornalistas na capital, Ancara.

Os combatentes sunitas extremistas provocaram o êxodo dos moradores para a vizinha Turquia e assumiram o controle de pelo menos 64 localidades na região de Ain al-Arab (Kobane em curdo) desde a semana passada.

Para evitar a queda da terceira maior cidade curda da Síria, que permitiria aos jihadistas o controle total de uma longa faixa da fronteira Síria-Turquia, o partido curdo PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) da Turquia fez um apelo nesta segunda-feira para que seus militantes atravessem a fronteira para combater o EI.

Os opositores sírios também apelaram à coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos. O presidente americano, Barack Obama, afirmou que está disposto a ordenar ataques aéreos contra o EI na Síria, mas até o momento nenhuma ação foi registrada.

Limpeza étnica
Depois da fuga em massa do fim de semana, dezenas de pessoas ainda aguardavam nesta segunda-feira para poder entrar na Turquia.
A fronteira está aberta na única passagem de Mursitpinar (sudeste, província de Sanliurfa), "para possibilitar controles de identidade e para os primeiros socorros, como vacinas em caso de necessidade", explicou em Ancara a Administração de Crises e Catástrofes Naturais.

A Turquia já recebeu 1,5 milhão de pessoas que fugiram da guerra na Síria desde 2011.
De acordo com o diretor da ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, Ain Al Arab está totalmente cercada pelo EI.
Confrontos violentos foram registrados entre os jihadistas, que têm armas pesadas e tanques, e os combatentes curdos, que defendem suas posições com a ajuda de correligionários que chegaram da Turquia.

Os combates deixaram quase 70 mortos dos dois lados, segundo o OSDH, e a oposição síria no exílio já alertou para o perigo de uma "limpeza étnica".
Até então, Ain al-Arab estava relativamente à margem do conflito na Síria e havia recebido quase 200.000 deslocados da guerra iniciada em 2011.

"Quando os integrantes do Daesh (o grupo Estado Islâmico) atacaram a cidade, nós ficamos com medo. Nas mesquitas eles afirmaram que tinham o direito de matar todos os curdos, dos 7 aos 77 anos", declarou o refugiado Sahab Basravi, em Mursitpinar. "Então pegamos as nossas coisas e fugimos da cidade imediatamente", disse.

Em uma mensagem divulgada nesta segunda-feira em vários idiomas, o EI fez um apelo a seus fiéis para que matem os cidadãos dos países que integram a coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos.

"Se vocês podem matar um incrédulo americano ou europeu - especialmente os maliciosos e sujos franceses - ou um australiano ou canadense, ou qualquer outro cidadão dos países que entraram em uma coalizão contra o Estado Islâmico, então confiem em Alá e matem por qualquer meio", afirma Abu Mohamed al-Adnani, porta-voz do EI, na mensagem divulgada em vários idiomas. "Matem o incrédulo, seja civil ou militar", completou.
Bombardeios do governo sírio mataram no domingo 42 pessoas, incluindo 16 crianças, na província de Idlib (noroeste), informou o OSDH.

O governo dos Estados Unidos, que se nega a enviar tropas terrestres ao Iraque e à Síria, deseja treinar e equipar os insurgentes moderados sírios para que possam enfrentar o EI, mas isto levaria algum tempo.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir